22 fevereiro 2011

Dilma lembra ditadura e diz que ser jornalista é ato de coragem



A presidente Dilma Rousseff (PT) defendeu, na noite desta segunda-feira, a liberdade de imprensa no Brasil. Ao participar de um evento que comemorava os 90 anos do jornal Folha de S. Paulo, a presidente lembrou o seu próprio passado de perseguição política durante a Ditadura Militar (1964-1989) e afirmou que um governo deve saber aceitar as críticas e conviver com a imprensa.

Vagner Magalhães

Direto de São Paulo


Segundo ela, a democracia brasileira se fortalece por meio de prática diárias, como os processos eleitorais vividos nos últimos anos. "Quando saímos da Ditadura, consagramos a liberdade de imprensa e rompemos com o passado que vedava manifestações e que tornou a censura o pilar de uma atividade que afetou profundamente a sociedade brasileira. Ser um jornalista no Brasil tem sido um ato de coragem", afirmou Dilma.

Dilma disse ainda que o governo deve saber conviver com as críticas dos jornais e que os impressos vivem um momento de mudanças, inclusive na relação com seus leitores, por meio do advento da Internet. "Os jornais precisam aceitar as críticas dos leitores e torná-las um ativo da empresa".

De acordo com a presidente, vivemos em uma democracia nova e nos 188 anos de independência do País, na maior parte do tempo, a imprensa viveu algum tipo de censura. "É preciso conviver de forma civilizada com a diferença de crenças, de opiniões e propostas. Hoje, celebramos a liberdade de imprensa no Brasil. Sabemos que nem sempre foi assim", disse.

Ela defendeu também a liberdade de expressão após ouvir diferentes líderes religiosos, que discursaram antes da presidente no evento. "O Brasil é um país em desenvolvimento econômico acelerado, que aspira ser uma nação justa, sem pobreza, e com cada vez menos desigualdades. Para todos nós, isso não é concebível sem democracia. A nossa democracia se fortalece por meio de práticas diárias, sobretudo pela liberdade de expressão".

Ela encerrou o discurso dizendo que é melhor ouvir os sons das vozes críticas de uma imprensa livre ao silêncio de uma ditadura. Representantes de oito religiões fizeram uma benção em um ato multirreligioso que comemorou as nove décadas da Folha de S. Paulo na capital do Estado. O evento teve também os discursos do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), e contou com as presenças dos ex-presidentes José Sarney (PMDB), Fernando Collor de Mello (PTB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Terra