"Educai as crianças e não será preciso punir os homens"
Pitágoras, 570 a.c.
Aeroportos, trem-bala e ferrovias, portos, rodovias, usinas hidrelétricas e grandes obras de infra-estrutura. Há muito sendo feito e muito por fazer. São os investimentos que o país reclama permanentemente e se fazem indispensáveis para a continuidade de nosso processo desenvolvimentista. Quanto mais são feitos, mais se fazem necessários, em maior número, ao longo dos anos. Consomem bilhões, anos de trabalho, largo planejamento e decisão política. Mas, certamente, pouco ou nada são se comparados ao grande investimento que um país deve, diuturna e obrigatoriamente, fazer: a educação.
É difícil mensurar. Talvez seja impossível chegar à conta certa. Mas para cada real gasto com educação, o Brasil ganha, ao longo dos anos, milhões de retorno. Cada estudante bem formado no ensino elementar, cada aluno que recebeu uma educação básica adequada, é um excelente investimento realizado no futuro da Nação, tornando-se um cidadão de altíssima qualificação no mercado de trabalho e na própria vida pessoal.
Sou, antes de tudo, um professor. Minha devoção ao magistério é integral, assim como meu compromisso para com a educação. Vivenciei nas escolas públicas de Goiás, primeiro como aluno e depois como professor, a dura luta dos que buscam o saber e dos que o ministram, enfrentando a escassez de recursos, os baixos salários e toda sorte de dificuldades surgidas na longa caminhada. Nada disso jamais inibiu meu espírito de luta ou esmoreceu a vontade de meus alunos, milhares ao longo de décadas de trabalho duro e fé inquebrantável em nossa missão.
Não acredito em países que não investirem até o último centavo na formação educacional. Não vislumbro futuro nos povos que não priorizarem a educação. Não creio na viabilidade das Nações que não elevarem o ensino à condição de um compromisso irrevogável e absoluto. Sem educação, nada feito.
Os organismos internacionais estão aí, cheios de números eloqüentes, lotados de mapas e gráficos, comprovando que os países que lá atrás, na virada do século XIX, jogaram pesado em favor do ensino básico e, também, iniciaram a construção de sólidas universidades, hoje colhem os frutos de tamanhos acertos. São o Canadá, os Estados Unidos e alguns países europeus. Mas também são vizinhos como o Uruguai e Argentina, além do Chile, que apresentam altíssimo índice de alfabetização e uma grande população universitária. O IDH desses países é maior que o nosso, suas classes médias são fortíssimas e a escola pública apresenta uma qualidade surpreendente. Nem a turbulência política eventual de décadas passadas conseguiu empanar o brilho das vitórias alcançadas na educação pública de boa qualidade. O número dos que se iniciam no ensino primário e chegam à universidade nesses países é bastante maior do que no Brasil. Já conseguimos diminuir a distância nos últimos anos, com o Pro-Uni e uma acentuada melhora na rede de ensino público, mas ainda há muito por fazer.
Não acredito que exista uma conspiração elitista contra a presença dos filhos do povo nos bancos universitários. De forma alguma. Acredito, sim, que exista uma consciência que cresce entre nossa população mais humilde, em meio à massa trabalhadora, de que ter um filho seu freqüentando a faculdade de medicina, ou de engenharia, ou de direito, não é mais um sonho generoso de pai e mãe, mas possibilidade concreta numa sociedade que se democratiza e onde a justiça social se faz mais presente a cada dia. A universidade hoje é um desafio, não é mais um sonho. Ela é possível, ela é viável, ela pode ser alcançada, sim!
Temos uma larga tradição de educadores geniais. São Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Paulo Freire e Milton Santos. E são os mestres anônimos perdidos nos sertões desse país continente. Mas há o outro lado da moeda, aquele Brasil onde 11,8% da população ainda não receberam a benção do alfabeto. São 18 milhões de irmãos brasileiros, com mais de 10 anos de idade e sem saber ler ou escrever. Algo como toda a população da região metropolitana de São Paulo sem as luzes do saber, imersos nas trevas do analfabetismo. Há progresso que compense tamanha chaga?
Existem outros indicadores que nos inquietam: menos de 1/3 da população, em idade apropriada, cursou integralmente o ensino médio. No ensino fundamental público, a reprovação é de 12,5%; o abandono é de 9,5%. Menos de 5% da população adulta cursa ou cursou o ensino superior. Tal situação já foi pior. Nos últimos oito anos os índices negativos experimentaram uma curva decrescente acentuadíssima. O governo Lula primou por investir em todas as frentes da educação. No governo Dilma, com certeza, não será diferente.
Eu vos garanto como aluno das escolas rurais do interior goiano, eu vos asseguro como professor das escolas públicas anos a fio: não há maior e melhor investimento que um país possa fazer do que na educação de seu povo. Ali, nas salas de aula, com professores bem pagos, alunos bem assistidos, bem alimentados e com material didático e pedagógico adequados, em escolas e faculdades modernas e informatizadas, está a semente da grande potência do século XXI.
(*) Delúbio Soares é professor
Pitágoras, 570 a.c.
Aeroportos, trem-bala e ferrovias, portos, rodovias, usinas hidrelétricas e grandes obras de infra-estrutura. Há muito sendo feito e muito por fazer. São os investimentos que o país reclama permanentemente e se fazem indispensáveis para a continuidade de nosso processo desenvolvimentista. Quanto mais são feitos, mais se fazem necessários, em maior número, ao longo dos anos. Consomem bilhões, anos de trabalho, largo planejamento e decisão política. Mas, certamente, pouco ou nada são se comparados ao grande investimento que um país deve, diuturna e obrigatoriamente, fazer: a educação.
É difícil mensurar. Talvez seja impossível chegar à conta certa. Mas para cada real gasto com educação, o Brasil ganha, ao longo dos anos, milhões de retorno. Cada estudante bem formado no ensino elementar, cada aluno que recebeu uma educação básica adequada, é um excelente investimento realizado no futuro da Nação, tornando-se um cidadão de altíssima qualificação no mercado de trabalho e na própria vida pessoal.
Sou, antes de tudo, um professor. Minha devoção ao magistério é integral, assim como meu compromisso para com a educação. Vivenciei nas escolas públicas de Goiás, primeiro como aluno e depois como professor, a dura luta dos que buscam o saber e dos que o ministram, enfrentando a escassez de recursos, os baixos salários e toda sorte de dificuldades surgidas na longa caminhada. Nada disso jamais inibiu meu espírito de luta ou esmoreceu a vontade de meus alunos, milhares ao longo de décadas de trabalho duro e fé inquebrantável em nossa missão.
Não acredito em países que não investirem até o último centavo na formação educacional. Não vislumbro futuro nos povos que não priorizarem a educação. Não creio na viabilidade das Nações que não elevarem o ensino à condição de um compromisso irrevogável e absoluto. Sem educação, nada feito.
Os organismos internacionais estão aí, cheios de números eloqüentes, lotados de mapas e gráficos, comprovando que os países que lá atrás, na virada do século XIX, jogaram pesado em favor do ensino básico e, também, iniciaram a construção de sólidas universidades, hoje colhem os frutos de tamanhos acertos. São o Canadá, os Estados Unidos e alguns países europeus. Mas também são vizinhos como o Uruguai e Argentina, além do Chile, que apresentam altíssimo índice de alfabetização e uma grande população universitária. O IDH desses países é maior que o nosso, suas classes médias são fortíssimas e a escola pública apresenta uma qualidade surpreendente. Nem a turbulência política eventual de décadas passadas conseguiu empanar o brilho das vitórias alcançadas na educação pública de boa qualidade. O número dos que se iniciam no ensino primário e chegam à universidade nesses países é bastante maior do que no Brasil. Já conseguimos diminuir a distância nos últimos anos, com o Pro-Uni e uma acentuada melhora na rede de ensino público, mas ainda há muito por fazer.
Não acredito que exista uma conspiração elitista contra a presença dos filhos do povo nos bancos universitários. De forma alguma. Acredito, sim, que exista uma consciência que cresce entre nossa população mais humilde, em meio à massa trabalhadora, de que ter um filho seu freqüentando a faculdade de medicina, ou de engenharia, ou de direito, não é mais um sonho generoso de pai e mãe, mas possibilidade concreta numa sociedade que se democratiza e onde a justiça social se faz mais presente a cada dia. A universidade hoje é um desafio, não é mais um sonho. Ela é possível, ela é viável, ela pode ser alcançada, sim!
Temos uma larga tradição de educadores geniais. São Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Paulo Freire e Milton Santos. E são os mestres anônimos perdidos nos sertões desse país continente. Mas há o outro lado da moeda, aquele Brasil onde 11,8% da população ainda não receberam a benção do alfabeto. São 18 milhões de irmãos brasileiros, com mais de 10 anos de idade e sem saber ler ou escrever. Algo como toda a população da região metropolitana de São Paulo sem as luzes do saber, imersos nas trevas do analfabetismo. Há progresso que compense tamanha chaga?
Existem outros indicadores que nos inquietam: menos de 1/3 da população, em idade apropriada, cursou integralmente o ensino médio. No ensino fundamental público, a reprovação é de 12,5%; o abandono é de 9,5%. Menos de 5% da população adulta cursa ou cursou o ensino superior. Tal situação já foi pior. Nos últimos oito anos os índices negativos experimentaram uma curva decrescente acentuadíssima. O governo Lula primou por investir em todas as frentes da educação. No governo Dilma, com certeza, não será diferente.
Eu vos garanto como aluno das escolas rurais do interior goiano, eu vos asseguro como professor das escolas públicas anos a fio: não há maior e melhor investimento que um país possa fazer do que na educação de seu povo. Ali, nas salas de aula, com professores bem pagos, alunos bem assistidos, bem alimentados e com material didático e pedagógico adequados, em escolas e faculdades modernas e informatizadas, está a semente da grande potência do século XXI.
(*) Delúbio Soares é professor