Promotores abrem ação penal por crimes de lavagem de dinheiro, exploração de jogos de azar e corrupção, entre outros; quadrilha era protegida por policiais militares, civis e autoridades; PF tem 289 gravações de conversas entre Cachoceira e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO)
O Ministério Público Federal em Goiás ofereceu denúncia nessa segunda-feira contra 81 pessoas envolvidas com a máfia dos caça-níqueis, desarticulada pela Operação Monte Carlo, que aconteceu no último dia 29 de fevereiro.
Segundo os procuradores da República Daniel de Resende Salgado, Lea Batista de Oliveira e Marcelo Ribeiro de Oliveira a organização criminosa agia há mais de 10 anos em Goiás e no Entorno do Distrito Federal.
A quadrilha era encabeçada pelo empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira e explorava pontos de jogatina em máquinas caça-níqueis e se mantinha com apoio de policiais civis, militares e até membros destacados da Polícia Federal.
As relações de Cachoeira iam além do mundo dos jogos de azar: as escutas telefônicas descobriram que ele mantinha contatos bem assíduos com políticos influentes, como o senador Demóstenes Torres (DEM), inclusive com rádio Nextel habilitado nos EUA para conversarem em segredo. Não tão em segredo, pois a PF descobriu e gravou 298 conversas reservadas do Senador Cachoeira com o “Professor”.
“Esses agentes organizavam pseudoatuações, simulações de trabalhos policiais, tudo para conferir impressão de enfrentamento ao crime, ou, em outros casos, eram utilizados para eliminação de concorrentes e desarticulação de pessoas que se afastavam do controle e orientação do grupo, viabilizando um domínio territorial rígido, de longo prazo e cartelizado da atividade, monopolizando-a em todo o estado”, detalha a denúncia.
Segundo os procuradores esta é a primeira de uma série de denúncias sobre o caso e que esta peça foca na formação de quadrilha armada, corrupção, peculato e violação de sigilo perpetrado por servidores públicos federais, estaduais e municipais