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Via "Carta Capital"
Por Andre Barrocal
Governador tucano recebeu doações das
empresas na campanha estadual de 2002 |
As multinacionais Alstom e Siemens ajudaram a financiar a campanha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quando o tucano disputou o cargo em 2002. Na eleição seguinte, os atuais secretários estaduais José Anibal (Minas e Energia) e Julio Semeghini (Planejamento), ambos do PSDB, e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Social), do DEM, e o líder de Alckmin na Assembléia Legislativa, o tucano Barros Munhoz, receberam contribuições de uma ou de outra empresa.
As doações foram legais e informadas pelos candidatos em prestações de contas entregues à justiça. Perto do gasto eleitoral total que eles declararam, são irrisórias. Por isso, valem pelo simbolismo. O patrocínio expressou uma preferência política das companhias pelos tucanos e seus aliados. Neste sentido, alimenta a suspeita de que PSDB, Alstom e Siemens são parceiros em obras superfaturadas e desvio de recursos públicos, um esquema sob apuração de várias autoridades.
Em 2008, o jornal norte-americano Wall Street Journal publicou reportagem que informava que o Ministério Público da Suíça investigava a Alstom por subornar agentes públicos em diversos países em troca de contratos. Um dos casos de pagamento de propina teria ocorrido na obra da hidrelétrica de Itá, localizada em Santa Catarina.
Semeghini recebeu da Siemens 3 mil reais na campanha de 2006, na qual declarou ter gasto ao todo 965 mil reais. Além dele e de Anibal, a empresa alemã financiou só mais um candidato naquela eleição: o paranaense Osmar Dias, do PDT. A doação de 8,8 mil reais para Dias foi feita durante o segundo turno da campanha para o governo do Paraná. Dias concorreu contra Roberto Requião, do PMDB, que tentou e conseguiu se reeleger. Dias era apoiado por Alckmin, que disputava a Presidência contra Luiz Inácio Lula da Silva, que por sua vez aliava-se a Requião.
Barros Munhoz e Rodrigo Garcia elegeram-se deputados estaduais em 2006 com apoio financeiro da Alstom: 1 mil reais e 2 mil reais, respectivamente. Ambos declararam à justiça um gasto eleitoral de 1,3 milhão de reais. Eles foram os únicos candidatos financiadas pela multinacional francesa na eleição.
Eleito, Munhoz foi líder do governador José Serra na Assembléia em 2007 e 2008. Nos quatro anos seguintes, presidiu a Assembléia Legislativa – dois anos no fim do mandato de Serra, dois em outra gestão de Alckmin. Desde março de 2013, ele é líder de Alckmin na Assembléia. É quem comanda a tropa do governador contra a instalação da CPI do Metrô, defendida pelo PT. Em nota na sexta-feira 9, Munhoz disse que o pedido de CPI “não passa de mais uma manobra midiática de parlamentares oposicionistas com foco nas eleições do ano que vem”.