ESCÂNDALO DA "OPOSIÇÃO .
Participação do secretário de Segurança Pública do Estado traz suspeitas sobre tucanos Doleiro saiu de presídio para depor sem autorização de juiz .
FREDERICO VASCONCELOS DA REPORTAGEM LOCAL
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A transferência do doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, da penitenciária de segurança máxima de Avaré (SP) para prestar depoimento a membros da CPI dos Correios na capital paulista, no dia 16, foi realizada sem autorização judicial.O responsável pela transferência foi o secretário estadual de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho. O juiz corregedor do Departamento de Execuções Criminais, Pedro Paulo Ferronato, abriu sindicância para apurar eventual irregularidade. Ferronato pediu informações ao diretor da penitenciária de Avaré.Além dos desdobramentos na esfera judicial, o episódio deverá ter repercussão política, diante da participação de Saulo numa operação considerada "precipitada" por parlamentares petistas.Ao autorizar a transferência de Toninho, de helicóptero, para ser ouvido num prédio da Polícia Civil em São Paulo (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Saulo alimentou a suspeita de que haveria interesse dos tucanos em apressar possíveis revelações sobre lavagem de dinheiro envolvendo o PT.Dois dias antes do depoimento de Toninho, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) tentou impedir o que chamou de "operação precipitada". "Não há deliberação da CPI. Não há o que justifique essa pressa toda", afirmou Ideli.Na ocasião, o senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, defendeu o interrogatório de Toninho, dizendo que o doleiro condenado a 25 anos de prisão estava "desesperado, isolado, sendo tratado como bandido de alta periculosidade".No depoimento, Toninho, sem apresentar provas, afirmou haver feito "algumas operações com políticos do PT entre 2002 e 2003". Citou, entre outros, o ex-ministro da Casa Civil e deputado federal José Dirceu e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, como seus clientes.O objetivo de Toninho era trocar informações por redução de pena e obter garantia de integridade física.Outro episódio que reforçou a suspeita de eventual empenho dos tucanos em agravar as acusações contra o governo federal foi a entrega à imprensa, atribuída à Polícia Civil paulista, da gravação do depoimento do advogado Rogério Tadeu Buratti, sexta-feira, em Ribeirão Preto. Buratti acusou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de receber R$ 50 mil mensais de uma empreiteira quando foi prefeito de Ribeirão Preto (2001-2002).