
No total, 32 empresas brasileiras participam da
primeira prospecção de negócios em território cubano desde a inauguração
da primeira fase de modernização do Porto de Mariel; objetivo da
missão, organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações
(Apex) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), é
explorar o potencial da infraestrutura, inclusive como plataforma de
exportação para outros países, e ampliar o comércio com Cuba
Mariana Branco - Repórter da Agência Brasil
A
partir de hoje (26), 32 empresas brasileiras participam da primeira
prospecção de negócios em território cubano desde a inauguração da
primeira fase de modernização do Porto de Mariel. Na missão, organizada
pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex) e pela
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), os empresários
conhecerão o porto e participarão de rodadas de negócios com
importadores cubanos. O objetivo é explorar o potencial de Mariel,
inclusive como plataforma de exportação para outros países, e ampliar o
comércio com Cuba.
Na segunda-feira (24), o presidente e o diretor de negócios da Apex,
Maurício Borges, e Ricardo Santana, respectivamente, reuniram-se em
Havana com o ministro de Comércio Exterior e Desenvolvimento de Cuba,
Rodrigo Malmierca. De acordo com Santana, o país da América Central
pretende ampliar as importações originárias do Brasil e mostra interesse
por setores específicos. “Os setores de alimentos, casa e construção e
embalagens têm bastante apelo do lado de lá. [Há interesse] em materiais
elétricos, móveis e embalagens, inclusive para o processamento de
alimentos”, disse.
No ano passado, a corrente de comércio entre o Brasil e Cuba somou
US$ 624,8 milhões, dos quais US$ 528,2 milhões corresponderam à
aquisição de produtos brasileiros pelo país. Os principais itens
importados do Brasil foram óleo de soja, arroz, milho, carne de frango
in natura, farelo de soja, café, papel, calçados, máquinas agrícolas e
móveis. Mas, segundo Ricardo Santana, houve alta de 9,2% no comércio
desde a implantação de um escritório da Apex em Havana, em 2008.
De acordo com dados da agência de fomento, em 2013 o Produto Interno
Bruto (PIB, soma das riquezas de um país) de Cuba foi US$ 76,5 bilhões, o
maior da América Central e do Caribe, com exceção do território
norte-americano de Porto Rico. Atualmente, Cuba é o segundo maior
destino das exportações brasileiras na região, com exceção do Panamá. No
total, a ilha importou US$ 15,6 bilhões em produtos em 2013, o que
indica espaço para o Brasil ampliar o seu mercado.
Para o diretor de negócios da Apex, o crescimento do consumo no país,
em grande parte devido ao turismo, e a operação do Porto de Mariel
ajudarão a impulsionar o comércio entre os dois países. “O início da
operação deve ser muito vantajoso. [Deve] reduzir o custo de operações
logísticas. Cuba pode ser um hub (termo usado principalmente na aviação
comercial, para designar um ponto de conexão) para vários países em
termos de exportações. Principalmente na América Central, com mercados
que estão crescendo como o Panamá, Honduras, El Salvador, a Costa Rica, a
Guatemala. Não é só o Brasil que está de olho, outros países também
estão organizando missões”.
Entre as empresas que enviaram representantes a Cuba para a missão
que segue até sexta-feira (28) estão a Bauducco, Asa Alimentos,
Globoaves e Vilheto e Cosil, do ramo de alimentação; a TendTudo, do
setor de construção; Oberthur, fabricante de equipamentos de informática
e fornecedora, a Odebrecht e Eletroflex, da área de reposição de peças
para caminhões e tratores. A Apex organiza missões comerciais do Brasil
para o país da América Central desde 2003.
As obras no Porto de Mariel, tocadas pela Odebrecht, exigiram
investimento de US$ 957 milhões, financiado pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Do montante, US$ 682 milhões
foram aportados pelo Brasil. Como contrapartida, houve exigência de que
pelo menos US$ 802 milhões do total fossem gastos na compra de bens e
serviços comprovadamente brasileiros. Apesar dessa obrigatoriedade e de o
governo entender que o porto tem importância estratégica para o Brasil,
a destinação de recursos para o país estrangeiro foi alvo de críticas.