09 dezembro 2005

Maria Batalhão, a doida por farda!

Maria Batalhão, garota chegada em uma farda, não podia nem pensar em passar em frente o quartel já passava batom, colocava os brincos, punha a melhor roupa, se perfumava toda, e ia para frente do quartel admirar o batalhão. Ela adorava ver os pracinhas, os militares com suas fardas impecáveis e seus coturnos e sapatos brilhando. Vê-los ali de prontidão com suas armas lustrosas, em guarda era o máximo para a Maria Batalhão. Ela tinha um sonho, namorar e casar com um militar, mas ela ficava tão deslumbrada com todos que não conseguia escolher nenhum para namorar. Todos os dias Maria Batalhão fazia à mesma coisa, de manhã e de tarde, lá ia ela desfilar na porta do quartel e ficar admirando o batalhão. Os próprios militares e pracinhas colocaram esse mimoso apelido nela, quando eles avistavam que ela estava se aproximando do quartel, já avisavam à tropa, que lá vinha Maria Batalhão. O tempo passou Maria Batalhão envelheceu. Hoje envelhecida, feia, ela ainda nutre uma grande admiração pelos militares, não vai mais admirar os militares na porta dos quartéis, mas sente uma imensa saudade dos tempos dos governos militares, quando a presença deles nas ruas era maior, todos fardados, dirigindo os brucutus, cercando as praças, prendendo estudantes, distribuindo cacetadas na população que era contra o regime ditatorial militar. Mas com os avanços da modernidade tecnológica, surgiu à internet, e hoje Maria Batalhão dedica o seu tempo visitando paginas de militares das FA, manda e-mail para eles, pede que eles voltem ao poder, elogia os que fizeram parte desse passado negro da história. Ela fica tão feliz quando recebe um e-mail de algum coronel, que coloca em sua pagina da internet, que lógico é dedicada aos militares, é dedicada ao regime da ditadura militar. Ela está crente que faz o maior sucesso na rede mundial de computadores, está crente que os militares admiram a devoção dela pela época da ditadura militar, quando o que eles mais querem é que o povo esqueça os anos de chumbo. Mas ela fica feliz, ela é a Maria Batalhão, a sem noção!

Este texto é fictício, qualquer caso semelhante é mera coincidência.


Jussara Seixas