04 maio 2014

Mídia tucana abafa crise da água em SP

Por Altamiro Borges

O nível dos reservatórios do Sistema Cantareira atingiu nesta sexta-feira (2) o patamar mais baixo da sua história (10,4%). Com exceção da “área técnica” do governo tucano, os especialistas do setor garantem que será inevitável o colapso da água no estado mais rico da federação. Em vários bairros da capital e municípios da Grande São Paulo, o “rodízio” – nome fantasia do racionamento – já é uma realidade. Mesmo assim, Geraldo Alckmin, maior responsável pela tragédia, posa de “picolé de chuchu” e a mídia amiga – que suga bilhões em anúncios publicitários dos cofres públicos – tenta abafar o caso. O assunto não é manchete dos jornalões e nem motivo de criticas hidrófobos dos comentaristas da tevê.

O Sistema Cantareira é responsável pelo abastecimento de 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, além de liberar água para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que abastecem milhões de pessoas no interior paulista. Em 2 de maio de 2013, seus reservatórios tinham 62,6% de água. Agora, eles têm somente 10,4%. Mesmo que chova muito no próximo período, os especialistas garantem que não será rápida sua recuperação e, como efeito, duras medidas deverão ser tomadas para racionar água para milhões de famílias. O PSDB, que governa o estado há duas décadas e não investiu no setor, sabe disso. Seu único esforço é para jogar a grave crise para depois das eleições de outubro.

Segundo reportagem de Flávia Albuquerque, da Agência Brasil, as medidas adotadas até agora são paliativas. “Em resolução conjunta, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo reduziram, no dia 30 de abril, o limite de captação de água do Sistema Cantareira. O volume máximo de retirada para abastecer a Grande São Paulo foi reduzido de 24,8 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 22,4 m³/s. Segundo os órgãos, o volume contempla a média de captação que está sendo feita na prática, já que, do dia 1º a 25 de abril, a média de retirada para abastecer a região metropolitana de São Paulo foi 21 m³/s (87% do autorizado). A vazão será reavaliada em 15 dias”.

Apesar desta redução, o Grupo Técnico de Assessoramento para Gestão do Cantareira avalia que o volume útil do sistema deverá se esgotar no início de julho. Já o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) enviou, em 29 de abril, um documento com 39 reivindicações para os órgãos ligados à gestão de recursos hídricos do governo federal e dos governos de São Paulo e Minas Gerais. “Um dos pontos principais do texto é a redução do consumo de água dos abastecidos pelo Cantareira... A decretação de estado de calamidade pública nos municípios afetados é outra medida defendida pelo consórcio”, informa a reportagem da Agência Brasil.