Além de colocar o mandato a serviço do contraventor Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) tentou ludibriar a
fiscalização da contratação de servidores fantasmas no Senado. Numa das
conversas gravadas pela Polícia Federal na Operação Vega, Demóstenes diz ao
contraventor que terá que demitir dois servidores e depois recontratá-los.
O motivo seria escapar das denúncias de desvio de dinheiro por meio da
contratação de assessores fictícios. Acusado de chefiar a exploração ilegal de
caça-níqueis, Cachoeira está detido no presídio de segurança máxima de Mossoró
(RN).
Devido a esta e outras acusações, o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito
criminal contra o senador e outros parlamentares na quinta-feira. A conversa foi
interceptada às 15h51m do dia 12 de maio de 2009. Depois dos cumprimentos
habituais, em que se tratam de Doutor (Demóstenes) e Professor (Cachoeira), o
senador vai direto ao ponto que interessa ao colega.
— Tão aqui nos gabinetes procurando servidores fantasmas. Você entendeu ?
Então, para evitar problema, no futuro a gente volta a resolver isso aí, falou?
— confidencia o senador.
Naquele momento, senadores estavam às voltas com denúncias de atos secretos e
contratação de servidores fantasmas. Publicamente, o senador defendia a faxina
ética e criticava duramente o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Mas,
na conversa com o contraventor, Demóstenes classifica a fiscalização de "caça às
bruxas" e dá a receita para burlá-la.
— Caça às bruxas aqui. Mas daqui a uns dois, três meses a coisa aquieta e a
gente retorna, falou?
Cachoeira, o “Professor”, endossa a trama:
— O.K., Doutor.