Mantega critica exagero e alarmismo nas notícias sobre inflação
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira (2) que está havendo “um certo exagero e alarmismo”, no que diz respeito à inflação no Brasil. “Às vezes, vejo o noticiário exagerando”.
Mantega enfatizou que não há falta de produtos no país. Por isso, acrescentou, a população não precisa se preocupar em fazer estoques. Ele rebateu também o uso da imagem do dragão com o símbolo da inflação atual. “O Brasil está cumprindo as metas de inflação, não há razão para pânico.”
Segundo ele, o governo está tomando as providências cabíveis e continuará a tomá-las enquanto for necessário. Mantega afirmou que as medidas foram a elevação dos juros básicos, o estímulo ao investimento por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da Política Industrial, e o aumento da meta de superávit primário em mais 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse aumento do superávit primário corresponde a cerca de R$ 14 bilhões, que não serão gastos.
O ministro também citou as restrições à expansão do crédito ao consumidor, por meio de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e do compulsório sobre leasing. O objetivo do governo com essas medidas, destacou, não é diminuir o volume de crédito, mas fazer com que cresça menos. “É claro que para combater a inflação tem que moderar o crescimento do crédito”. Mantega enfatizou que a inflação no país é estimulada pelo aumento da renda e do crédito.
Ele reafirmou a preocupação do governo com a população de baixa renda, a mais atingida pela inflação, uma vez que gasta 40% da renda com alimentos, o principal item que tem causado alta de preços não somente no Brasil, mas no mundo.
Para Mantega, entretanto, o país está em uma situação favorável, por ser produtor de alimentos e de petróleo, que também tem provocado inflação em todo o mundo.
O ministro argumentou que o Brasil é o país com a menor inflação no Bric, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Nos 12 meses fechados em maio, a inflação brasileira ficou em 5,6%, enquanto na Índia chegou a 7,8%, na China. 7,7% e na Rússia, a 15,1%.
“Outros países tiveram triplicada a inflação. No Brasil, a inflação subiu 1,5 ponto percentual, o que não é extraordinário”. Mantega lembrou que, em outros momentos, a política econômica acabou abortando o crescimento do país, mas hoje as medidas estão sendo tomadas na dose certa”, sem matar o paciente”.
Segundo ele, uma das razões para a alta de preços no mundo é a especulação de investidores, que deixam as aplicações em dólares, em ações, em renda fixa e em títulos para atuar no mercado futuro de petróleo e produtos agrícolas.
Outro fator é o aumento da demanda dos países emergentes por petróleo e alimentos. Ele também citou o protecionismo dos países desenvolvidos, a produção de etanol a partir do milho nos Estados Unidos e fatores climáticos.
Mantega afirmou que a taxa básica de juros do país, usada para controlar a inflação, ainda é alta, mas é necessário olhar para as metas. Segundo ele, o Banco Central “evoluiu” ao baixar os juros em anos anteriores.
Agência Brasil