15 janeiro 2010

A bêbada, o terrorista e o cafajeste

Mauro Carrara

O brasileiro incauto liga o rádio em mais uma estação de golpistas comediantes. Aí, o vetusto locutor de voz grave convoca a infanta do Jô para, mais uma vez, malhar o Presidente da República.

E a referida dispara:

Olha, lolito (?), eu eu, particularmente acho
uma coisa muito complicada.

Acho que o presidente cometeu um erro... pulítico,
no sentido de cor... de cometer monte di di
di di erros di di di

De criar um monte de empresas (?)
um monte de brigas...
nesse programa
agora, eu acho o seguinte...

Ah desse ponto de vista ixclusivo
das das ah ah ele num
das das dos Direitos Humanos
do ponto de vista dos Direitos Humanos

Eu vou dizer uma coisa a você...

O locutor tenta desesperadamente calar a ninfeta do Gordo. Diz que vai refazer o contato. E ela inventa a razão do nonsense discursivo:

É esse a... o telefone tá tá tá piscando, tá cortando a linha...

Motivo? Mais nobre seria o consumo exagerado da “mardita”. Parece mais, no entanto, um curto-circuito neuroemocional, coisa de quem já não sabe como justificar o dinheirinho ganho para, diariamente, distorcer a verdade.

Vale lembrar que a sujeita se diz “cientista política”, mas desconhece o basicão da teoria marxista, ignora a natureza dos escritos de Adam Smith e pronuncia barbaridades, por exemplo, ao discorrer sobre o getulismo.

Certa vez, no programa de seu protetor, admitiu em tom jactante que obtivera seu diploma em Comunicação de forma pouco convencional. Ou seja, não estudou de verdade. Deu seu jeitinho gersônico para descolar a titulação.

De olhos bem abertos
Os profetas previram bombásticas revelações nos anos que antecederiam a catástrofe de 21 de Dezembro de 2012. Considerada a análise científica, o mundo provavelmente não vai acabar nesta data.

Muitas máscaras, porém, estão caindo. E almas sinistras, antes ocultas, vão sendo exibidas ao público.

Pois o ano virou sob o impacto das declarações do terrorista do CCC que se fingia de paladino da moral e dos bons costumes.

Flagrou-o um microfone do bem, subversivo, disposto a mostrar o lado sombrio do valentão-covarde que – revólver na cinta - passou boa parte da juventude perseguindo atores, agredindo estudantes e entregando nomes aos t-rex que torturavam e assassinavam os amantes da liberdade.

O ex-garotão alegrinho de Médici apresentou ao Brasil sua sincera opinião sobre dois humildes trabalhadores do setor de limpeza pública. Expôs ali, ironicamente, o odor repugnante do preconceito e da arrogância.
O homem melancia
Mas não para por aí... No Estadão oitentista, as moças jornalistas reclamavam do assédio descarado de um editor que dispensava desodorante. O “cara de melancia” usava de chantagem para conseguir alguns sorrisos e afagos das subordinadas.

Não lhe faltava coerência. Era esse tipo de troca ilícita que lhe garantia mimos da milicada e da parcela mafiosa do empresariado paulista.

Então, no 2010 ainda menino, reaparece o carudo para revelar seu desconhecimento acerca do Programa Nacional de Direitos Humanos e sugerir uma quartelada bananeira para derrubar o governo do metalúrgico. Parece que não vai dar certo. E, desta vez, não vai cair nenhum avião.

Pronto! Mais um cafajeste exposto e (des) classificado.

O horror bandeirante
Vivemos, pois, um tempo de signos expostos. As elites mesquinhas e estúpidas, por exemplo, manifestam-se diariamente em episódios de inveja, ressentimento, ignorância, hipocrisia e incompetência. E, curiosamente, um símbolo as aglutina.

No Palácio dos Bandeirantes, reside um dublê de gestor que prima pela preguiça dorminhoca e a incompetência caduca. Foi diante deste prédio, aliás, que policiais guerrearam contra policiais, num exemplo assustador da periculosidade do desgoverno paulista.

Na Universidade Bandeirante, assistimos a uma tentativa de linchamento ao estilo medieval. Em seguida, vimos a condenação pública da vítima e a apologia do crime. Os bárbaros foram convertidos em defensores da moral e dos bons costumes.

Não fosse o alarme do marketing, a loura jamais receberia o “perdão” do reitor, antigo Sancho Pança de Paulo Maluf.

E, note-se, qual emissora de TV acolheu o terrorista do Mackenzie? Qual cerra fileiras, obsessivamente, em defesa dos coronéis ruralistas? Qual se estende em editoriais barrocos de golpismo explícito? Qual? A Bandeirantes!

Ora, essa gente esfolava, matava e escravizava índios. Essa gente mercenária foi contratada para destruir o sonho de justiça do Quilombo dos Palmares. Essa gente...

As cartas estão na mesa. Abertas. Só não vê quem não quer.