17 agosto 2013

As relações de Aécio com o homem da Alstom na era tucana


Assim que Aécio Neves assumiu, através da Cemig, o controle total da Light, mandou demitir o presidente da empresa, José Luís Alqueres.
O curioso é que foi o próprio Aécio, quatro anos antes, em 2006, quem participara de um acordo para nomear Alquéres - ex-Eletrobras de Itamar Franco – quando a Rio Minas Energia, então com 25% da Cemig, comprara parte da empresa fluminense da Eletricité de France (EDF).
Alqueres, antes da Light, havia presidido a tambem  Alston, justamente no período em que a empresa era acusada de fazer negócios escusos com o governo tucano de São Paulo.
No encalço dele, em maio de 2008, estava o promotor Sílvio Marques, do MP de São Paulo:
“O promotor investiga se a multinacional Alstom pagou US$ 6,8 milhões em propina para vencer licitações de US$ 45 milhões do metrô de São Paulo, entre 1998 e 2006. Bem nesta época, Alquéres foi presidente da Alstom. Nada pesa até o momento contra ele. Aliás, quem o conhece como executivo só tem elogios. Ele ficou conhecido pela gestão à frente da Eletrobrás, entre 1993 e 1994. De lá para cá, acumulou uma vasta e bem-sucedida experiência no setor privado. No comando da Alstom, Alquéres não perdeu uma licitação, atraindo a atenção e a inveja dos concorrentes, que diziam que o ponto forte da Alstom era o “fator político”. Conseguiu contratos para construir as turbinas de Itaipu e Tucuruí, as termoelétricas do Rio, Paraná, Bahia e São Paulo.”
Mas aconteceu algo no caminho, porque Aécio colocou Alqueres na mira, como registrava em outubro de 2009, o colunista Lauro Jardim, da Veja:
Assim que a Cemig comprar Light, Aécio Neves irá trocar toda a atual diretoria, comandada por José Luiz Alquéres, cujo contrato termina no fim do ano. Aos mais próximos, Aécio tem falado  que montará  ”uma diretoria estritamente profissional, sem indicações políticas”.
Uai, mas a troco de que uma empresa totalmente privada – a única parcela de controle estatal era da própria Cemig – tinha indicações políticas na direção?
Será que era Alquéres ou será que era Ronnie Vaz Moreira, ex-presidente da Globopar e ex-diretor financeiro da Petrobras do Governo FHC?
Uma pista disso seria a informação publicada pela Folha de S. Paulo sobre um amigo que viria prestigiar a posse de Alquéres na Associação Comercial do Rio de Janeiro, mas acabou não podendo?
“O governador José Serra (PSDB-SP), que deveria ter comparecido à posse de Alquéres, cancelou a viagem ao Rio alegando forte gripe.”
De qualquer forma, ambos saìram bem aquinhoados pelo consumidor de energia do Rio de  Janeiro: Alquéres levou uma “bolsa-pontapé” de R$ 45 milhões e Moreira outros R$ 25 milhões, segundo o mesmo Lauro Jardim, explicando que isso seria pela valorização das ações da Light.
Alquéres ainda patrocinaria, na Associação Comercial do Rio, um inesquecível encontro de Serra com os empresários, onde o tucano se sairia com mais uma de suas delicadezas com a imprensa:
Repórter: ”A Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estão livres da privatização?”
Serra: ”Claro que sim, quem falou o contrário? De onde você é?”
Repórter: ”Da Radiobrás.”
Serra: “Muito bem, então informe isto a seus patrões.”
Alquéres continuou servindo aos interesses privados no setor elétrico, até que, em protesto contra as medidas tomadas pela presidente Dilma Rousseff para reduzir as tarifas  das concessionárias, demitiu-se da condição de representante dos acionistas minoritários da Eletrobras.