MARCOLA GOVERNADOR??
16 de maio de 2006 - 01:10
Governo do Estado de SP negociou fim das rebeliões com Marcola
Rita Magalhães e Marcelo Godoy
SÃO PAULO - O Primeiro Comando da Capital (PCC) determinou o fim das rebeliões nos presídios do Estado e a suspensão dos atentados a quartéis, delegacias policiais, fóruns, agências bancárias e estações do metrô. A ordem foi dada após uma longa conversa entre o líder da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, três representantes do governo - um coronel da PM, um delegado e um corregedor - e uma advogada. A Secretaria da Administração Penitenciária nega o acordo, confirmado ao Estado por duas fontes do governo.
A ordem para o fim dos atentados começou a ser propagada na manhã desta segunda-feira, por telefone celular, menos de 12 horas depois do encontro nas dependências do Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, onde Marcola está detido desde o fim da tarde de Sábado.
A determinação para o fim dos motins foi enviada na mesma noite por meio de um “salve geral” com o seguinte conteúdo: “Deixamos todos cientes que as faculdades (presídios) que se encontram em nossas mãos estarão se normalizando a partir das 9 horas de amanhã, desde que nossos irmãos (líderes) já se encontrem em banho de sol em Venceslau.” Apesar de os líderes do PCC transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau permanecerem trancados nas celas, sem banho de sol, os rebelados obedeceram à determinação e puseram fim à maior rebelião simultânea do País, com a adesão de detentos de 73 presídios no Estado.
Policiais civis que investigam os crimes acreditam que os ataques vão diminuir à medida que os “soldados” forem notificados da nova ordem.
Revolta
De acordo com um integrante da secretaria, que pediu que seu nome não fosse divulgado, a conversa com Marcola ocorreu a pedido da advogada. “Os policiais apenas a acompanharam para saber o que era conversado. Ela não podia falar com ele sozinho”, alegou. Funcionários da região se revoltaram ao saber da notícia do acerto. “Mais uma vez estão negociando com o Marcola. É por isso que o Estado perdeu o controle da situação. Se o governo ceder desta vez, é melhor entregar a chave do Estado para ele”, avaliaram os servidores indignados.
O titular da Secretaria da Segurança Pública, Saulo Abreu, destacou o delegado Godofredo Bittencourt Filho para tentar tranqüilizar a população. “Nós não perdemos o controle”, garantiu. Bittencourt, diretor do Departamento Estadual de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), fez questão de afirmar que não havia nenhum toque de recolher na cidade. “O que há é toque de polícia”, afirmou o diretor.
Ele divulgou que o número de ataques do PCC até aquele momento era de 180, com 81 mortos nas ruas do Estado, dos quais 38 eram criminosos. Destes, de acordo com o delegado Bittencourt, 15 morreram nas 12 horas anteriores, enquanto que o número de policiais assassinados no mesmo período foi de 5. “Acreditem na polícia”, pedia o diretor. Antes de deixar a sede da secretaria, o diretor do Deic afirmou ter certeza de que as ações dos bandidos não vão durar muito tempo. “A tendência é parar o quanto antes. Já está diminuindo”, completou ele.
Negociação
Bittencourt negou que a cúpula da Secretaria da Segurança Pública ou da Secretaria de Administração Penitenciária tenha negociado uma trégua com a liderança do Primeiro Comando da Capital “Não tem negociação nenhuma com bandido”, disse. “Tem muito garoto de 18, 19 anos que é convocado para fazer isso. O crime organizado está tentando mostrar a sua força”, disse o delegado Bittencourt.
16 de maio de 2006 - 01:10
Governo do Estado de SP negociou fim das rebeliões com Marcola
Rita Magalhães e Marcelo Godoy
SÃO PAULO - O Primeiro Comando da Capital (PCC) determinou o fim das rebeliões nos presídios do Estado e a suspensão dos atentados a quartéis, delegacias policiais, fóruns, agências bancárias e estações do metrô. A ordem foi dada após uma longa conversa entre o líder da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, três representantes do governo - um coronel da PM, um delegado e um corregedor - e uma advogada. A Secretaria da Administração Penitenciária nega o acordo, confirmado ao Estado por duas fontes do governo.
A ordem para o fim dos atentados começou a ser propagada na manhã desta segunda-feira, por telefone celular, menos de 12 horas depois do encontro nas dependências do Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, onde Marcola está detido desde o fim da tarde de Sábado.
A determinação para o fim dos motins foi enviada na mesma noite por meio de um “salve geral” com o seguinte conteúdo: “Deixamos todos cientes que as faculdades (presídios) que se encontram em nossas mãos estarão se normalizando a partir das 9 horas de amanhã, desde que nossos irmãos (líderes) já se encontrem em banho de sol em Venceslau.” Apesar de os líderes do PCC transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau permanecerem trancados nas celas, sem banho de sol, os rebelados obedeceram à determinação e puseram fim à maior rebelião simultânea do País, com a adesão de detentos de 73 presídios no Estado.
Policiais civis que investigam os crimes acreditam que os ataques vão diminuir à medida que os “soldados” forem notificados da nova ordem.
Revolta
De acordo com um integrante da secretaria, que pediu que seu nome não fosse divulgado, a conversa com Marcola ocorreu a pedido da advogada. “Os policiais apenas a acompanharam para saber o que era conversado. Ela não podia falar com ele sozinho”, alegou. Funcionários da região se revoltaram ao saber da notícia do acerto. “Mais uma vez estão negociando com o Marcola. É por isso que o Estado perdeu o controle da situação. Se o governo ceder desta vez, é melhor entregar a chave do Estado para ele”, avaliaram os servidores indignados.
O titular da Secretaria da Segurança Pública, Saulo Abreu, destacou o delegado Godofredo Bittencourt Filho para tentar tranqüilizar a população. “Nós não perdemos o controle”, garantiu. Bittencourt, diretor do Departamento Estadual de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), fez questão de afirmar que não havia nenhum toque de recolher na cidade. “O que há é toque de polícia”, afirmou o diretor.
Ele divulgou que o número de ataques do PCC até aquele momento era de 180, com 81 mortos nas ruas do Estado, dos quais 38 eram criminosos. Destes, de acordo com o delegado Bittencourt, 15 morreram nas 12 horas anteriores, enquanto que o número de policiais assassinados no mesmo período foi de 5. “Acreditem na polícia”, pedia o diretor. Antes de deixar a sede da secretaria, o diretor do Deic afirmou ter certeza de que as ações dos bandidos não vão durar muito tempo. “A tendência é parar o quanto antes. Já está diminuindo”, completou ele.
Negociação
Bittencourt negou que a cúpula da Secretaria da Segurança Pública ou da Secretaria de Administração Penitenciária tenha negociado uma trégua com a liderança do Primeiro Comando da Capital “Não tem negociação nenhuma com bandido”, disse. “Tem muito garoto de 18, 19 anos que é convocado para fazer isso. O crime organizado está tentando mostrar a sua força”, disse o delegado Bittencourt.