247 - Em maio
do ano passado, na pré-campanha para a prefeitura de São Paulo, o
ex-presidente Lula foi ao programa do Ratinho, apresentador do SBT, e
abriu uma única possibilidade para sua eventual volta à presidência da
República: "se Dilma não quiser". "Mas e se ela não quiser?", insistiu
Ratinho. Lula respondeu: "A única hipótese de eu ser candidato é se ela
não quiser, eu tenho dito. Na possibilidade de ela não querer, não vou
permitir que um tucano volte ao poder no Brasil."
A nova pesquisa Datafolha, que
apontou queda de 27 pontos na aprovação da presidente Dilma Rousseff,
fará com que Lula seja cada vez mais cobrado, dentro do PT e também por
partidos da base aliada, a cumprir sua promessa. O estrago das
manifestações na popularidade de Dilma foi grande e é provável que o
Datafolha também tenha feito uma pesquisa sobre intenção de voto, a ser
divulgada neste domingo. A se confirmar a tendência de deterioração no
quadro político, é possível que o Datafolha já indique a possibilidade
de um segundo turno – e não mais uma vitória de Dilma em primeiro turno,
como se previa.
Em viagem à África, Lula hoje parece
mais preocupado em preparar terreno para um eventual Prêmio Nobel da
Paz do que com uma possível volta à presidência da República. Além
disso, ele sabe que, para o PT, não será simples a construção de um
discurso para sua volta. Uma coisa, por exemplo, seria Dilma desistir da
reeleição num quadro favorável – e alegar razões de natureza pessoal.
Outra, ser substituída num momento de dificuldades.
Por isso mesmo, o senador Aécio
Neves (PSDB-MG), provável presidenciável tucano, tem dito a aliados que
não acredita na volta de Lula. "Como ele vai explicar para o povo que a
escolha dele deu errado?", tem questionado. Nas próximas semanas, no
entanto, esse debate será cada vez mais explícito.