Pela 1ª vez desde redemocratização, candidato do PT será líder em espaço
Se o DEM ficar neutro na disputa, petista fica com dobro do tempo de tucano; Marina ficará com apenas 1min10s
RANIER BRAGON
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, terá 40% do total do tempo de TV destinado à propaganda eleitoral dos postulantes ao Palácio do Planalto, que começa em 17 de agosto.
A fatia é 35% superior à que terá o tucano José Serra e representa fato inédito na história do PT -em nenhuma das cinco eleições presidenciais desde a redemocratização o partido ocupou o maior espaço na TV.
O predomínio se dá porque o PT e os partidos coligados a ele -com destaque para o PMDB- elegeram um maior número de deputados federais, principal critério estabelecido na lei para a definição do tempo de TV.
A situação da petista pode melhorar caso o DEM rompa com Serra e não confirme a aliança com os tucanos na convenção de amanhã, hipótese menos provável.
Se isso acontecer, Serra perde um terço do seu espaço previsto, que seria redistribuído a todos os candidatos. Dona da aliança mais robusta, Dilma herdaria 64% desse "espólio" e, assim, ficaria com o dobro do tempo de TV.
Mantida a aliança PSDB-DEM, entretanto, a petista terá praticamente 10 minutos de cada bloco de 25 minutos -serão exibidos duas vezes ao dia, às terças, quintas e sábados, de 17 de agosto a até três dias antes das eleições.
Serra terá 7min23s (29,5% do total) e Marina Silva (PV) apenas 1min10s (5%).
Além dos blocos, a propaganda se dará também por meio de peças diárias de até um minuto, nos intervalos, as inserções partidárias.
A distribuição segue a lógica dos blocos. Dilma terá em torno de cinco inserções de 30 segundos por dia. Serra terá 3,5 peças; Marina, uma a cada dois dias.
Os dados foram calculados com base na Lei Eleitoral, nas coligações e nas candidaturas já anunciadas.
"O espaço será importante para fazermos a disputa de projetos", disse Rui Falcão, da campanha de Dilma.
"É claro que o bom seria um tempo maior de TV, mas isso não quer dizer que não teremos tempo para falar do nosso trabalho", afirma a senadora Marisa Serrano (MS), vice-presidente do PSDB.
Marina diz que usará linguagem publicitária. "As outras candidaturas não vão fugir muito do [roteiro] candidato, povo fala, clipe e jingle. No nosso caso, vamos ter que usar outros recursos", afirma o publicitário Paulo de Tarso.