29 junho 2011

Veja o que Wikileaks revela sobre o governo Serra e a Igreja Católica no Brasil

Do R7, com Jornal da Record
Leia os principais trechos dos documentos obtidos pelo Jornal da Record

O jornalismo da TV Record teve acesso com exclusividade a documentos entregues pelo representante do WikiLeaks no Brasil. Seis despachos relatam conversas do ex-governador de São Paulo José Serra com autoridades americanas para pedir auxílio na área de segurança pública. Nas conversas, ocorridas em 2007, Serra dizia que era extremamente frustrante coordenar esforços com o Governo Federal.
Outro documento ao qual a Record teve acesso mostra a preocupação do Vaticano com a queda do número de padres e de fiéis na Igreja Católica brasileira.
Igreja Católica
Quando o Papa Bento 16 veio ao Brasil entre os dias 9 e 13 de maio de 2007 a fim de participar do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano), a crise na Igreja Católica foi o principal assunto em pauta.
Veja na íntegra o documento do WikiLeaks sobre a Igreja Católica (documento está em inglês)
Veja na íntegra o documento do WikiLeaks sobre o governo Serra (documento está em inglês)

Segundo documentos obtidos pelo WikiLeaks, de fato, o monsenhor Stefano Migliorelli afirmou que a crise na Igreja é um fator importante na região. Existe um déficit bem maior de padres na América Latina do que nos Estados Unidos.
De acordo com algumas pesquisas, há dez vezes menos padres per capita na região do que nos EUA. Além disso, Migliorelli lamentou que o baixo nível escolar da região, e disse que muitas vezes os padres latino-americanos não aderem aos padrões de disciplina exigidos (celibato, sacramentos, etc.)
Apesar de Bento 16 estar de olho nos leigos em sua viagem, Migliorelli admite que a questão clerical também merece atenção.


Os documentos foram obtidos pela agência Pública, de jornalismo investigativo, e fazem parte do projeto  "Semana WikiLeaks" no portal. Durante três dias, 15 repórteres independentes foram reunidos pela agência para voluntariamente ler 2.500 documentos da embaixada americana no Brasil que ainda estão inéditos.

Essa força-tarefa foi feita com trabalho voluntário e rendeu cerca de 50 matérias, que serão publicadas durante a próxima semana (entre os dias 27 de junho e 3 de julho) no site da Pública.

Catolicismo perde força

Quando o papa João Paulo 2º fez sua primeira visita ao Brasil, em 1980, os católicos eram 89% da população. Mas, de acordo com o censo do ano 2000, esse número caiu para 74%, enquanto em algumas das maiores cidades do país o total não passa de 60%.

A cada ano, milhões de católicos latino-americanos se convertem às igrejas evangélicas. Segundo a Igreja Católica, o êxodo é incentivado ativamente por pastores destas novas congregações.

Uma reunião preparatória em Roma para a CELAM sinalizou o interesse econômico que muitos dos bispos da Igreja Católica atual compartilham. Em uma entrevista coletiva à imprensa pouco após o evento, os bispos reclamaram da “distribuição injusta de riqueza” e do “abismo da diferença de recursos distribuídos” para cada uma de suas regiões.

Eles questionaram como isso pode acontecer, visto que a maioria dos presidentes, empresários e profissionais de países latino-americanos se declaram católicos.

Governo de São Paulo

Em um encontro de uma hora com o embaixador, o então governador de São Paulo, José Serra, disse em sua posse que a prioridade mais imediata era a segurança pública, especialmente dentro do sistema de transporte público metropolitano, que é responsabilidade do governo do Estado. Apesar das estatísticas mostrarem um declínio nos índices de crimes violentos, o Estado e a região metropolitana de São Paulo continuam a sofrer com uma onda de crimes comuns, e as preocupações quanto ao grupo PCC (Primeiro Comando da Capital) não diminuíram.

Serra afirmou que, para combater o crime, o Estado precisa de mais tecnologia, treinamento e conhecimento técnico do que recursos financeiros, e pediu para que o Departamento de Segurança Nacional americano e as autoridades de trânsito dos EUA ajudassem no treinamento dos funcionários de metrô e CPTM de São Paulo para identificar ameaças de bomba e outros riscos para a segurança pública.

Ele indicou que estava extremamente interessado em se encontrar com o Attorney General dos EUA (o equivalente ao Advogado Geral da União no Brasil) em fevereiro, mas que não sabia se iria ser possível viajar até Brasília para isso, apesar de prometer que irá tentar.
O Cônsul Geral se encontrou no dia 17 de janeiro com o secretário de Transporte Metropolitano do Estado de São Paulo Jose Luiz Portella e sua equipe para acompanhar os pedidos do governador Jose Serra quanto à ajuda na segurança dos sistemas de metrô e trem.
Portella descreveu os desafios que estes sistemas enfrentam, e delimitou os procedimentos já existentes.
Em resposta, o Departamento de Segurança Nacional americano fez uma série de perguntas e se ofereceu para trazer um especialista para fazer uma avaliação.
O representante do Departamento de Segurança de Transporte americano em Buenos Aires agendou uma visita a São Paulo no dia 24 de janeiro, como um primeiro passo para providenciar assistência técnica aos oficiais de Segurança Pública do Estado, informa o WikiLeaks.