17 abril 2013

Dilma: “Não estamos descobrindo as Índias, nem o Brasil”



Dilma e Lula estiveram reunidos, na noite passada, durante festa do PT em Belo Horizonte
Por Redação - de Belo Horizonte
Correio do Brasil
A presidenta Dilma Rousseff participou, na manhã desta terça-feira, nesta capital, de reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), onde assinou parceria com governo estadual e iniciativa privada para construção de fábrica de insulina em Minas, a única no Brasil. Ao discursar Dilma destacou que o seu governo não está “descobrindo as Índias, nem o Brasil” ao implementar uma política econômica para, segundo afirmou, resgatar milhões de brasileiros da pobreza. A presidenta disse estar apenas desenvolvendo uma política praticada em outros países que, a exemplo do Brasil, tem um mercado lastreado por milhões de consumidores.
– Somos 200 milhões de brasileiros e nosso mercado é algo relevante – afirmou.
Embora o cenário econômico seja desfavorável, com a alta da inflação, a presidente afirmou que que “não há a menor hipótese” de o Brasil não crescer neste ano.
– Vamos colher o que plantamos e aqui ( na sede da Fiemg) acabamos de plantar mais uma semente – disse.
Dilma chegou acompanhada de ministros, do governador Antonio Anastasia (PSDB) e de líderes empresariais, para assinar o termo de cooperação entre os governos federal, estadual e o setor privado que irá permitir ao Brasil, depois de mais de uma década, voltar a produzir insulina humana para o tratamento de diabéticos, que no país somam quase um milhão de dependentes do medicamento. A parceria vai dar condições à retomada da produção de insulina humana pelo laboratório privado Biomm Techonology.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a iniciativa não apenas beneficiará os pacientes com a distribuição gratuita do medicamento. Ele destacou que a nova fábrica ampliará as oportunidades de trabalho em um mercado – o de produção de medicamentos, equipamentos e oferta de serviços de saúde- que representa 9% do PIB brasileiro e que emprega ainda 10% dos trabalhadores com formação universitária. O ministro ainda destacou que esse mercado é responsável por um terço dos investimentos feitos no país na área de inovação tecnológica.
Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que também é mineiro, o evento representou uma oportunidade para a “celebração da retomada da política industrial no Brasil”. Pimentel lembrou que o fechamento da então Biobrás, da qual da Biomm é fruto da sua cisão em 2002, só aconteceu em função “de uma circunstância da política econômica”, sem citar o responsável por essas diretrizes, traçadas então pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), afirmou que a retomada da produção da insulina humana por uma fábrica brasileira “manife
sta a parceria entre os governos federal, estadual, a universidade e o setor privado em um setor estratégico para o país”. Anastasia ainda ressaltou que “o espírito federativo da presidente move todos os governadores do país”. O governador ainda destacou ainda que a parceria firmada na manhã desta terça-feira é mais “um passo importante, do esforço de Minas Gerais na nova economia do país”.
Dilma também manifestou sua posição, de apoiar o crescimento da economia, no mesmo momento em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para dois dias de discussões em torno de um possível aumento da Selic, a taxa básica de juros.
– Nós jamais voltaremos a ter aqueles juros de 12%, 15%. A inflação foi uma conquista desses dez anos de governo – disse a presidenta. Dilma se manteve firme no posicionamento que já vem assumindo desde o início de seu mandato. Para ela, manter a economia aquecida, garantindo empregos, é bem mais importante do que seguir, de forma rígida, as metas de inflação.
Dilma também tocou no assunto, em seu discurso:
– Hoje temos uma taxa de juro real bem baixa. Em qualquer necessidade de combate à inflação, poderemos elevá-la num patamar ainda considerado baixo. Nós não negociaremos com a inflação, não teremos o menor problema em atacá-la sistematicamente. Queremos manter o nível estável, porque a inflação corrói.
Sem citar nomes, Dilma criticou ainda os analistas da mídia conservadora que defendem, diariamente, a elevação da taxa Selic e o combate à inflação a todo custo, sob pena de se reduzir o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
– Uma parte dessa história que vocês escutam eu chamo de pessimismo especializado, pessimismo de plantão, que nunca olha o que nós conquistamos, mas sempre olha achando que a catástrofe é maior, achando que esse é um processo que tem sinalizações indevidas – concluiu.