07 abril 2009

O E-MAIL DE ESPINOSA AO EDITOR DA FOLHA,
LUIS A. DEL TEDESCO

Data: Tue, 7 Apr 2009 09:54:59 -0300
Assunto: Re:ENC: Re:RES: Re:RES: Dilma planejou sequestro de Delfim
Caro senhor Tedesco,

A cada momento fica mais claro que a Folha não tem compromisso com a verdade, mas se guia pela intenção de fabricar a verdade. A sua verdade, ou seja, a versão da ditadura (ou ditabranda, como ela gosta de intitular o regime de terror que apoiou). Age sem respeito aos leitores e fontes, inventando, maculando, praticando arbitrariedades. Publica somente as cartas que lhe convêm. E, quando não as tem, inventa! Não checa a origem das correspondências recebidas e não respeita compromissos de honra. Ou seja, não tem palavra e carece de seriedade.
Em relação ao “caso Dilma”, na segunda-feira, 6, não publicou a minha carta, ou seja, a versão da única fonte da matéria de capa da véspera, sob a desculpa esfarrapada de que teria chegado após o fechamento, como se as razões burocráticas fossem superiores à importância e verdade dos fatos. Mas publicou uma carta apócrifa, de uma pessoa que dizia que não deixaria seu filho casar-se com uma ex-guerrilheira. E confessa isso covardemente, escondidinho, na seção erramos de hoje (6/4), onde está dito que a carta assinada por um tal de Raul Guilherme do Norte Lourenço, na verdade, foi escrita e remetida por um tal de Luis Felipe de Araújo Sousa.Então a criteriosa e burocrática Folha não checa as cartas que recebe e publica qualquer coisa que confirme sua linha editorial? E quem garante que esse Luis F. A. Sousa existe? Não será mais uma invenção da redação?
Eu já lhes enviei duas cartas. A segunda, de ontem, me foi solicitada pelo senhor às 17h13. Se tinha tanta urgência de fechar a seção, por que não entrou em contato antes? Apesar disso, enviei a carta na hora que combinamos. O senhor se recorda que me ligou cinco vezes? Recorda que lhe informei que o texto estava com 2.300 caracteres e o senhor me disse que não havia problema? Recorda que é o seu computador que não abre arquivos em doc.x e, por isso, me pediu para enviar novamente. Por esse motivo o texto chegou cinco minutos depois.Ora, sejamos francos ao menos uma vez: a Folha decidiu não publicar a carta não pelos motivos burocráticos alegados, mas pelo seu conteúdo. Não publicou porque quer ter o monopólio da verdade e manipular seus leitores, sem ética e sem princípios.É irônico e ofensivo que o senhor me peça hoje uma terceira carta. Não sou empregado da Folha e não tenho salário dela para trabalhar diariamente em cartas que não serão publicadas. No passado seu jornal divulgava propaganda dizendo que teria o rabo preso com o leitor. Com o leitor, está provado, não tem, mas que tem rabo lá isso tem. E é bem longo, a ponto de chegar aos porões sombrios da década de 70.Já lhe enviei duas cartas. Não escreverei uma terceira. Ponha as desculpas burocráticas de lado, pelo menos uma vez na vida, e escolha uma delas. Ou publique as duas, o que seria muito mais honesto. Além disso, fale com seus chefetes e peça a eles que aceitem o desafio que lhes fiz de publicar a íntegra da entrevista concedida à repórter Fernanda Odilla, ou me garantam um espaço equivalente às duas páginas, com chamada de capa, em que publicaram suas imundícies de domingo.
Áh! Estou enviando cópia desta também ao ombudsman (e a outros articulistas), para checar se ele também vai colocar panos quentes em cima da barbaridade praticada por este periódico contra uma ministra de Estado e a história de nosso país.
Até logo.
Antonio Roberto Espinosa