30 julho 2014

Dilma condena "pessimismo" e promete "novo ciclo"

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Em discurso na CNI, presidente comparou investimentos feitos em seu governo com os da gestão de FHC, ressaltou estímulos do Estado a vários setores da indústria e disse que atualmente "nós não desorganizamos a economia como se fazia no passado", quando o Brasil recorreu ao FMI por três vezes; em combate ao "pessimismo", Dilma Rousseff citou o caso da Copa, do apagão e da "tempestade perfeita", que prometia "crise cambial avassaladora", lembrando que nada se concretizou; "Não nos deixemos nos arrastar pelo pessimismo", pediu; candidata do PT prometeu aos empresários "um novo ciclo, que nós chamamos de competitividade produtiva" e  assumiu o "compromisso de discutir as 42 propostas da CNI"


247 – Em discurso aos empresários na Confederação Nacional da Indústria (CNI), a presidente Dilma Rousseff voltou a condenar, nessa quarta-feira 30, o "pessimismo" que toma a economia brasileira e que pode trazer "graves consequências". A candidata do PT citou o caso das expectativas negativas antes da Copa do Mundo, a previsão de que haveria um apagão no País e até da chamada "tempestade perfeita, que prometia nos conduzir a uma crise cambial avassaladora". Dilma lembrou que nada disso ocorreu e fez um apelo: "não nos deixemos arrastar pelo pessimismo".
A presidente ressaltou os investimentos feitos durante seu governo, comparando números positivos com os da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Em quatro anos do meu governo foram investidos mais do que nos anos do presidente que antecedeu o presidente Lula", afirmou, em referência a FHC. E provocou: "nós não desorganizamos a economia como se fazia no passado, recorrendo ao FMI por três vezes. Mas de maneira alguma deixamos que a nossa economia tivesse um comprometimento grave por causa da crise".
Dilma garantiu que "vamos entrar num novo ciclo, que nós chamamos de competitividade produtiva". Trouxe à tona benefícios dados por seu governo à indústria, como a desoneração da folha de pagamento a 56 setores, a redução de IPI para automóveis, linha branca, móveis e materiais de construção, aprimoramento do simples nacional, estímulo ao crédito e empréstimos subsidiados – lembrando que essas medidas foram duramente criticadas. "Tais posições (as críticas) ecoam ao passado, quando o Estado brasileiro deu as costas à indústria nacional", criticou.
Ao mencionar a crise internacional, disse que "talvez ainda seja cedo para celebrar o fim da crise" e questionou: "Como teria sido se não tivéssemos adotado medidas anticíclicas e estímulo ao emprego no Brasil? Em que situação estaria nossa indústria?". A exemplo dos outros dois candidatos que estiveram hoje na CNI, Eduardo Campos e Aécio Neves, Dilma disse que seu governo dará prioridade, "como sempre demos", à agenda da reforma tributária, com "ênfase na simplificação, na desburocratização e não cumulação dos tributos". A candidata do PT também defendeu uma reforma do Estado – "é preciso simplificar processos" – e política, para a qual defendeu um plebiscito. Por fim, garantiu aos empresários: "assumo o compromisso de discutir as 42 propostas da CNI".
Leia, abaixo, reportagem da Agência Brasil:
Danilo Macedo e Iolando Lourenço – Última candidata sabatinada hoje (30) na Confederação Nacional da Indústria (CNI), a presidenta Dilma Rousseff, que disputa a reeleição, aproveitou a parte inicial de sua fala para fazer um balanço das realizações do governo e do anterior na área industrial. Dilma lembrou que foi no mesmo plenário, na sabatina de 2010, que prometeu criar a Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, comandada atualmente pelo empresário Afif Domingos.
“Sabemos que nos últimos anos o Brasil mudou e tem um longo caminho a percorrer”, disse a candidata, ao lembrar que seu governo procurou resgatar a perspectiva industrial, superando preconceitos de que o país não precisaria de uma política industrial.
Dilma enfatizou o crescimento expressivo da indústria naval a partir de 2003. Segundo ela, o número de trabalhadores no setor aumentou dez vezes desde então, com a expansão de estaleiros. Até 2020, a indústria naval fará investimentos em torno de US$ 100 bilhões, impulsionados pela demanda gerada pela exploração da camada do pré-sal. “O pré-sal vai constituir o mais importante fator individual de demanda por bens, serviços industriais, tecnologia e aprimoramento da nossa capacidade de inovação”.
A candidata prometeu continuar o debate sobre a necessidade da política industrial no Brasil, que, segundo ela, é criticada por muitos. Para ela, os eixos da política industrial são a desoneração tributária, a concessão de créditos, os incentivos por compras governamentais, a educação técnica e científica, a recuperação do planejamento e a construção de marcos regulatórios, bem como o fim da burocracia e as parcerias com o setor privado.
A presidenta lembrou que esses eixos foram essenciais para minorar os efeitos da crise econômica mundial no país e devem continuar em um possível novo governo.
Dilma foi à sabatina na CNI acompanhada do vice-presidente Michel Temer, também candidato à reeleição, e de ministros como o da Fazenda, Guido Mantega, da Casa Civil, Aloizio Mercadante, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, e da Micro e Pequena Empresa, Afif Domingos, além do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
Antes de Dilma começar a falar, o presidente da CNI, Robson Andrade, disse que entregou a ela, assim como aos demais candidatos sabatinados hoje, Eduardo Campos, do PSB, e Aécio Neves, do PSDB, 42 propostas da CNI para melhorar a economia nacional, com foco na melhoria da infraestrutura, para aumentar a competitividade das empresas nacionais no mercado interno e externo.