Os organizadores escolheram o 1º de abril, Dia da Mentira e aniversário de 48 anos do golpe, para discutir a questão "de modo bem-humorado e radical". Passando por jornais, empresas e lugares simbólicos do apoio civil à ditadura, o Cordão da Mentira irá desfilar pelo centro da cidade de São Paulo para apontar quais foram os atores civis que se uniram aos militares durante os anos de chumbo. Concentração para o ato deste domingo inicia às 11h30min, em frente ao cemitério da Consolação.
Redação
Depois dos assassinos e torturadores, agora é
a vez dos apoiadores do golpe civil-militar de 1964 serem alvos de
protestos. Passando por jornais, empresas e lugares simbólicos do apoio
civil à ditadura, o Cordão da Mentira irá desfilar pelo centro da cidade
de São Paulo para apontar quais foram os atores civis que se uniram aos
militares durante os anos de chumbo.
Os organizadores -
coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas da capital - afirmam
ter escolhido o 1º de abril, Dia da Mentira e aniversário de 48 anos do
golpe, para discutir a questão "de modo bem-humorado e radical".
Ao
longo do trajeto, os manifestantes cantarão sambas e marchinhas de
autoria própria e realizarão intervenções artísticas que, segundo eles,
pretendem colocar a pergunta: “Quando vai acabar a ditadura
civil-militar?”.
TRAJETO (confira resumo, no fim do texto)
A concentração acontecerá às 11h30, em frente ao cemitério da Consolação.
Em
seguida, o cordão passará pela rua Maria Antônia, onde estudantes da
Universidade Mackenzie, dentre eles integrantes do CCC (Comando de Caça
aos Comunistas), entraram em confronto com alunos da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da USP. Um estudante secundarista morreu.
Dali,
os foliões-manifestantes seguem para a sede da TFP (Sociedade
Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), uma das
organizadoras da “Marcha da Família com Deus, pela Liberdade”, que 13
dias antes do golpe convocava o exército para se levantar “contra a
desordem, a subversão, a anarquia e o comunismo”.
Depois de
passar pelo Elevado Costa e Silva - que leva o nome do presidente em
cujo governo foi editado o AI-5, o mais duro dos Atos Institucionais da
ditadura - o bloco seguirá pela alameda Barão de Limeira, onde está a
sede do jornal Folha de S.Paulo. Segundo Beatriz Kushnir, doutora em
história social pela Unicamp, a Folha ficou conhecida nos anos 70 como o
jornal de “maior tiragem” do Brasil, por contar em sua redação com o
maior número de “tiras”, agentes da repressão.
A ação da polícia
na Cracolândia, símbolo da continuidade das políticas repressivas no
período pós-ditadura, bem como o Projeto Nova Luz, realizado pela
Prefeitura de São Paulo, serão alvos dos protestos durante a passagem do
cordão pela rua Helvétia.
Finalmente, será na antiga sede do
Dops (Departamento de Ordem Política e Social), na rua General Osório,
que o Cordão da Mentira morrerá.
CORDÃO DA MENTIRA
Quando: Domingo, 1º de abril de 2012, a partir das 11h30
Onde: concentração no Cemitério da Consolação
TRAJETO
R. Maria Antônia – Guerra da Maria Antônia
Av. Higienópolis – sede da TFP
R. Martim Francisco
R. Jaguaribe
R. Fortunato
R. Frederico Abranches
Parada no Largo da Santa Cecília
R. Ana Cintra – Elevado Costa e Silva
R. Barão de Campinas
R. Glete
R. Barão de Limeira – jornal Folha de S.Paulo
R. Duque de Caxias – Cracolândia/Projeto Nova Luz
R. Mauá
Dispersão: R. Mauá com a R. General Osório – antigo prédio do Dops