13 setembro 2006

IMÓVEIS: “NUNCA VI ISSO EM 40 ANOS”, DIZ SECOVI
12/09/2006 19:06h

O pacote habitacional que o governo divulgou é mais uma medida que incentiva a construção civil, a construção imobiliária, a geração de empregos e a redução do déficit habitacional, disse o presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Romeu Chap Chap, em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta terça-feira, dia 12 (clique aqui para ouvir).“Nós estamos vivendo num mundo que eu não conheço há 40 anos no Brasil. Eu conheci sim no começo da Revolução de 64 e nos anos 80. Financiava-se no começo dos anos 80 mais de 500 mil unidades por ano. Nesses últimos dez anos, financiou-se 50 mil unidades por ano”, afirmou Chap Chap.Para o presidente do Secovi, o pacote do governo “vai ajudar muito a população chamada de média e baixa renda com o fim da TR, com a redução da carga tributária, aumento do prazo e abundância de financiamento”.“Esse ano está direcionado ao mercado imobiliário, seja dinheiro do fundo de garantia que financia as pessoas de baixa renda, seja dinheiro da Caixa Econômica Federal, seja dinheiro dos bancos privados que captam poupança. A estimativa é chegar a R$ 19 ou R$ 20 bilhões em financiamento, números que eu nunca assisti nos meus 45 anos de mercado imobiliário”, afirmou Chap Chap.Leia os principais pontos da entrevista com Romeu Chap Chap:Nos últimos 20 anos, a população brasileira cresceu quase 20 milhões. Nesse período, foram financiados apenas 50 mil imóveis por ano. Por isso, o déficit habitacional cresceu e hoje atinge sete milhões de moradias.Chap Chap disse que espera um “boom” imobiliário “lenta e gradativamente” no Brasil.O governo já adota medidas para aquecer o setor imobiliário desde 2004. O pacote divulgado nesta terça-feira é apenas mais uma medida que incentivará o setor.Todas as medidas do pacote são bem-vindas. A entrada da micro e pequena empresa no setor de construção é uma antiga reivindicação. Isso vai permitir às empresas operar com mais facilidades, com menos burocracia. A burocracia a levava às empresas para a ilegalidade.O governo anunciou também a redução do IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados, sobre materiais de construção. Essa foi a terceira redução de impostos para o setor anunciada por este governo.Para Chap Chap, o financiamento imobiliário agora com taxas pré-fixadas (TR facultativa) é uma das medidas mais importantes anunciada pelo governo.Isso é importante porque o governo Collor (1990-1992) mudou o indexador do financiamento imobiliário. Ele trocou a inflação pela TR como indexador, pela primeira vez desde 1964.Atrelada às taxas de juros, e não mais à inflação, a TR subiu muito com as crises econômicas, como as da Ásia (1997) e da Rússia (1998), que atingiram muito o governo FHC (1995-2002). Os juros subiram muito nesse período e consequentemente, a TR também.O aumento da TR provocou um desajuste violento para aqueles que participavam de financiamento da casa própria. A inadimplência foi às alturas.Por isso, até hoje muitas pessoas têm medo de entrar em um financiamento de casa própria. O Brasil corrige agora todos os traumas que provocou a hiperinflação no sistema de habitação.84% do déficit de sete milhões de moradias atinge pessoas que ganham até 10 salários mínimos. Ou seja, são pessoas de classe média e classe média baixa.A desoneração fiscal, sobre materiais de construção, ajuda também a população de baixa renda.Em termos de financiamento imobiliário, de 2004 para 2005, os bancos financiaram 60% a mais em volume de dinheiro.No primeiro semestre de 2006 ante o mesmo período do ano passado, já houve um incremento de 20% nos financiamentos de imóveis. Neste ano, pelo sistema financeiro de habitação, o financiamento será até 30% maior.Ou seja, o Brasil pode chegar a 70 ou 80 mil imóveis financiados neste ano. Chap Chap disse que pode parecer pouco, mas é mais do que em toda a década de 1990.