22 setembro 2005

22/09/2005 - Rural e BMG desmentem que tenham discutido empréstimos com Dirceu


A presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo, negou nesta quinta-feira (22), em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, que ela ou qualquer representante do banco tivesse conversado com o então ministro José Dirceu sobre os empréstimos ao PT e ao publicitário Marcos Valério.

Na última terça (20), desta vez falando à CPMI dos Correios, o presidente do BMG, Ricardo Guimarães, também negou conversas com Dirceu nesse sentido. A informação de que o ex-ministro teria discutido os empréstimos com os banqueiros – agora desmentida – fora dada por Valério em um de seus depoimentos, ocasião em que ressalvou não ter acompanhado tais conversas.

Kátia Rabelo disse ontem que de fato teve encontros com Dirceu quando ele era ministro da Casa Civil, mas para discutir outros assuntos, especialmente a liquidação do banco Mercantil de Pernambuco.

Liquidação
O primeiro encontro da cúpula do Rural com Dirceu, segundo Kátia, foi logo no início de 2003 e, na ocasião, teve a participação do fundador da instituição, José Sabino Rabelo, para tratar tanto da liquidação do banco pernambucano quanto de um projeto de interesse do Rural na exploração de mióbio, um mineral.

Em seguida, a própria presidente do Rural teve uma audiência com o ministro, no Palácio do Planalto, para tratar do mesmo assunto, quando esteve presente também Valério (que teria intermediado o encontro), além do vice-presidente da instituição, José Augusto Drumond.

Um ano depois, em agosto de 2004, Valério voltou a agendar um encontro da cúpula do Rural com o então ministro, em uma de suas viagens a Belo Horizonte.

Desta vez, foi realizado um jantar, no qual estiveram presentes Kátia, um diretor do Rural e Valério. Novamente, o assunto de interesse do Rural era a liquidação do Mercantil.

Segundo Kátia, em nenhuma dessas oportunidades ela ou um dos participantes fizeram qualquer menção sobre os empréstimos que o Rural concedeu ao PT e a Marcos Valério, para ser repassado ao ex-tesoureiro Delúbio Soares.

Ela mesma disse que só tomou conhecimento de que um empréstimo de Valério tinha sido repassado ao PT para pagamento de dívidas de campanha, por meio do empresário mineiro, após a morte de José Augusto Drumont.

Tratamento especial
Amigo pessoal de Valério, Drumond, segundo Kátia, foi quem acertou pessoalmente todos os empréstimos que agora estão sendo questionados e investigados.

Ela também disse desconhecer que a gerente da empresa de Valério, a SMPB, Simone Vasconcelos, fizesse uso de uma sala na agência do banco, em Brasília, para repassar para políticos o dinheiro sacado do banco.

"O vice-presidente tinha um tipo de gestão muito pessoal e pouco hierárquica e pode ter pedido um tratamento especial para esse cliente (Marcos Valério)", disse Kátia.

Com informações da Agência Estado.