Paulo Emílio _PE247 - “O Mais Médicos é de tirar
o chapéu, independente de politica partidária”. A afirmação é do
prefeito de Camaragibe (PE), Jorge Alexandre, que integra os quadros do
PSDB, maior partido de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff.
Camaragibe, município com 143 mil habitantes e localizado na Região
Metropolitana do Recife, foi destaque em uma matéria do jornal Folha de
S.Paulo nesta quarta-feira 4 sobre a desistência de alguns
profissionais em continuar no programa.
Dos mais de mil inscritos, pouco menos de 30 haviam desistido
alegando falta de estrutura, condições de alojamento, carga horária,
entre outros pontos. Em Camaragibe, dos quatro médicos aptos a trabalhar
no âmbito do Mais Médicos, apenas um, Nailton Galdino de Oliveira, 34,
entregou o cargo. O município espera receber outros dois profissionais
na próxima fase do programa do governo federal.
“Não negamos que existam problemas, mas também não é como o médico
(Nailton Galdino) falou, de que falta praticamente tudo. Faltam alguns
medicamentos, mas ele sequer levou em consideração que estávamos no
final do mês e que os medicamentos em falta são repostos nesta data”,
diz o prefeito. Nailton trabalhou apenas dois dias antes de desistir. “É
uma aberração: teto caindo, muito mofo e infiltração, uma parede que dá
choque, sem ventilação no consultório, sala de vacina em local
inapropriado, falta de medicamentos”, declarou o médico à Folha.
“Camaragibe tem 39 postos de atendimento médico, 42 equipes do
Programa Saúde da Família (PSFe três Centros de Atendimento Médico
Especializado (Cemec). Claro que nem todos estão pintados e bonitinhos e
também faltam alguns medicamentos, que são repostos conforme a
necessidade, como em toda e qualquer cidade do Brasil. Mas não temos
nenhuma unidade sem funcionar e, com o programa Mais Médicos, neste
momento, não temos mais déficit de médico no sistema de saúde
municipal”, rebateu Jorge Alexandre.
Para o prefeito, o que falta na realidade são médicos. “O programa é
bom, vem para ajudar a população carente, ajudar quem realmente precisa
de atendimento à saúde e não tem. A maior dificuldade nem é tanto
estrutural, mas está junto aos médicos. Médico é uma mão-de-obra difícil
de lidar. Qualquer coisa que os desagrade, eles logo viram as costas”,
desabafa Alexandre. E ele sabe o que diz quando se refere à população
carente.
Camaragibe possui 143 mil habitantes espalhados por uma área de 54
quilômetros quadrados. Deste total, 80% são áreas de morros. Detalhe:
mais de 70% da população é considerada de baixa renda. O Produto Interno
Bruto (PIB) é de cerca de R$ 700 mil e a renda per capita é inferior à
metade da média nacional. Além disso, Alexandre diz ter herdado dívidas
de quase R$ 7 milhões da gestão anterior. “Com isto tudo eu vou criticar
um programa que veio para ajudar? Independente de questões partidárias,
temos mais que aplaudir iniciativas como essa”, afirma.
Leia mais sobre o assunto no
Blog da Cidadania, que entrevistou o secretário de Saúde de Camaragibe, o advogado Caio Mello.