LULA DA ENTERVISTA EXCLUSIVA
Em longa conversa, o presidente prevê crescimento acima de 5% em 2006, diz não ter decidido sobre a reeleição, espera disputa acirrada e aponta corte maior nos juros
Por Mino Carta
Janeiro de 1978, fui ao ABC de São Paulo para entrevistar o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Luiz Inácio da Silva, o Lula. Ia com o repórter Bernardo Lerer e a longa conversa transformou-se em capa da revista IstoÉ, cuja redação eu dirigia.
Chamavam a atenção no entrevistado inúmeras, transparentes qualidades: Q.I. alto, autoconfiança, bravura, determinação, carisma. E belos propósitos e crenças. Tratava-se, claramente, de uma liderança nova, e insólita, para um sindicalismo conduzido, desde o nascimento, por pelegos.
Ainda assim, se Palas Atheneia, deusa da sabedoria, ou um profeta bíblico, soprasse em meus ouvidos que cerca de 28 anos depois entrevistaria Luiz Inácio Lula da Silva no gabinete presidencial do Palácio do Planalto, eu seria assaltado pelo espanto. Quanta vida em quase três décadas...
Percebi em Lula, na tarde remota de São Bernardo, uma natural agitação, própria de quem vive com intensidade, temperada pelo bom humor, também natural, e este, por sua vez, não desprovido de ironia. Saudável. No Planalto, na quarta-feira 7, encontrei o mesmo Lula, epidermicamente inquieto, porém sereno, e até alegre.
Tive a sensação de que, no topo da fulgurante ascensão, do ABC a Brasília, ele achou a mais exata serventia para seus humores genuínos, e os tornou instrumentos afiados do mister político. É o que colhi nos gestos contidos, na fala pacata, no sorriso, mesmo na hora das palavras fortes.
Algo mais senti. Primeiro, que a decisão quanto à reeleição ainda não foi tomada, de verdade. Segundo, que os juros vão cair de fato, e de forma mais pronunciada do que dão a entender as declarações entre aspas.
Confira a íntegra dessa entrevista na edição impressa,da revista CARTA CAPITAL