O governo chega aos seis meses com uma imagem muito boa, apesar de que nem todos (como é natural) fiquem felizes com isso.
Existem diversas pesquisas publicadas sobre como é percebido pela sociedade. Vários resultados são relevantes, mas um é fundamental: a vasta maioria dos entrevistados diz estar satisfeita com seu trabalho.
Dilma tem um nível de aprovação popular superior a qualquer outro presidente em momento semelhante. Nenhum chegou ao final de seu primeiro semestre com números iguais. Nem Lula, que só foi além mais tarde, no segundo ano de seu segundo mandato.
Não é apenas isso que as pesquisas mostram. Quando, em pesquisas qualitativas, se aprofundam as perguntas de avaliação de seu comportamento, o que se vê é uma ampla tolerância em relação ao que as pessoas entendem como um período de adaptação e aprendizagem.
Para aqueles que votaram nela, a informação de que ela não tinha experiência política anterior não era fundamental e, provavelmente, sequer relevante. Tanto que não hesitaram em preferi-la a quem se apresentava como mais qualificado e que possuía, segundo qualquer critério objetivo, mais credenciais no currículo.
As 47 milhões de pessoas que votaram em Dilma no primeiro turno a escolheram sabendo o que faziam. Não foram iludidas a vê-la como o que não era. Sua campanha não inventou uma biografia.
Para os outros 8 milhões que votaram Dilma apenas no segundo turno, ela não era a primeira preferência, mas, quando se decidiram por ela, não foi por compará-la favoravelmente a Serra no passado de gestora. Foram outras coisas que levaram em conta.
Seus 55 milhões de eleitores em 31 de outubro estavam conscientes de que ela iria aprender a ser presidente exercendo a função. De que precisaria tempo para se desempenhar com máxima eficiência. De que, por isso mesmo, se apoiaria na equipe e nos projetos do governo anterior. De que, enquanto estivesse “se acostumando” com suas funções, precisaria da colaboração de Lula.
Muitos dos que não votaram nela pensam de forma parecida, pelo que mostram as pesquisas atuais. É claro que não são poucos os que não comungam com essas ideias, mas são minoria. Se não, como estaria ela batendo recordes de popularidade?
O que acontece é que, independentemente do voto, as pessoas tendem a olhar Dilma e o governo da mesma maneira que percebem as vicissitudes de sua vida concreta. Mudanças, desafios, treino, aprendizagem, errar e acertar, ficar à vontade em uma nova atividade, são parte das experiências reais pelas quais as pessoas passam, no trabalho, na escola, no cotidiano. É com base nelas, ou seja, na sua própria vida, que pensam o governo.
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi