29 março 2012

DEM rifa Demóstenes para tentar salvar face ética

DEM rifa Demóstenes para tentar salvar face ética

Foto: Montagem/247

Ao forçar a saída do ex-governador José Roberto Arruda do partido, em 2009, com apoio de Demóstenes, o DEM abriu as portas para o surgimeto do PSD, que só lhe enfraqueceu; agora é Demóstenes que está na berlinda para que o partido possa manter a bandeira da ética; será que vai sobrar alguém?

247 – O ex-governador José Roberto Arruda deixou o Democratas em dezembro de 2009 depois de ser alvo, entre outros políticos do Distrito Federal, da Operação Caixa de Pandora, que investigou uma rede de pagamentos a parlamentares no DF, celebrizada como “mensalão do DEM”. À época, o senador e então líder do DEM no Senado Demóstenes Torres (GO) esteve entre os democratas que exigiram publicamente a expulsão do ex-governador do partido, e prometeu inclusive processar Arruda por tentar envolvê-lo nas denúncias que valeram a cassação do ex-DEM em 2010.
Ironicamente, agora é Demóstenes que pode ser defenestrado em nome da ética democrata. Em seu Twitter, o presidente nacional do partido e, agora, líder do DEM no Senado, Agripino Maia, resumiu o discurso que pode encerrar a história entre Demóstenes e DEM: “Nas denúncias envolvendo o senador Demóstenes Torres, o Democratas tem uma posição que o diferencia dos demais partidos”. O link indicado na sequência da frase dá prosseguimento ao posicionamento do partido:
“Existe uma marca fundamental do Democratas em lidar com as denúncias contra seus integrantes que o destaca da maioria absoluta dos demais partidos do Brasil. Ao invés de invocar conspirações políticas, perseguições da imprensa ou qualquer outro tipo de teoria conspiratória, o partido aceita os fatos já revelados e exige explicações do suposto envolvido”, destaca o senador em seu site.
Num sistema político como o que se estabeleceu no Brasil, carregar a bandeira da ética parece ter se tornado um fardo muito grande. Seguindo nessa toada, o DEM pode ficar sem parlamentares nos próximos anos – e não apenas porque boa parte deles deixou o barco para se unir ao PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, após o enfraquecimento decorrente da perda de um governador.
Defesa
Segundo nota do DEM, “caso as justificativas comprovem sua inocência, ele (Demóstenes) deverá ser absolvido e não deve arcar com nenhum ônus”. O presidente da legenda aproveita para destacar “a torcida e esperança do partido” para que Demóstenes “se explique e seja convincente com relação às acusações contra ele nas últimas semanas”. “Terá todo o apoio do Democratas nessa sua tarefa. As garantias previstas na Constituição também devem ser rigorosamente respeitadas”, dizem os democratas.
Em defesa dessa teoria, o partido lembra que “então uma das maiores figuras do Democratas, o ex-governador José Roberto Arruda precisou abandonar o partido quando as denúncias contra ele se tornaram irrefutáveis”. Nas comparações entre o comportamento do DEM e o dos outros partidos, sobrou para o PT:
“Quando acuado por suspeita de mal feitos, o Partido dos Trabalhadores costuma utilizar-se de outras armas no nosso entender menos aceitáveis. Por exemplo, a pretensão mal disfarçada em coibir a imprensa por meio de conselhos ou leis regulatórias”, diz a nota. “(O PT) Também joga uma cortina de fumaça sobre eventos deletérios que o envolvem por meio da tentativa de deslegitimar os órgãos denunciantes”, completa, para finalizar: “Como sempre, o Democratas pensa diferente. Mesmo que possa prejudicar o partido, a liberdade irrestrita de imprensa é uma bandeira irremovível do Democratas”.