PALOCCI quer crescimento, geração de empregos e redução da desigualdade
18/08/2006Istoé DINHEIRO, por Leonardo Attuch
PALOCCI quebra o silêncioQuinze quilos mais magro, o ex-ministro da Fazenda afirma que Lula merece ser reeleito, prega mais reformas econômicas e diz que seu inferno foi superadoAntônio PALOCCI está mais leve. O rosto afinou, a barriga encolheu e 15 quilos foram perdidos. Com 1,81 de altura, ele agora pesa 89 quilos e falta apenas um para alcançar a meta de 88, traçada ao deixar o governo, em março. Parte do milagre se deve à tradicional dieta de South Beach, feita à base de proteínas. Uma outra, também considerável, tem a ver com o peso do cargo. “Tiraram um piano das minhas costas”, disse PALOCCI, com exclusividade, à DINHEIRO. É a primeira vez que ele fala (leia a íntegra da entrevista à página 30), desde que saiu do Ministério da Fazenda, sob a suspeita de ter ordenado a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa – este o acusara de freqüentar uma mansão de lobby, em Brasília. Naquele episódio, terminou a caça ao ministro mais poderoso do governo Lula. Uma caçada implacável, que vasculhou não só sua vida pública como também lançou toda sorte de boatos a respeito de sua intimidade.Da conversa com a DINHEIRO, emergiu um PALOCCI diferente. Ele continua ponderado, afável e, em alguns momentos, mostra-se até bem-humorado. Mas seu olhar carrega a gravidade de quem já enfrentou situações emocionais extremas – e aprendeu com elas. Se não ficaram mágoas, como ele garante, as cicatrizes estão no rosto desse novo PALOCCI que, candidato a deputado federal por São Paulo, tenta ressurgir na cena pública. “Tenho humildade para recomeçar”, afirma. E será uma escalada e tanto, pois, antes da queda, PALOCCI era apontado como o mais provável sucessor de Lula.Se vier a ser eleito para a Câmara dos Deputados, PALOCCI tentará atuar em duas frentes. No campo econômico, a meta é convencer seu partido, o PT, a abraçar uma agenda de reformas que incluem a independência do Banco Central e o ajuste nas contas da Previdência. No campo político, PALOCCI pretende contribuir para a pacificação do País, ainda que seja nos bastidores. “O próximo presidente, já no dia da eleição, deve chamar a oposição e se pronunciar pela unidade nacional”, diz ele. Embora esperançoso, ele está ciente de que há correntes no PT que pregam a radicalização. Mas, ainda assim, insiste: “Os vitoriosos de outubro devem ser generosos.”A volta do ex-ministro ocorre no momento em que ele colhe vitórias judiciais, após um intenso bombardeio. No “caso Francenildo”, a Justiça impediu a quebra do sigilo telefônico de PALOCCI, diante da constatação de que não há nada no inquérito que o incrimine. Embora a Polícia Federal tenha se apressado em apontá-lo como “mandante do crime”, a decisão de retirar extratos bancários do caseiro foi assumida pelo ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso – e isso quando seria até mais confortável jogar a culpa nos ombros de PALOCCI. Quanto ao vazamento para a revista Época, jamais se cogitou nas investigações que PALOCCI fosse o responsável. Portanto, a sua posição jurídica é, segundo os advogados, bastante sólida. É a posição de quem não ordenou a quebra de sigilo nem vazou os papéis para a imprensa. Leia, a seguir, sua entrevista exclusiva à DINHEIRO.