07 novembro 2006


07/11/2006 - 10:00 Serra foge para EUA para não dar depoimento a CPI das Sanguessugas
Sob a alegação de negociação de empréstimos para o governo de São Paulo, em Washington, o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), será o único dos quatro ex-ministros da Saúde convidados pela CPI dos Sanguessugas que não vai comparecer. A previsão é que o tucano só retorne do oportuno exílio na semana que vem, no dia 15.

Passadas as eleições, três ex-ministros Barjas Negri (PSDB), Humberto Costa (PT) e Saraiva Felipe (PMDB), confirmaram presença nesta terça e quarta-feira na para dar depoimentos. Os quatro ex-ministros foram convidados para ir à comissão e não são obrigados a comparecer.
Serra é um dos principais acusados no dossiê Vedoin, que compromete tucanos com o esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras com recursos de emendas parlamentares ao Orçamento da União. O dossiê se tornou caso de polícia desde que houve tentativa de venda para Gedimar Passos e Valdebran Padilha, que teriam sido flagrados com R$ 1,75 milhão por agentes da Polícia Federal, em 15 de setembro.
O dossiê traz o ex-ministro em fotos e discursos, em que entrega as ambulâncias em cerimônias municipais, que trazem os principais articuladores do esquema das sanguessugas como homenageados pelas emendas aprovadas.
Atualmente prefeito de Piracicaba, Barjas Negri foi sucessor de Serra no Ministério da Saúde, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso.
Humberto Costa, que foi derrotado na disputa pelo governo de Pernambuco, se comprometeu a depor na manhã de quarta-feira. O deputado Saraiva Felipe (PMDB) vai falar também na quarta-feira, à tarde. Costa e Felipe foram ministros do governo Lula.
Esquema
Com seu depoimento, a CPI pretende esclarecer as denúncias de envolvimento de funcionários do Ministério da Saúde com o esquema de superfaturamento das ambulâncias.
O esquema teria começado em 1999, com o envolvimento de integrantes do Ministério da Saúde e de parlamentares, que receberiam propina em troca da apresentação de emendas ao Orçamento com recursos para as ambulâncias. Os veículo seriam vendidos pela Planam, de Luiz Antônio e Darci Vedoin, principal empresa da máfia dos sanguessugas.
DossiêPelo cronograma da CPI, os depoimentos de Gedimar Passos, Valdebran Padilha e Jorge Lorenzetti, outro acusado de envolvimento na tentativa de compra do dossiê Vedoin, ficaram para 21 de novembro.
O empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin depõe nesta terça-feira à tarde no Conselho de Ética da Câmara. Vedoin é tido pela Polícia Federal como o cabeça do esquema de fraude na venda de ambulâncias superfaturadas.
O Conselho de Ética vai tomar o depoimento de Vedoin na condição de testemunha nos processos contra 67 deputados acusados de envolvimento no esquema de fraudes no Ministério da Saúde, principalmente em relação à venda de ambulâncias superfaturadas para prefeituras, pagas com dinheiro do Orçamento-Geral da União.
Vedoin admitiu ter pago propina a parlamentares em troca da inclusão no Orçamento de emendas com verbas para a compra de ambulâncias. O esquema ficou conhecido como máfia dos sanguessugas - esse era o nome da operação da Polícia Federal que prendeu 47 pessoas em maio e desencadeou as investigações no Congresso.
O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), decidiu que todos os parlamentares acusados por Vedoin de se beneficiarem da máfia poderão fazer-lhe perguntas. O depoimento será na própria Câmara, o que não agrada ao presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), por causa da possibilidade de tumultos.
Com Agência Estado