Ricardo Galhardo, iG São Paulo e Andreia Sadi, iG Brasília
Para se preservar, presidenta eleita evita aparições públicas até mesmo na hora de formalizar a composição da equipe de governo
O estilo marcado pela falta de informações oficiais, excesso de especulações, idas e vindas na formação do governo Dilma Rousseff reduziu o impacto de um dos momentos mais marcantes do universo político brasileiro, a nomeação do ministério.
Ao contrário de presidentes anteriores, que fizeram questão de anunciar pessoalmente seus ministros - numa demonstração de poder que fortalecia a certeza de que a nomeação do gabinete é uma prerrogativa exclusiva do chefe do Executivo - Dilma optou por ficar atrás da cortina.
Na apresentação da equipe econômica, a presidenta eleita não apareceu e nem sequer assinou a nota que formalizou a escolha, firmada pela assessoria de imprensa e distribuída uma hora antes, enquanto os futuros ministros se apresentavam sozinhos numa espécie de autonomeação. Nesta sexta-feira, na apresentação do grupo palaciano, nem mesmo os futuros ministros apareceram. As escolhas foram confirmadas por meio de uma simples nota à imprensa.
A diferença é grande em relação ao anúncio do primeiro ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora também tenha sido feita em blocos, Lula fez questão de apresentar todos os ministros pessoalmente em grandes entrevistas coletivas nas quais a imprensa recebia alentados perfis e tinha acesso total aos escolhidos.
A distância do estilo Dilma para seus antecessores fica ainda maior se comparado ao governo de José Sarney, quando todas as crises eram “resolvidas” com amplas reformas ministeriais, método abolido por Fernando Henrique Cardoso e enterrado definitivamente por Lula.
Para se preservar, presidenta eleita evita aparições públicas até mesmo na hora de formalizar a composição da equipe de governo
O estilo marcado pela falta de informações oficiais, excesso de especulações, idas e vindas na formação do governo Dilma Rousseff reduziu o impacto de um dos momentos mais marcantes do universo político brasileiro, a nomeação do ministério.
Ao contrário de presidentes anteriores, que fizeram questão de anunciar pessoalmente seus ministros - numa demonstração de poder que fortalecia a certeza de que a nomeação do gabinete é uma prerrogativa exclusiva do chefe do Executivo - Dilma optou por ficar atrás da cortina.
Na apresentação da equipe econômica, a presidenta eleita não apareceu e nem sequer assinou a nota que formalizou a escolha, firmada pela assessoria de imprensa e distribuída uma hora antes, enquanto os futuros ministros se apresentavam sozinhos numa espécie de autonomeação. Nesta sexta-feira, na apresentação do grupo palaciano, nem mesmo os futuros ministros apareceram. As escolhas foram confirmadas por meio de uma simples nota à imprensa.
A diferença é grande em relação ao anúncio do primeiro ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora também tenha sido feita em blocos, Lula fez questão de apresentar todos os ministros pessoalmente em grandes entrevistas coletivas nas quais a imprensa recebia alentados perfis e tinha acesso total aos escolhidos.
A distância do estilo Dilma para seus antecessores fica ainda maior se comparado ao governo de José Sarney, quando todas as crises eram “resolvidas” com amplas reformas ministeriais, método abolido por Fernando Henrique Cardoso e enterrado definitivamente por Lula.
Foto: Agência Estado
Até agora, Dilma tem evitado aparições em público e declarações à imprensa
Segundo especialistas e pessoas próximas de Dilma, embora o estilo deixe transparecer certa falta de controle sobre o processo, é mais uma forma de preservar a presidenta eleita do desgaste natural desta fase de montagem do governo.
“É uma maneira de se poupar e não se deixar fritar logo no primeiro momento”, disse a historiadora Zilda Márcia Iokoi, da Universidade de São Paulo. Segundo ela, a discrição de Dilma revela aspectos negativos da cultura política brasileira como a sobreposição dos interesses pessoais aos públicos.
Estilo
Além do aspecto político, os atos de confirmação do ministério também revelam o estilo e personalidade da presidente eleita. Avessa a entrevistas, Dilma manteve a linha de evitar aparições públicas no governo de transição. Até agora falou publicamente só três vezes.
Oficialmente, a equipe de Dilma não forneceu nenhuma informação adicional sobre a decisão da presidenta eleita de não participar dos anúncios. Nos bastidores, entretanto, a versão que circulava é a de que ela nunca teve planos de participar. Havia até uma expectativa de que Lula convencesse sua sucessora a comparecer ao evento, mas ela não teria cedido ao apelo. "Será o estilo Dilma de ser", disse um assessor.
A decisão de anunciar nomes “em bloco”, segundo o iG apurou com membros da transição, também tem a função de evitar o desgaste de colocar sob os holofotes apenas um integrante da equipe. Um exemplo foi o que aconteceu com o secretário de Saúde Sérgio Côrtes, confirmado num ato isolado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, como futuro ministro da Saúde. No dia seguinte do anúncio de Cabral, diante da reação negativa entre os peemedebistas, a própria presidenta eleita desmentiu o nome.