Delúbio Soares *
Nos idos da década de 40, a bordo de um valente teco-teco, o jornalista Assis Chateaubriand chegou às cidades mais remotas de nossos sertões com uma novidade toda sua, os “postos de puericultura”. Com o mesmo gênio inquieto e espírito visionário, o notável jornalista e empreendedor, retratado brilhantemente por Fernando Morais em histórica biografia, buscava alcançar vários objetivos com uma só iniciativa: receber em período integral as crianças para que suas mães pudessem trabalhar fora, dando-lhes naqueles postos alimentação, educação básica, assistência médica e odontológica, além das atividades recreativas.
Se não havia um rigor pedagógico como o das fabulosas Escolas-Parque de outro gênio, o educador Anísio Teixeira, “Chatô” teve o indiscutível mérito de apoiar a emancipação feminina num tempo em que as mulheres pouco ou nada trabalhavam fora de casa, garantindo-lhes a tranqüilidade de saber que seus filhos estariam bem assistidos, com os cuidados básicos de saúde e alimentação correta. Foram mais de 500 postos de puericultura por todo o Brasil, os embriões do que hoje é a creche, tão comum e indispensável no dia-a-dia de milhões de mães brasileiras que trabalham e precisam deixar seus filhos com a certeza de que serão tratados com respeito e carinho.São obras que ultrapassam gerações e que fazem a história. Chateaubriand, com todas as críticas que recebeu, com as mazelas que se lhe reconhecem e os muitos inimigos que fez, deixou uma vasta obra no campo social, como criador do Museu de Arte de São Paulo, o fabuloso MASP, o grande incentivador de nossa aviação com o lançamento da indústria aeronáutica, a construção dos legendários aviões de treinamento “Paulistinha” e a disseminação dos aeroclubes pelo Brasil afora, iniciativas de sua lavra e frutos da impressionante visão de brasileiro apaixonado por seu país. A mais notável de todas, é a que menos lhe é atribuída, justamente as creches como instituições integrantes do dia-a-dia dos brasileiros, especialmente das mães trabalhadoras. A presidenta Dilma Rousseff, em mais uma ação de grande alcance social, anunciou a construção de 6.427 creches e pré-escolas até 2014, de acordo com a necessidade de nossos Municípios. A ampliação da rede de creches escolares faz parte do PNE (Plano Nacional de Educação), cuja meta é atender a totalidade de nossas crianças entre os 4 e 5 anos até 2016, e 50% das crianças de 0 a 3 anos até 2020. Pode parecer uma meta ambiciosa, mas é plenamente exeqüível para um governo com preocupações sociais e comprometimento claro com seu povo. Foi assim com os oito anos de sucesso do presidente Lula, assim está sendo com a gestão competente da presidenta Dilma.Dilma dá a entonação humanista ao seu mandato quando ressalta que o governo tem o dever de garantir aos brasileirinhos um futuro bem melhor do que os seus pais tiveram. A presidenta não deixa dúvidas quanto à sua visão de Brasil: com justiça social, melhor distribuição de renda, democracia de oportunidades. É o Brasil que sonhamos, iniciado por Lula e consolidado pela eleição da primeira mulher a ocupar a suprema magistratura da Nação. E a criança, recebendo atenção e carinho, educação e saúde, é a base sólida do país vitorioso que estamos construindo.Outra iniciativa extraordinária é a construção de 6.116 novas quadras esportivas escolares, com outras 5 mil recebendo coberturas até 2014. Isso é fundamental para que possamos implementar o período integral nas escolas públicas de todo o país, recebendo nossas crianças pela manhã e as devolvendo aos seus lares no final da tarde. Irão receber instrução escolar, alimentação balanceada e de boa qualidade, orientação pedagógica e assistência médica e odontológica. Uma criança bem alimentada, cuidada com carinho e recebendo atenção permanente de professores bem remunerados, é o mais forte projeto de futuro que uma Nação pode acalentar.Serão 1.466 cidades, em todas as regiões do Brasil, as que receberão as novas unidades educacionais, entre creches e quadras esportivas. Somando-se as 1.484 unidades já em construção em 1.040 Municípios, a meta estabelecida de 6 mil unidades será superada com folga. É o oposto dos anos de estagnação e de descaso durante a gestão de FHC e do tucanato, quando a educação pública foi relegada a um patamar de gritante inferioridade, preterida pelo modelo neoliberal, sabotada em favor do ensino pago, dificultando a vida dos pobres e impedindo o acesso dos filhos do povo à boa educação, à escola de qualidade. Os tucanos tratam a educação de forma brutal: há mais de 100 dias os professores de Minas Gerais estão em greve, merecendo solene desprezo para com suas reivindicações mais justas; no Paraná, nos tempos do governo de Alvaro Dias, os professores foram impiedosamente massacrados diante do palácio do governo, com cavalos, cães ferozes e bombas de gás lacrimogêneo, humilhados e enxotados de forma vil.
(*) Delúbio Soares é professor
companheirodelubio@gmail.com