Fonte: Portal IG / Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim
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A capa e trecho de documento que cita FHC e o rei
CARTA CAPITAL: DOCUMENTOS DESMONTAM LINHA DE DEFESA DE DANTAS
02/06/2006 15:12h
Documentos revelados na edição da revista Carta Capital que chega às bancas nesta sexta-feira desmontam a argumentação empregada pelo banqueiro Daniel Dantas na Justiça Federal.
Em depoimento na última terça-feira na 5ª Vara Criminal Federal de São Paulo, o controlador do Opportunity voltou a negar a contratação da Kroll com a finalidade de espionar políticos, jornalistas e empresários rivais – a empresa teria sido contratada para desenvolver uma atividade legal relacionada ao litígio do empresário com a Brasil Telecom.
Mas não é o que diz a documentação à qual Carta Capital teve acesso e publicou na reportagem de capa intitulada “Dantas e sua fábrica de dossiês” (ouça aqui a primeira parte da entrevista do jornalista Sérgio Lírio a Paulo Henrique Amorim). Os papéis demonstram que Daniel Dantas não só contratou a Kroll para fins de espionagem como monitorava as investigações e congratulava os agentes da empresa norte-americana.
“Nessa nova leva de documentos em poder da Polícia Federal e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), vê-se que Daniel Dantas era o mentor da espionagem da Kroll. Ele não só definia alvos de estratégia como dava parabéns pelos resultados obtidos”, afirmou Lírio (ouça aqui a segunda parte), um dos dois autores da reportagem – o outro é Leandro Fortes.
Os documentos também revelam que a Kroll não atuou para Dantas apenas em função do litígio com a Brasil Telecom, da qual o banqueiro foi destituído do controle. De acordo com o jornalista, Dantas se valeu dos serviços da empresa norte-americana para espionar políticos, juízes, policiais federais e jornalistas.
Entre os políticos, está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele e rei Juan Carlos, da Espanha, são mencionados em um dos documentos como integrantes de uma chamada “Conexão Espanhola”, que teria atuado para favorecer a compra da CRT (operadora de telefonia gaúcha) pelo grupo espanhol Telefônica.
Na lista de políticos tucanos espionados aparece ainda o ex-prefeito de São Paulo José Serra, além de Andrea Matarazzo, Andrea Calabi e Pimenta da Veiga. No PT, segundo o jornalista Sérgio Lírio, o interesse recaía sobre o ex-ministro Antonio Palocci e o auxiliar Vladimir Poleto, além do prefeito Celso Daniel, de Santo André, morto em 2002. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) também aparece entre os investigados, assim como o ex-prefeito Paulo Maluf, de São Paulo.
Empresários brasileiros e estrangeiros também são mencionados como alvos de espionagem: Nelson Tanure, controlador do Jornal do Brasil, Carlos Jereissati, do grupo La Fonte e irmão do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), Gianni Grisendi, ex-presidente da TIM, e Rick Morris, do banco norte-americano Lehman Brothers.
Em outros casos, espiões da Kroll atuaram, de acordo com a reportagem, com o objetivo de disseminar informações para desmoralizar juízes envolvidos em processos no qual Dantas era uma das partes. Isso teria ocorrido em vários processos que o empresário enfrentou nas ilhas Cayman. “A maioria desses casos não tinha relação nenhuma com a disputa com a Telecom Itália (pelo controle da Brasil Telecom)”, afirmou Sérgio Lírio.
De acordo com o jornalista, a Brasil Telecom ingressou na última quarta-feira com uma ação por crime societário contra Daniel Dantas por ele ter empregado recursos da empresa para ações de espionagem das quais o único beneficiário era ele próprio. “É mais uma ação judicial que ele vai enfrentar”, o que, segundo Lírio, deve dificultar a tentativa do banqueiro de retomar o controle da empresa.
Luiz Claudio R. Santos
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