Onze presidentes latino-americanos se encontram nesta quarta-feira 16 com os cinco líderes dos BRICS, em Brasília; anfitriã é a presidente Dilma Rousseff; cooperação econômica, por meio do recém criado Novo Banco de Desenvolvimento, está na pauta principal; intenção de financiar projetos de infraestrutura no continente anima integrantes da Unasul; cresce o cacife político dos sócios Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul em território que historicamente é zona de influência dos Estados Unidos; Barack Obama deixou vácuo de estratégia para a região que vai sendo preenchido
247 – Os BRICS estão avançando em direção à América Latina. É o que fica claro nesta quarta-feira 16, quando os presidentes dos cinco países que formam a sigla se encontram, em Brasília, com 11 presidentes latino-americanos que fazem parte da Unasul. Após anunciarem, em Fortaleza, na véspera, a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, com capital de US$ 50 bilhões para financiar projetos de infraestrutura em países emergentes, os líderes de Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul foram apresentar os planos para a instituição aos colegas do continente.
Historicamente área de influência dos Estados Unidos, a América Latina experimenta um vácuo de ações de peso da diplomacia americana durante a gestão do presidente Barack Obama. Nesse espaço vazio, os BRICS, agora com um poderoso instrumento financeiro sendo formado, agem para estabelecer novas bases de apoio político.
Oficialmente, o encontro com a Unasul faz parte do segundo e último dia da VI Reunião dos BRICS, iniciada na capital do Ceará. Está descartada a inclusão de outro país na sociedade formada entre os integrantes da sigla, mas os primeiros planos anunciados para o banco de fomento deixam claro que os recursos a serem investidos em obras de infraestrutura, especialmente, não serão dirigidos apenas aos próprios BRICS. Ao contrário, a ideia é atender projetos de diferentes países.
No campo político, a aproximação dos BRICS com a Unasul indica, se não o fim, ao menos uma divisão de influências na América Latina. Os EUA não estão mais sozinhos por aqui.
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito:
Ana Cristina Campos-Repórter da Agência Brasil
Começa segundo dia de reuniões da 6ª Cúpula do BricsMarcelo Camargo/Agência Brasil
Com a presença de 16 chefes de Estado, a 6ª Reunião de Cúpula do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – começa o segundo dia de reuniões, no Palácio Itamaraty, em Brasília. Participam das discussões 11 presidentes da América do Sul. Ontem (15), os líderes do Brics anunciaram, em Fortaleza, a criação do Banco de Desenvolvimento do Brics e do fundo de reservas para o bloco.
Os chefes de Estado chegaram ao Palácio Itamaraty, pela entrada privativa, sem acesso aos jornalistas. Às 12h15, a foto oficial foi tirada nos jardins do 3º andar do palácio, e os líderes dos 16 países seguiram para a Sala Portinari, onde ocorrerão os debates. Os jornalistas têm acesso às palavras dos presidentes por televisores nas áreas reservadas à imprensa dentro do edifício. Às 13h30, a presidenta Dilma Rousseff oferecerá um almoço em homenagem aos chefes de Estado no próprio Itamaraty.
À noite, com o fim da 6ª Reunião de Cúpula do Brics, a presidenta Dilma oferecerá um coquetel no Itamaraty aos chefes de Estado e de Governo da América do Sul, do quarteto da Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac) e da China, que se reunirão amanhã (17) no Itamaraty.
O principal avanço do sexto encontro de líderes do bloco foi a criação do Banco de Desenvolvimento do Brics com um capital inicial de US$ 100 bilhões. Os cinco países se comprometeram a reunir, no primeiro momento, um total de US$ 50 bilhões. O dinheiro será usado para financiar projetos dos países-membros.
Mesmo com a saída financeira que vai garantir o andamento de prioridades do bloco, os países do Brics não deixaram de priorizar, na capital cearense, a reivindicação pela reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), para contemplar mais claramente os efeitos das economias emergentes.
Antes de chegar a Brasília, os líderes dos Brics também reiteraram a defesa pela reforma no Conselho de Segurança da ONU, garantindo a participação do Brasil, da Índia e da África do Sul nas decisões internacionais.
Hoje mais cedo, a presidenta Dilma e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, assinaram três acordos nas áreas de meio ambiente, processamento de dados de satélite e troca de informações sobre cidadãos.