18 maio 2014

Um leitor testemunha: a "babaquice" foi da Folha

:
Uma mensagem enviada ao 247 pelo leitor Ítalo Barral deveria fazer o empresário Otávio Frias Folha, editor-responsável pela Folha, refletir sobre sua manchete deste sábado, que distorceu uma declaração de Lula, num encontro de blogueiros, sugerindo que o ex-presidente enxergaria a construção de estações de metrô como "babaquice"; "é preocupante quando nos damos conta da estratégia "suja","manipuladora" e desrespeitosa de um jornal de tamanho renome como o da Folha", diz ele; Barral defende "a imparcialidade e o direito a noticiais e fatos amplamente cobertos, sem que haja intervenção de interesse pessoal no ato"


247 - A manchete da Folha deste sábado, que distorceu uma declaração de Lula e omitiu o essencial, que é a luta pela democratização da mídia, rendeu acalorados debates na blogosfera. O primeiro a questionar a manipulação foi o 247 (leia aqui), seguido pelo Blog da Cidadania (leia aqui) e pelo jornalista Leandro Fortes (leia aqui). Agora, é o leitor Ítalo Barral, quem, em carta ao 247, assevera: o erro foi da Folha.

Leia, abaixo, uma carta que deveria levar o empresário Otávio Frias Filho, editor-responsável pela Folha, a refletir:

Ao Brasil 247,
Diariamente acompanho as noticias em diversos meios de comunicação, tanto os mundias, como os de iniciativa nacional. No dia de hoje, 17/05/2014,  a redaçãodo Brasil247, postou o artigo: " "BABAQUICE" DE LULA OU "BABAQUICE" DA FOLHA".  Rarissimamente vejo iniciativas parecidas ao do jornal 247, é algo digno de muito mérito, e é merecido que saibam a visão que estão a passar para mim como leitor. 
Desde sempre convivemos em meio de tentativas de alienação, manipulação de informação, distorção de fatos, omissão de determinadas informações, sem contar é claro os atores externos em assuntos internos (me refiro por exemplo a implementação da ditadura militar, após a retirada de Jango, cujo alguns fatos apontam grande intervenção americana na cadeia de fatos.). 
Logicamente, tenho que ressaltar, que cabe a cada individuo, ter sua determinação em avaliar profundamente cada fato especifico, e buscar sempre as duas versões da historia, ou pelo menos, no caso do artigo "BABAQUICE", buscar saber o contexto completo em que o termo foi usado. 
Toda via, é preocupante quando nos damos conta da estratégia "suja","manipuladora" e desrespeitosa de um jornal de tamanho renome como o da Folha.
A grande maioria brasileira, não tem o habito de se informar, pesquisar, averiguar ou investigar os fatos relativos ao poder governamental brasileiro e mundial. A maioria apenas se dão conta de fatos que se fazem presentes em noticiários de grande renome, tradição e com poder financeiro ao seu favor, dando-lhes a vantagem de poder ocupar as principais cadeias e horários de transmissão. Hoje é gigantesca a presença de meios de divulgação e comunicação via internet, mas a velha "mania" da tentativa de manipulação foi hereditariamente passada para os novos meios de exposição. Tal fato se ilustra com a atitude do jornal Folha, com ampla gama de leitores, que ingenuamente se deixam ser guiados pela "tradição".
Percebo também formas de tentativas de manipulação nos meios noticiários não só no tocante a politica interna brasileira, mas também no cenário internacional que estão disponíveis facilmente via internet aos cidadãos. 
É de conhecimento que, oficialmente, o governo do Brasil, não toma posição concreta assumida em diversos assuntos internacionais, sempre se mantendo como "observador" e desejando que as "divergências" sejam resolvidas de forma "democrática" e "pacifica", ficando assim longe do contexto geral de conflitos geopolíticos, econômicos e sociais relacionados por exemplo com direitos humanos, liberdade de expressão e liberdade de religião. Até mesmo em seu próprio continente, vemos a falta de ação nos conflitos/assuntos regionais, que tem consequências em nosso andamento politico/econômico, quer eles queiram ou não. Me refiro ao caso "fresco" da Venezuela, que somente apos muitos burburinhos nos medias internacionais juntamente com a preocupação de um agravamento no relacionamento "Americo-bolivariano", que as associações continentais da América latina e central começaram a mexer-se, em prol da mediação da resolução do conflito do vizinho.
Não julgo totalmente errado a posição do Brasil no que desrespeito o cenário mundial. Sem duvidas, temos muitos problemas internos a serem resolvidos e nossos governadores não se podem dar o "luxo" de abrir grandes espaços em suas agendas para se direcionar a politica internacional, porem também e necessário entender as consequências de tal postura e a partir de disso tomar as iniciativas inteligentes e estratégicas afim de minimizar os impactos na economia e no peso politico da nação no mundo. Exemplo, a iniciativa tomada por Lula em seus 8 anos de mandato. (Me refiro as suas inúmeras viagens pelo globo em intenção de estreitar parcerias internacionais). 
O Brasil precisa encontrar um jeito de estreitar laços estratégicos/econômicos/cooperativos com os demais países do mundo, fazendo com que se crie organizações de mutuo interesses aos gigantes emergentes do qual o faz parte também (por exemplo, BRICS). A grande dificuldade a ser superada é que ao fazer tais parcerias e adesões, o pais já não poderá mais se manter "em cima do muro" em diversos aspectos, fazendo com que também entre na "mira" de retaliações, protestos e até mesmo, em situações extremas, sanções. 
A mera ideia de o Brasil um dia ter que se impor de maneira firme e contundente perante aos EUA e alguns países da UE, não gera entusiasmos em parte da ala governista (tanto dos de direita, quanto os de esquerda, ambos), isto porque culturalmente crescemos e convivemos sobre grande influencia norte americana e europeia, e vemos as demais culturas, muitas vezes, como "coisa de outro mundo" (e em alguns casos realmente o são). 
Sem duvidas a sociedade americana é prospera e cheia de boas influencias, as quais devemos algumas varias perpetuar, e ponto. 
Porem também devemos ter nossa própria identidade e exercer um papel diferenciado e pioneiro na América latina para começo de conversa; um pais tao grande e rico não pode ficar com status de "quintal", perante aos players mundias, isto pode custar caro em futuro imprevisível e ainda não demarcado. 
Realmente esta na hora de algumas mudanças estratégicas, porem com grande cautela e calculismo incessante e massivo.
A atitude de rebater o artigo da Folha, ao meu ver, vai muito alem de apenas mostrar a verdade ao leitor ou de desbancar o concorrente no mundo da informação. A atitude dá força a uma bandeira ainda de pouca expressão, mas que vem ganhando visibilidade nos últimos anos, a questão da imparcialidade e o direito a noticiais e fatos amplamente cobertos, sem que haja intervenção de interesse pessoal no ato. Com a facilidade que hoje temos em obter informaçoes, gradativamente ira fazer com que a sociedade enxergue os fatos perante a sua essência e que tambem vejam os dois lados de uma moeda com a mesma gama de cobertura, a partir disso tudo dependera da ideologia e logica de cada individuo, dependera da sua visao pessoal do que é certo ou do que é errado. 
O jornal poderia criar uma determinada sessão, para abordar casos onde determinados assuntos nao sao tratados com imparcialidade e em contra partida, fazer sempre que possível, artigos de natureza rebatedora, afim de "clarear" as visões de seus leitores. Como foi o caso do "BABAQUICE". 
Quero deixar claro que nao faço parte de nenhuma causa politica especifica, muito menos sou filiado/defensor de nenhum partido politico em especifico. Não sou de esquerda , nem de direita, acredito que nem todos os politico são corruptos, e que também nem toda mulher é boa mãe; o correto é nunca generalizar ou radicalizar e sim investigar e apos isso tomar partido em mérito ou em criticas, esta é minha visao, 
Parabéns pela iniciativa do projeto "247", e espero que receba tais comentários da forma mais positiva possível.
Ítalo Barral