19 maio 2006

Alyda
O Informante

Lula dá a Lembo solidariedade que Alckmin ‘não deu’
Lula orientou os ministros que integram a coordenação do governo para que prestem “solidariedade irrestrita” ao governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), na guerra que trava contra o crime organizado. A pedido do presidente, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) voltou a procurar Lembo. Ofereceu-lhe, de novo, suporte federal.

O presidente declarou-se, em reserva, impressionado com a
entrevista concedida pelo governador à colunista Mônica Bergamo. Enxergou nas palavras de Lembo a manifestação de um gestor abandonado pelos próprios aliados (PSDB e PFL), que, de olho apenas nas urnas, hesitariam em se aproximar da crise.

Lula quer que seu governo tenha um comportamento inverso. Deseja parecer mais aliado de Lembo do que os próprios aliados do governador. Quer dar a ele a solidariedade que, segundo diz, o alto comando do tucanato (Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso e José Serra) supostamente ‘‘não deu”.

O governo age em duas frentes: refuta o que chama de tentativa de tucanos e pefelistas de transferir para a esfera federal a responsabilidade pela onda de violência deflagrada em São Paulo. Simultaneamente, coloca-se à disposição de Lembo para ajudá-lo “no que for necessário”. Lula quer que a oferta de auxílio seja constantemente reiterada, ainda que Lembo a rejeite.

Renovou-se ao governador, por exemplo, o oferecimento de transferência para fora de São Paulo de líderes do PCC, o Primeiro Comando da Capital. Entre eles Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. Os criminosos ficariam sob a guarda da Polícia Federal, pelo tempo que fosse necessário. Por ora, Lembo não deu indicações de que vá aceitar a gentileza.

Lula também pediu a lideranças do PT que evitem o bate-boca eleitoral em torno da crise que se instalou na segurança pública de São Paulo. Para o presidente, o petismo deve adotar, por ora, uma tática defensiva, limitando-se a responder aos ataques da oposição. Lula diz que será inevitável discutir o tema na campanha presidencial. Mas avalia que a antecipação do debate constituiria um grave erro. Um equívoco que traria mais prejuízos do que benefícios eleitorais.

A opinião do presidente é compartilhada pelo ministro da Justiça. Desde o início dos ataques do crime organizado contra as forças de segurança de São Paulo Thomaz Bastos vem sustentando nas reuniões de coordenação de governo que a “politização” da crise seria um equívoco.

Para Lula e alguns de seus ministros, PSDB e PFL estão incorrendo no erro da politização. No afã de culpar Brasília pelos transtornos impostos à população de São Paulo, tucanos e pefelistas estariam adotando um comportamento que Lula qualifica de “mesquinho”, deixando em plano secundário a cooperação para a superação da crise.