31 janeiro 2009


''Estamos no Bolsa-Família 2.0''
"Economista defende efeito do benefício contra desigualdade e diz que seu aumento pode compensar contração do créditoO economista Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que a expansão do Bolsa-Família anunciada esta semana pelo governo federal poderá ajudar no combate à crise econômica entre os mais pobres. Para ele, ao expandir a distribuição de dinheiro em setores em que é mais alta a propensão para gastá-lo, a iniciativa, além de combater a pobreza, estimulará a economia, compensando em parte a redução do crédito. "Essa é uma medida adequada", diz ele, por e-mail, de Washington. Néri destaca o efeito "direto e potente" do programa sobre a redução da desigualdade no País, mas reconhece que, nas pesquisas sobre o Bolsa-Família, a hipótese de que gere acomodação nos beneficiários não foi afastada.Expandir o Bolsa-Família é uma escolha correta?O que se pode dizer é que não existe programa de transferência de renda no Brasil mais bem focalizado que o Bolsa-Família e seus antecessores. Por exemplo, cada real gasto no Bolsa-Família tem 2,5 vezes mais chances de chegar ao pobre que cada real gasto com o reajuste do salário mínimo na Previdência. Além disso, agora o mundo está keynesiano, no sentido de que a falta de demanda agregada é o que tem de ser combatido. Essa opção implica não só combater a pobreza, mas destinar recursos para onde a propensão de gastar o dinheiro é mais alta. Ainda tem um bônus, você injeta moeda onde ela é mais escassa, gerando um efeito lubrificador na demanda, que compensa em parte o efeito da contração de crédito.Foi correto o critério adotado, aumentar em R$ 17 o teto de renda per capita dos possíveis beneficiários?Você está incluindo os mais pobres que não estavam no programa. Esses R$ 17 reais a mais levam os valores do critério muito próximos da nossa linha de miséria calculada pela FGV há anos (exceto que a nossa varia pelo custo de vida entre regiões R$ 142 em São Paulo, mas R$ 134 na média no Brasil). Logo, eu não poderia ser contra esse número cabalístico.”
Wilson Tosta, O Estado de São Paulo
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