27 abril 2014

A ligação perigosa de Padilha fica no alto da Cantareira. É a água…

 Autor: Fernando Brito
manif
Ninguém será mais atacado nesta campanha eleitoral que Alexandre Padilha.
O “vazamento” coordenado para toda a imprensa de uma suposta ligação entre ele e um cidadão que teria negócios com a tal Labogen – que afinal só fez convênios com a União no tempo de José Serra – é uma reação a ele ter ido à TV falar da  seca ” mata-chuchu” de São Paulo.
É isso o que, agora, desespera os tucanos.
Eles estavam certos que as dificuldades no campo da geração de energia elétrica iriam diluir a crise hídrica em São Paulo.
Embora a mídia ainda insista quase todo dia que o país está à beira de um apagão nas hidrelétricas, o armazenamento de água melhorou e atingiu 38% na regiões Sudeste ontem, contra uma previsão de 36,8% para o final do mês. E na madrugada de ontem voltaram a funcionar as três primeiras das 17  turbinas operacionais da Usina de Santo Antonio, no Rio Madeira, que estava paralisada desde meados de fevereiro, por conta das enchentes em Rondônia.
Também no Nordeste e no Sul – que está sendo usado em sua capacidade máxima para ajudar o Sudeste, porque as chuvas por lá estão fartas – os níveis superam folgadamente as previsões.
Já em São Paulo, existe uma verdadeira corrida – que não sai na mídia – para tornar operacionais as bombas que vão “chupar” o volume morto do fundo dos reservatórios da Cantareira.
O principal conjunto de reservatórios – o Jaguari-Jacareí, com 82% da capacidade total do sistema – teve seu nível rebaixado para meros 3,5% do total. Resta 1,3 m de água acima da última “boca” de captação. Acima dela, 23 metros de reservatório vazio.
O conjunto de represas tem apenas 10,9% de água ou 11,2% (a Sabesp aumenta 0,1%  com arredondamentos) , menos da metade do que na grande seca de 2004, quando chegou a ser cogitado racionar a água de São Paulo.
O pior é que esse volume voltou a cair num ritmo constante de cerca de 0,15% ao dia e não é preciso ser um gênio para ver que isso, no início da estação seca, não é dramático, é desesperador.
E aí é que entra o que Padilha fez e o Governo Federal e o PT não fazem: partir para cima do governo tucano, como a mídia e os tucanos partiram para cima do Governo Federal por conta de um “apagão” que não existe e, mantida a situação atual, não acontecerá.
Já em São Paulo, mesmo com a normalização das chuvas, será preciso, em média, bombear todo dia quase  um bilhão de litros do chamado volume morto dos reservatórios, em média, por dia, durante 150 dias, até novembro deixando um “saldo negativo” diário médio de 700 milhões de litros, descontada a água que entra. E esse bombeamento vai ter de continuar  durante os meses de novembro e dezembro, mesmo com chuvas torrenciais, porque a água ficará ainda muito abaixo das saídas dos reservatórios.
Isso, mesmo com toda a “boa vontade” da imprensa com Alckmin, não poderá ser escondido, como se fez ontem com a manifestação, no fundo seco de uma represa, em Piracaia,  dos integrantes do consórcio dos municípios que são (a esta altura quase se pode dizer que “eram”) abastecidos pela água que “sobra” da que os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí deixam nos reservatórios.
Os tucanos tremem só em pensar nos efeitos das imagens dos reservatórios da Sabesp secos como um Nordeste árido, mostradas todos os dias no horário eleitoral.
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