É vergonhosa, por estar imprecisa, parcial e ideologizada a cobertura que a mídia brasileira - particularmente as TVs - dá ao caso Cesare Batisti, o escritor e ex-ativista político italiano sobre quem o Supremo Tribunal Federal (STF) validou na última quarta-feira a decisão do ex-presidente Lula de não extraditá-lo para a Itália.
Por José Dirceu, em seu blog
A cobertura está toda na linha de condenação ao Brasil por manter aqui o cidadão que pediu e obteve refúgio político em nosso país. Pior, Battisti voltou ao noticiário esta semana por causa da decisão do STF, mas este fato novo não é o noticiado pela TV — e, sim, que o ex-presidente Lula decidiu seis meses atrás, e como lhe facultou a Corte, manter o italiano no Brasil.
Tampouco lembram a decisão do STF de novembro de 2009, que considerou que a palavra final do caso caberia ao chefe do Estado brasileiro. O Jornal Nacional da Rede Globo, por exemplo, na quinta-feira, deixou claro sua posição contrária a Battisti. No Jornal da Band, pior, um dos apresentadores, para esculhambar a decisão brasileira de manter Battisti aqui, chegou a dizer que nosso país confirmou o propalado por filmes de bandidos nos quais, no final, um gangster sempre foge para o Brasil.
Por José Dirceu, em seu blog
A cobertura está toda na linha de condenação ao Brasil por manter aqui o cidadão que pediu e obteve refúgio político em nosso país. Pior, Battisti voltou ao noticiário esta semana por causa da decisão do STF, mas este fato novo não é o noticiado pela TV — e, sim, que o ex-presidente Lula decidiu seis meses atrás, e como lhe facultou a Corte, manter o italiano no Brasil.
Tampouco lembram a decisão do STF de novembro de 2009, que considerou que a palavra final do caso caberia ao chefe do Estado brasileiro. O Jornal Nacional da Rede Globo, por exemplo, na quinta-feira, deixou claro sua posição contrária a Battisti. No Jornal da Band, pior, um dos apresentadores, para esculhambar a decisão brasileira de manter Battisti aqui, chegou a dizer que nosso país confirmou o propalado por filmes de bandidos nos quais, no final, um gangster sempre foge para o Brasil.
Um comentarista, também no Jornal da Band, repetiu que o Brasil concedeu refúgio a um terrorista quando Battisti, há anos assinou até documentos renegando o terrorismo. Ficaram na insistência, ainda, quanto à condenação do escritor na Itália, sem explicar que lá ela ocorreu pelo discutível método da delação premiada e que chegaram a mudar e a criar leis para enquadrá-lo quando ele já estava sendo processado.
E o apoio a torturadores e assassinos?
O interessante nisso tudo é que essa mídia que agora ideologiza porque Battisti é de esquerda e se posiciona contra sua permanência aqui é a mesma que apoiou desde a primeira hora, em 1979, a proposta de anistia apresentada pela ditadura militar brasileira e que, no início — quando a imprensa se apressou em apoiar — não era tão ampla quanto se conquistou depois.
Como é que o Brasil, o ex-presidente Lula e o STF iam agora extraditar Battisti se aqui, com amplo, geral e irrestrito aplauso da nossa mídia, demos anistia recíproca em 1979 até a torturadores e assassinos assumidos e convictos, que adotaram essas práticas na ditadura?