Senti extrema vergonha e desalento ao ver a foto de políticos da oposição que foram, em vexatória e infame romaria, beijar a mão do ministro do Supremo Gilmar Mendes. O mais perfeito retrato da covardia e da "sabujice"
Você certamente já deve ter ao menos ouvido falar num provável
"complexo de vira-lata"[by Nelson Rodrigues], que supostamente
acometeria hoje certa parte da nossa elite – isto, claro, segundo muitos
jornalistas, membros bastardos dessa mesma elite. Até a presidenta
Dilma já fez uma referência crítica a esse suposto complexo de
inferioridade. Eis que sou forçado a reconhecer a existência em verdade
de um insuspeito e ainda não catalogado "complexo de cachorro de madame"
que estaria acometendo certos intelectuais brasileiros, artistas e
alguns políticos. Ah, os políticos...
Senti extrema vergonha e desalento ao ver a foto de políticos da
oposição que foram, em vexatória e infame romaria, beijar a mão do
ministro do Supremo Gilmar Mendes. Independente de qualquer (im)possível
justificativa, uma abjeta demonstração de sujeição e servilismo ao
Judiciário por parte de membros do Legislativo, que, acima de tudo,
conspurcaram a nossa Carta Magna que prevê, como cláusula pétrea, a
independência entre os Poderes. E se assim o faz, não é à toa, mas
exatamente para que haja o equilíbrio entre os Poderes da República –
jamais sujeição, subserviência, pois isso afrontaria princípio basilar
da democracia.
Foi triste e deprimente ver aqueles senhores posando solertes para
aquela fotografia igualmente desalentadora: o mais perfeito retrato da
covardia e da "sabujice". Como ficaram feios na foto! Seria preciso que
alguém fizesse a gentileza de recomendar um pouco de prudência e um
tiquinho de vergonha na cara àqueles "doutos" parlamentares: há que ser
oposição, decerto, mas sem perder a dignidade jamais. Porém, pelo visto
na triste fotografia, lastimável e desgraçadamente, o bom senso e a
honradez já não servem como lastro ou limite ao jogo pelo Poder.
São tantos e diversos os esdrúxulos episódios na nossa política,
ocorridos recentemente, que até parece que o FEBEAPÁ do "oswaldiano"
Stanislaw Ponte Preta, cria do saudoso e talentoso Sergio Porto, está
sendo reeditado no país em grande estilo. Senão vejamos se um festival
de besteiras não assola de fato o país.
Congressistas nomearam para a presidência de uma Comissão de Direitos
Humanos da Câmara um parlamentar que, dentre tantas outras estultices
já cometidas e ditas, agora achou por bem colocar em votação um projeto
de lei de autoria de um parlamentar tucano que "regulamentaria", digamos
assim, ou que, em verdade, daria respaldo legal a uma mistificação: uma
suposta "cura gay" (SIC) – como se a homossexualidade fosse uma doença.
O projeto ao que parece visa anular, parcialmente ou integralmente,
artigos de uma resolução do Conselho de Psicologi
a que, obviamente,
condenam e proíbem seus profissionais de darem respaldo ou guarida a
esse tipo de "cura".
[Aconselho os organizadores da "Parada Gay" de SP a
ignorarem/desprezarem solenemente esse cidadão, pois o que ele merece é
desprezo e voltar ao anonimato e insignificância que lhe cabe. Não o
transformem em mote ou tema principal do desfile]
Em seguida o Congresso, sempre ele, propõe uma PEC estapafúrdia que,
ao que parece, teria a pretensão de "limitar" os poderes de um
tresloucado e "invasivo" Supremo. Mas essa proposta não tinha mesmo como
prosperar. Foi solenemente engavetada. Ainda bem.
O Supremo, por sua
vez, também é forte concorrente ao "Troféu FEBEAPÁ 2013". Seus
ministros discursaram sem pejo, como se fossem políticos da oposição e
não magistrados em um julgamento "histórico" – transmitido pela TV como
se fora um espetáculo! – onde nitidamente se desrespeitou os direitos
mais elementares dos réus. A mídia e boa parte da classe média
aplaudiram de pé. FEBEAPÁ!
Agora esse mesmo Supremo, de modo nitidamente abusivo e fugindo
completamente das suas prerrogativas constitucionais, interrompe a
tramitação de um projeto, que mesmo se considerado "casuístico", é de
obra e graça do Congresso e só a ele diz respeito. Outra: o projeto é
bom, pois serve para impor limites ao número de partidos políticos e
coibir esse grande negócio que se tornou abrir um partido no Brasil.
Segue o FEBEAPÁ.
Não bastasse o assombro de tais episódios narrados acima, dentre
tantos outros, inúmeros, dos quais lhes poupo, pois seria deveras
enfadonho, tivemos agora o que pode ser facilmente considerado a cereja
do bolo do "besteirol" político que assola o país tal qual uma praga
incontrolável.
Determinado político ligado à força do "sindicalismo de negócios"
sugere, no 1º de maio, de modo inconsequente/irresponsável [e
"estratégico"] que seja implantado o gatilho salarial no país. E a mídia
dá larga repercussão a tamanho despautério.
Donde é forçoso deduzir que os homens públicos decerto perderam o
senso e o compromisso com a coisa pública, com o desenvolvimento da
nação e o bem-estar do povo brasileiro. Parecem lutar desesperadamente
por um naco de poder – e para isso, com a desculpa de um Maquiavel
deturpado e corrompido, não medem esforços, meios e consequências, ou se
impõem limites.
Mas eu estava lhes falando mesmo foi sobre um suposto "complexo de
cachorro de madame" – não era isso? Desculpem-me, mas me perdi nos
descaminhos da política brasileira. Fugi completamente do tema! Ou não?!
Que prossiga o FEBEAPÁ!