Construir um partido forte, à altura de nossos desafios
PCdoB de Florianópolis se prepara para conferência municipal
Conjuntura Nacional
1. A eleição de Dilma Roussef em 2010 consolida mais uma etapa vitoriosa na construção de um projeto nacional de desenvolvimento, experimentado pelos brasileiros nos últimos oito anos, no Governo Lula. O grande esforço do campo de esquerda e progressista, na sustentação da plataforma de mudanças, tem seu cerne na defesa de um modelo capaz de superar as desigualdades sociais, ampliar a democracia e fortalecer a economia nacional, com soberania.
2. No entanto, por mais que esta tendência esteja presente no campo político que compõe o Governo Dilma, ainda é muito forte a oposição que sofre esta corrente de opinião, dentro e fora do governo. Oposição esta que, se ganhar forças, contribuirá para que as vitórias alcançadas degringolem e o país retroceda. A luta pela constituição de um projeto de desenvolvimento nacional, que permita o amadurecimento do país e de seu povo, está no centro das disputas políticas e ideológicas entre as forças aliadas no governo e destas com a oposição conservadora.
3. Neste começo de governo os rentistas, que se beneficiam dos juros, continuam mostrando sua força. Através do velho discurso de controle da inflação e de crescimento econômico sustentável, levam o governo a cortar gastos e aumentar os juros. O medo da inflação não pode continuar sendo impedimento para que o país se desenvolva.
4. O quadro político no governo é marcado pelo hegemonismo do PT e pela aliança deste com o PMDB. Da aliança participam também, em posição secundária, outros partidos de esquerda e um amplo espectro de forças de centro, com matiz progressista.
5. O PCdoB luta pela vitória do Governo Dilma e entende que ela só se dará com a implementação do projeto de mudanças para o qual foi eleito. Para isso, precisa suplantar a atual política macroeconômica de viés neoliberal que, apesar de dar sinais de fragilidade da sua hegemonia, mantém-se como forte orientador da política econômica brasileira e mundial.
6. Além disso, é preciso realizar as reformas estruturais e democráticas, tais como a reforma do sistema financeiro, da educação, urbana, agrária, tributária. Desenvolver a luta pela democratização dos meios de comunicação, pelo reajuste real do salário mínimo, dentre outras.
7. A reforma política requer especial atenção, pois o país não pode retroceder nas conquistas democráticas. É preciso que ela seja ampla e democrática, que reafirme a autonomia de organização partidária e fortaleça os instrumentos de participação da população na vida política do país. Para tanto, defendemos a manutenção das coligações majoritárias e proporcionais, o financiamento exclusivo público das campanhas eleitorais e a adoção do sistema de listas fechadas nas eleições proporcionais com alternância entre homens e mulheres na lista preordenada de candidaturas.
8. Nesse espaço de disputa, por mais justas que sejam as opiniões e propostas, elas só surtirão os efeitos esperados se emanadas de estruturas partidárias fortes, politicamente sintonizadas aos desafios da vida política nacional. Precisam ser representativas de parcelas da população e organizadas junto ao povo. Este foi o grande desafio do PCdoB ao longo do Governo Lula e continuará sendo no próximo período que se avizinha.
9. O PCdoB saiu fortalecido do último processo eleitoral. Nacionalmente, conquistamos 15 cadeiras na Câmara Federal, além de somar duas no Senado e 18 nas Assembléias Legislativas de diversos Estados. Porém, ainda está aquém dos desafios que se propõe.
10. O cenário nacional, considerando a força e a presença do Partido, nos traz inúmeros e grandiosos desafios, evidenciados pelas contradições que o leque de alianças do Governo Federal traz consigo. Contradições que podem se acentuar com a formação do “novo” PSD, composto basicamente por dissidentes de partidos de direita e que se inclina para a base de apoio do Governo Dilma.
11. Nacionalmente, esta nova agremiação partidária, anuncia diferenças programáticas em relação ao DEM. Em São Paulo, seu principal idealizador, o prefeito da capital paulista Gilberto Kassab, desenvolve movimentos nitidamente distintos de seu passado recente, aproximando-se da base do governo Dilma. Causado ainda mais dúvidas sobre o verdadeiro rumo deste partido no espectro político brasileiro. Causando inclusive estragos na aliança conservadora encabeçada pelo PSDB. Porém o local de pouso do novo partido ainda é incerto, resta aguardar na luta o desfecho desse processo.
12. A única afirmação que se pode fazer neste momento é a de que estamos assistindo um processo de fragilização das forças conservadoras, de proporções inéditas na democracia brasileira. Porém isso não significa que estas deixaram de existir na sociedade e muito menos de se agrupar em algum partido. O PSDB pode vir a ser o grande catalisador dessas forças, principalmente se na disputa interna prevalecer às idéias de Serra e FHC.
13. Deslocando o foco do enfrentamento para SC, são identificadas inúmeras barreiras a serem transpostas, no entanto, também se percebe um conjunto de oportunidades.
O cenário político catarinense
14. O último processo eleitoral reafirmou o predomínio de uma grande aliança no Estado.
15. Em 2006, o principal partido de SC, o PMDB, com o apoio da direita – DEM e PSDB –, além do PPS e do PTB, venceu as eleições.
16. Já em 2010, a direita encabeçada pelo DEM, com apoio PMDB, do PSDB, seguidos pelo PPS e PTB, venceu a eleição no primeiro turno. É inegável que a grande aliança eleitoral, somada à estrutura desses partidos e o poderio econômico, foram determinantes para mais esta vitória. Na disputa presidencial, também venceu a candidatura de Serra em nosso Estado.
17. Além da vitória no executivo, este leque de partidos elegeu dois senadores, Luís Henrique (PMDB) e Paulo Bauer (PSDB) e cerca de 2/3 dos deputados federais e estaduais. Para completar, elegeu ainda o presidente da ALESC, o deputado Gelson Mereceu, pelo DEM.
18. Com a adesão do PP a base de apoio, Colombo passa a contar com o apoio de 31 dos 40 deputados. Uma correlação de forças diferente da nacional, sendo que aqui predominam as forças conservadoras. Estes movimentos terão impactos diretos nas eleições de 2012, podendo viabilizar coligações deste nas principais cidades catarinenses.
19. Fato novo foi a conquista de uma cadeira na Assembléia Legislativa pelo PCdoB, através da eleição de Angela Albino. Com a conquista deste importante espaço político, o partido passa a ter condições de intervir na vida política catarinense. Mas, esta intervenção não ocorrerá automaticamente. O mandato precisa estar estruturado, ser um espaço coletivo de construção política e ideológica. A direção partidária cumpre papel determinante na orientação tática e estratégica do mandato.
20. Outra conseqüência daquele processo foi a inédita votação obtida pelo camarada João Ghizoni na disputa pelo senado. Foram mais de 500 mil votos, refletindo a potencialidade que as idéias do PCdoB possuem em SC. Faz-se necessário refletirmos sobre este resultado e tirarmos o melhor proveito possível para o crescimento partidário.
21. O campo popular, apesar de uma boa coligação, mais uma vez saiu derrotado na eleição majoritária, não elegendo ninguém. E no parlamento obteve pequeno acréscimo.
22. Recentemente, a migração de Raimundo Colombo e da imensa maioria das lideranças estaduais e regionais do DEM para o novo PSD, trouxe uma nuvem de indefinições para SC. A proposta nacional deste novo partido e de livra-se das opiniões e práticas do DEM, porém sua composição é de pessoas que historicamente se posicionaram a direita no espectro político.
23. Para se assumir uma posição mais contundente a respeito dessa situação, o Partido entende que tem de se esperar o desfecho de todo o processo que envolve o PSD e assim identificar seu posicionamento frente ao governo Dilma. No caso de SC, até que este processo de se consolide e de que o governador e seus seguidores mudem sua política, mantêm-se a orientação do Comitê Estadual de posicionarmo-nos no bloco de oposição ao governo, porém sermos conseqüentes com os interesses do povo catarinense e apoiarmos as medidas que venham neste sentido.
24. Este quadro político estadual necessita ser alterado significativamente. O momento decisivo será a batalha política eleitoral de 2012, onde devemos atuar taticamente para dividir a tríplice aliança, isolando as forças conservadoras. É necessário fortalecer, dentro do campo de articulação do Governo Dilma, um projeto diferenciado de desenvolvimento para Santa Catarina, diferente desse construído pelos últimos governos estaduais.
25. Esse cenário é determinante para a avaliação dos elementos que compõem a disputa política em Florianópolis. É necessário conhecê-lo para termos uma justa percepção da realidade, visto que desejamos alcançar êxitos nas batalhas que se aproximam, especialmente as eleições de 2012 e 2014. Para tanto, é necessário que as forças de esquerda e progressista aprendam com os próprios erros, visto que a vitória e a hegemonia da tríplice aliança também são permeadas por erros táticos e estratégicos do nosso campo.
A Eleição de 2010 e as perspectivas para 2012 em Florianópolis.
26. Findo o processo eleitoral de 2010 e formado o novo quadro político, tomam corpo os debates em torno da eleição municipal de 2012. Na capital, Dário Berger e seu grupo saíram derrotados das eleições, perdendo as prévias do PMDB para o atual vice-governador, Eduardo Moreira. Também não conseguiram eleger nenhum dos candidatos que apoiaram para cargos no legislativo estadual e federal.
27. No entanto, mantém considerável força política. Administra a prefeitura da capital do estado, está filiado a um grande partido, pertence à base de apoio do governador Raimundo Colombo e ao mesmo tempo compõe base de apoio do Governo Federal.
28. Visando apoio à disputa majoritária de 2012, Dario faz movimentos de ampliação de seu discurso e de aproximação com o PT. O caso do PSB é peculiar, pois tem como presidente estadual seu irmão, Djalma Berger, prefeito de São José, que compõe o grupo político do prefeito da capital. No processo eleitoral de 2010, Dário apoiou Dilma e Vignatti, apesar de grande parte das lideranças do PMDB apoiarem Serra.
29. Para a sucessão da capital, principal disputa política de 2012, Dário já escolheu seu nome: Gean Loureiro, atual secretário de governo da prefeitura de Florianópolis. Berger movimenta-se para manter e ampliar a coligação que o elegeu, visando garantir seu sucessor e a continuidade de seu projeto político.
30. O PT não dispõe de uma grande liderança política eleitoral na cidade e encontra dificuldades em unificar opiniões em Florianópolis. Porém, considerando sua força política, o partido é a sigla a ser disputada para o processo eleitoral de 2012.
31. O DEM saiu fortalecido do processo eleitoral. Elegeu o governador ainda no primeiro turno, o presidente da ALESC e o presidente da Câmara Municipal da capital. Na eleição proporcional também obteve vitórias importantes, com ênfase na região da Grande Florianópolis, elegendo Paulinho Bornhausen deputado federal e César Souza Junior deputado estadual. Esse último, o parlamentar estadual mais votado na cidade, credenciou-se para a disputa majoritária municipal de 2012. Com exceção do vereador Jaime Tonello, o DEM, até final de 2010 participou da base de apoio do governo Dário, com dois vereadores. Diante da polêmica eleição para a mesa da Câmara de Vereadores e das perspectivas da eleição de 2012, passou a ter uma posição de “independência”.
32. O PP não logrou êxito em seu projeto majoritário em 2010. Elegeu um deputado estadual na região da Grande Florianópolis, Lício Mauro da Silveira, falecido logo após a eleição e Esperidião Amin à Câmara Federal. Diante da derrota sofrida em 2010, o partido movimentou-se de forma a incorporar a base de apoio do Governo de Colombo. Movimento que pode repercutir numa composição com o DEM para a PMF. No entanto, reforça nacionalmente sua postura de apoio ao Governo Dilma.
33. Mesmo diante das dificuldades, o PP dispõe de nomes com densidade eleitoral, como é o caso de Ângela Amin, Esperidião Amin e do vereador João Amin, podendo apresentar-se na disputa eleitoral de 2012 com candidatura própria.
34. Já os partidos como PSB, PDT, PPS, PSDB, PR – este último que conta com o vice-prefeito da cidade: João Batista Nunes – devem encontrar dificuldades para indicar nomes competitivos ao pleito majoritário.
35. A maior conseqüência da eleição de 2010 para a eleição 2012, em Florianópolis, foi o fortalecimento dos possíveis candidaturas oposicionistas à atual administração, como é o caso do deputado César Souza Júnior (DEM) e da deputada do PCdoB, Angela Albino.
A disputa na Câmara e os ataques ao mandato comunista
36. A partir desse cenário, o prefeito procura utilizar-se de todas as possibilidades políticas e jurídicas para dificultar a vida de seus adversários. Exemplo disso foi o recente episódio na Câmara Municipal, onde Berger e seus correligionários armaram um esquema golpista, acusando os vereadores Dr. Ricardo (PCdoB) e Asael Pereira (PSB) de negociar seus votos para a eleição da nova mesa diretora da Casa Legislativa.
37. O esquema tinha alguns objetivos claros, como: a) anular a eleição da mesa, ou no mínimo desmoralizá-la politicamente; b) substituir os dois vereadores – Ricardo e Asael – por seus respectivos suplentes, com a possibilidade destes virem a compor a base de apoio do governo municipal e assim reconquistar a maioria; c) garantir a eleição do novo prefeito, através da Câmara, no caso de cassação do prefeito Dário; d) atingir as duas possíveis candidaturas de oposição a prefeitura de Florianópolis: Angela Albino e Cesar Sousa Junior.
38. Na câmara predominou o bom senso entre os vereadores e o golpe foi abortado, resultando na legítima absolvição dos “acusados” e, em certa desmoralização pública dos acusadores. O episódio demonstrou claramente que o grupo político de Dario não medirá esforços para garantir a vitória de seu projeto na eleição majoritária em 2012.
39. Ao perder o controle da Câmara, o prefeito entra em uma situação delicada. Ainda tramitam na justiça processos relativos à sua cassação que, se efetivados, resultam na perda do seu mandato e de seu vice. Nesse caso, a cidade passaria a ser gerida pelo presidente do legislativo municipal, o vereador Jaime Tonello (DEM). Caso somente ele seja cassado, ou renuncie, o atual vice-prefeito, João Batista Nunes (PR) assumiria a Prefeitura em situação politicamente difícil, com oposição em maioria na Câmara, impossibilitando manobras que favoreçam seu candidato à sucessão.
O governo Dário e o posicionamento do PCdoB
40. O mandato do prefeito Dário caracteriza-se como um governo de muitos percalços, escândalos administrativos e pouca democracia. No geral, utiliza-se de métodos antidemocrático e do clientelismo para conduzir seus interesses à frente da prefeitura. Não se diferencia dos demais governos conservadores que dirigiram a cidade.
41. O Partido, através do mandato de seus vereadores na Câmara de Florianópolis, manteve posição clara e coerente, de oposição firme a todos os projetos e ações contrários aos interesses da cidade e de sua gente e de sua gente e de apoio a eventuais medidas que entendeu positivas à população. Sempre atuamos de forma pró-ativa, apresentando projetos e sugestões viáveis e necessárias para melhorar a vida da população e da cidade de Florianópolis.
Um pouco de história
42. Desde 1989 o PCdoB possui uma cadeira na Câmara Municipal de Florianópolis. Com João Ghizoni, Lia Kleine, Nildão, Angela Albino e agora com Ricardo.
43. É importante lembrar que na atual legislatura o Partido experimentou, exitosamente, o rodízio de seus parlamentares, quando a camarada Janete Teixeira, suplente de nossa chapa proporcional do pleito de 2008, exerceu a vereança por três meses. É importante que se reflita sobre este momento e se pense na possibilidade desta ser uma prática da bancada comunista, dependendo das condições objetivas.
44. A atuação dos comunistas neste espaço sempre foi pautada por ações amplas que tem como horizonte a constituição de um projeto de cidade mais avançado e inclusivo.
45. Por razões próprias e por imposição da conjuntura, fomos assumindo posições na disputa majoritária. Em 2000, Lia Kleine foi candidata a vice em chapa encabeçada por Sérgio Grando (PPS). Em 2004, Nildão também foi candidato a vice-prefeito, dessa vez na chapa encabeçada por Afrânio Boppré, do PT. Já em 2008, o partido inova e lança Angela Albino candidata a prefeita, com Tico Lacerda, do PDT, como vice.
46. Até 2006, no âmbito das eleições proporcionais, em Florianópolis, optávamos por uma tática de concentração de votos em uma única candidatura a vereador. Já na eleição de 2008, compusemos uma chapa proporcional com 12 candidaturas do partido, em aliança com o PDT, quando elegemos o camarada Ricardo Vieira vereador.
47. O PCdoB de Florianópolis amadureceu ao enfrentar esta nova tática eleitoral, mesmo com as vicissitudes de uma campanha com essas características. Mas, ainda falta-nos a capacidade de sistematizar essa experiência de 24 anos de vida política na capital. Contudo, podemos afirmar que a cidade reconhece a importância da atuação dos comunistas nos espaços que ocupam. O resultado eleitoral do PCdoB em 2010 é o indicativo dessa percepção dos florianopolitanos.
O Projeto Eleitoral do PCdoB para 2012.
48. É sempre importante lembrar que o PCdoB participa de três frentes de lutas – a institucional, dos movimentos sociais e de idéias. Somos um partido que luta pela transformação estrutural da sociedade, defendendo o Socialismo.
49. Florianópolis necessita de um governo sintonizado com o projeto nacional. Não bastam pessoas novas com velhos projetos. Faz-se imprescindível a construção de um projeto capaz de inovar a gestão pública. Toma cada vez mais corpo a opinião de que o modelo de administração adotado pelos governantes, nas últimas décadas, está superado. Aliás, em grande medida, foram eles os responsáveis pelo agravamento de uma série de problemas estruturais da cidade.
50. Nas últimas quatro décadas, salvo um ou dois governos, predominou um único modelo de gestão. Foram sucessivas administrações antidemocráticas, pautadas por relações espúrias com alguns poucos setores empresariais que, ao mesmo tempo, alijou dos debates e decisões a maioria dos setores empresariais e dos movimentos sociais.
51. A cidade necessita de uma administração democrática, inovadora, que de fato busque equacionar os graves problemas que a assolam. Nossa cidade precisa de um governo capaz de implantar um projeto político sintonizado com o projeto de desenvolvimento nacional e de mudanças, iniciado com o Governo Lula e agora levado adiante pela presidenta Dilma.
52. Nosso projeto eleitoral para 2012 tem como objetivo central avançar na acumulação eleitoral do partido, conquistar a prefeitura da cidade e ampliar nossa representação na câmara de vereadores.
53. O PCdoB desde já deve agir com maior protagonismo político, articulando um campo de alianças e construindo chapa própria para vereadores. Para isso, é preciso avançar, consideravelmente, em nossa organização partidária. É necessário construir as condições objetivas para dar um salto de qualidade em 2012.
54. Não há possibilidade de disputar eleição majoritária sem o partido dispor de uma grande nominata de pré-candidatos a vereadores e vereadoras, na perspectiva de construir uma chapa própria proporcional que dê sustentação ao projeto partidário. Essa eleição será para nós uma batalha política de alta envergadura.
55. O PCdoB, entre outros requisitos, tem que dispor de:
1. Apresentar a cidade e sua população o nome de Angela Albino como pré-candidata à prefeitura;
2. - Candidatura com densidade eleitoral;
3. - Capacidade de articulação política para realizar coligações;
4. - Nominata forte de vereadores distribuídos pelas principais regiões, categorias e movimentos sociais da cidade.
5. - Partido forte, organizado nas principais regiões/bairros, categorias e movimentos sociais da cidade;
6. - Um núcleo de direção experiente e dedicado à tarefa de direção para conduzir estas e outras batalhas políticas.
7. - Estrutura material para dar sustentação ao projeto
Construir a unidade das forças democráticas e populares
56. Um dos grandes desafios que teremos será a composição de um leque de alianças que dê força suficiente ao nosso projeto eleitoral em 2012.
57. O PCdoB vem, ao longo desse período, elaborando uma situação que tem como linha mestra a aglutinação das forças de sustentação do Governo Dilma. Porém, essas mesmas forças, na capital, possuem traços distintos da aliança nacional. Ao Partido cabe a tarefa de, no processo de conversação com essas siglas, colocar e demonstrar que sua candidatura reúne condições de desequilibrar a tendência, no sentido de um projeto mais popular e de renovação da política na cidade. Não podemos nos prender a dogmas, mas temos que estar atentos ao futuro e sintonizados com as necessidades da cidade. Temos que trabalhar, com base em um discurso de inovação e de defesa do povo de Florianópolis, buscando apoio das mais diversas forças.
58. Devemos tirar ensinamentos da eleição de Sérgio Grando pela Frente Popular em 1992, bem como dos demais pleitos em Florianópolis, inclusive participando da gestão, onde ocupamos, dentre outras pastas a da Fundação Municipal do Esporte. Concluí-se que: quando houve unidade do campo popular logramos êxito, quando não, fomos derrotados.
59. Outro exemplo de unidade do campo popular, considerando as circunstâncias, foi a nossa presença na campanha de Luiz Henrique da Silveira no segundo turno da campanha de 2002. Quando em favor da eleição de Lula, unimos as forças para derrotar os intentos de Espiridião Amim. Como conseqüência, na figura do camarada João Ghizoni, fomos representados na gestão, ocupando a gestão da FESPORTE.
60. Caberá a direção partidária, junto com seus parlamentares a responsabilidade política de conduzir este processo de forma madura, sem exclusivismos, tendo como centro uma aliança programática que tenha como principais diretrizes uma gestão democrática, eficiente e impulsionadora do desenvolvimento sustentável da cidade. Devemos atuar de forma ampla, visando atrair quem pudermos, sem com isso perder nossa identidade.
Fortalecer o PCdoB de Florianópolis
61. Necessitamos enraizar o partido, filiar e também forjar novas lideranças. Devemos elaborar um projeto de reinserção social do Partido, recolocando-o no seio dos movimentos sociais. Reforçar o processo de identificação do PCdoB com a luta popular e revolucionária
62. É necessária a elaboração de um diagnóstico sobre a atuação do PCdoB em outras esferas onde ocorre a luta política/ideológica, formulando perspectivas de um projeto de partido que contemple nossa inserção concreta no seio da sociedade florianopolitana. O PCdoB é um transformador de ideias que precisa estar enraizado no dia a dia do povo para transformar a realidade. Precisamos transformar em atuação coletiva dirigida a atuação política individualizada de nossa militância, que ainda mantém influência da sua posição crítica contra-hegemônica na sociedade e nos diversos setores em que esses indivíduos atuam.
63. Assim, quando defendemos a necessidade de reinserção nos movimentos sociais, esta meta deve se traduzir de fato em força e ações materiais, recolocando o PCdoB no debate público de idéias, além daqueles espaços que já participamos do ponto de vista institucional.
64. Dessa maneira, é imperioso para o próximo período, estabelecer novo critério para a atuação partidária, retomar a atividade coletivizada, com vistas às atuações sindicais, de juventude e comunitária, entre outras frentes de massa do PCdoB, de forma coordenada ao ponto de que a vitória institucional seja reflexo de uma atuação politizada, concatenada com as necessidades da população e vitoriosa a partir da representação real que é da sociedade.
65. Neste sentido será fundamental a construção de encontros municipais das frentes de atuação do partido, reformulando/reafirmando as bandeiras de lutas, bem como permitir a apropriação da atividade individual de cada um/uma de nós pelo coletivo partidário.
66. De forma articulada e organizada, o Partido precisa discutir sobre os rumos de Florianópolis também com o setor empresarial: pequenos, médios e grandes empresários.
67. O partido que se dispõe encarar uma disputa majoritária deve constituir uma direção municipal que reúna as condições políticas para, de fato, dirigir o processo, apontando caminhos e equacionando problemas. A direção deve reunir condições de pensar mais o partido, no sentido estratégico e não limitar-se apenas a questões pontuais e específicas.
68. O projeto para as eleições de 2012 passa, prioritariamente, por sua construção dentro das fileiras partidárias. Apenas um projeto que reflita a opinião do coletivo partidário, por este será encampado e estruturado. O espaço político que ocupamos ainda é maior do que a força organizativa que possuímos. Esse hiato pode ser a musculatura que nos faltara para convencermos nossos possíveis aliados acerca do projeto do PCdoB.
69. A característica fundamental do PCdoB é sua unidade de ação, construída dentro de um profundo espírito democrático, através dos debates. Agora, mais do que em outros momentos, todos e todas são chamados para construir esse projeto.
70. É fundamental elaborarmos um planejamento de finanças condizente com este desafio; mobilizar as bases partidárias e tratar com profissionalismo a comunicação militante e com a sociedade, através de um plano que abranja as ações tradicionais e inovadoras. Precisamos conhecer profundamente nossa cidade, dos grotões invisibilizados, ao funcionamento burocrático da PMF, precisamos preparar o Partido para os enfrentamentos que virão, diretamente ou escamoteados.
Desafios do Partido para 2011/2012
71. Conquistar a prefeitura da capital, elegendo Angela Albino prefeita;
72. Ampliar o número de nossa representação na Câmara de Florianópolis;
73. Desenvolver todos os esforços para até 30 de setembro de 2011 filiarmos um conjunto de lideranças políticas com disposição e viabilidade eleitoral, visando à construção da chapa própria de vereadores. Toda a atenção para a filiação de lideranças mulheres. Ter como meta dobrar o número de membros do partido até a eleição de 2012;
74. Realizar uma intensa campanha de filiação de lideranças expressivas e, ao mesmo tempo, garantir sua incorporação no cotidiano partidário. Revolucionar o Partido na cidade com uma base organizativa e com redes sociais.
75. Construir as condições políticas e materiais, melhorando a estruturação do Partido para enfrentar a batalha em condição mais elevada;
76. Elevar nossa atuação política no movimento social de forma organizada, elaborando um plano de reinserção do Partido no movimento social;
77. Fortalecer e consolidar um núcleo de direção partidária no município, constituindo uma política local de quadros;
78. Avançar na organização de base do partido, utilizando-se dos instrumentos que dispomos. As organizações de base devem ser organismos vivos e dinâmicos que realizem ações políticas com engajamento no plano da estruturação partidária.
79. Atualizar o cadastro de filiados com envio das fichas de filiação ao cartório eleitoral nos prazos legalmente estabelecidos, bem como, na rede vermelha;
80. Desenvolver um plano de formação de novos quadros partidários e projetar novas lideranças;
81. Desenvolver um conjunto de ações que reforce o processo de identidade de nosso Partido;
82. Distribuir e divulgar amplamente o programa socialista, promover cursos e debates que envolvam o coletivo do partido.
PCdoB de Florianópolis se prepara para conferência municipal
Conjuntura Nacional
1. A eleição de Dilma Roussef em 2010 consolida mais uma etapa vitoriosa na construção de um projeto nacional de desenvolvimento, experimentado pelos brasileiros nos últimos oito anos, no Governo Lula. O grande esforço do campo de esquerda e progressista, na sustentação da plataforma de mudanças, tem seu cerne na defesa de um modelo capaz de superar as desigualdades sociais, ampliar a democracia e fortalecer a economia nacional, com soberania.
2. No entanto, por mais que esta tendência esteja presente no campo político que compõe o Governo Dilma, ainda é muito forte a oposição que sofre esta corrente de opinião, dentro e fora do governo. Oposição esta que, se ganhar forças, contribuirá para que as vitórias alcançadas degringolem e o país retroceda. A luta pela constituição de um projeto de desenvolvimento nacional, que permita o amadurecimento do país e de seu povo, está no centro das disputas políticas e ideológicas entre as forças aliadas no governo e destas com a oposição conservadora.
3. Neste começo de governo os rentistas, que se beneficiam dos juros, continuam mostrando sua força. Através do velho discurso de controle da inflação e de crescimento econômico sustentável, levam o governo a cortar gastos e aumentar os juros. O medo da inflação não pode continuar sendo impedimento para que o país se desenvolva.
4. O quadro político no governo é marcado pelo hegemonismo do PT e pela aliança deste com o PMDB. Da aliança participam também, em posição secundária, outros partidos de esquerda e um amplo espectro de forças de centro, com matiz progressista.
5. O PCdoB luta pela vitória do Governo Dilma e entende que ela só se dará com a implementação do projeto de mudanças para o qual foi eleito. Para isso, precisa suplantar a atual política macroeconômica de viés neoliberal que, apesar de dar sinais de fragilidade da sua hegemonia, mantém-se como forte orientador da política econômica brasileira e mundial.
6. Além disso, é preciso realizar as reformas estruturais e democráticas, tais como a reforma do sistema financeiro, da educação, urbana, agrária, tributária. Desenvolver a luta pela democratização dos meios de comunicação, pelo reajuste real do salário mínimo, dentre outras.
7. A reforma política requer especial atenção, pois o país não pode retroceder nas conquistas democráticas. É preciso que ela seja ampla e democrática, que reafirme a autonomia de organização partidária e fortaleça os instrumentos de participação da população na vida política do país. Para tanto, defendemos a manutenção das coligações majoritárias e proporcionais, o financiamento exclusivo público das campanhas eleitorais e a adoção do sistema de listas fechadas nas eleições proporcionais com alternância entre homens e mulheres na lista preordenada de candidaturas.
8. Nesse espaço de disputa, por mais justas que sejam as opiniões e propostas, elas só surtirão os efeitos esperados se emanadas de estruturas partidárias fortes, politicamente sintonizadas aos desafios da vida política nacional. Precisam ser representativas de parcelas da população e organizadas junto ao povo. Este foi o grande desafio do PCdoB ao longo do Governo Lula e continuará sendo no próximo período que se avizinha.
9. O PCdoB saiu fortalecido do último processo eleitoral. Nacionalmente, conquistamos 15 cadeiras na Câmara Federal, além de somar duas no Senado e 18 nas Assembléias Legislativas de diversos Estados. Porém, ainda está aquém dos desafios que se propõe.
10. O cenário nacional, considerando a força e a presença do Partido, nos traz inúmeros e grandiosos desafios, evidenciados pelas contradições que o leque de alianças do Governo Federal traz consigo. Contradições que podem se acentuar com a formação do “novo” PSD, composto basicamente por dissidentes de partidos de direita e que se inclina para a base de apoio do Governo Dilma.
11. Nacionalmente, esta nova agremiação partidária, anuncia diferenças programáticas em relação ao DEM. Em São Paulo, seu principal idealizador, o prefeito da capital paulista Gilberto Kassab, desenvolve movimentos nitidamente distintos de seu passado recente, aproximando-se da base do governo Dilma. Causado ainda mais dúvidas sobre o verdadeiro rumo deste partido no espectro político brasileiro. Causando inclusive estragos na aliança conservadora encabeçada pelo PSDB. Porém o local de pouso do novo partido ainda é incerto, resta aguardar na luta o desfecho desse processo.
12. A única afirmação que se pode fazer neste momento é a de que estamos assistindo um processo de fragilização das forças conservadoras, de proporções inéditas na democracia brasileira. Porém isso não significa que estas deixaram de existir na sociedade e muito menos de se agrupar em algum partido. O PSDB pode vir a ser o grande catalisador dessas forças, principalmente se na disputa interna prevalecer às idéias de Serra e FHC.
13. Deslocando o foco do enfrentamento para SC, são identificadas inúmeras barreiras a serem transpostas, no entanto, também se percebe um conjunto de oportunidades.
O cenário político catarinense
14. O último processo eleitoral reafirmou o predomínio de uma grande aliança no Estado.
15. Em 2006, o principal partido de SC, o PMDB, com o apoio da direita – DEM e PSDB –, além do PPS e do PTB, venceu as eleições.
16. Já em 2010, a direita encabeçada pelo DEM, com apoio PMDB, do PSDB, seguidos pelo PPS e PTB, venceu a eleição no primeiro turno. É inegável que a grande aliança eleitoral, somada à estrutura desses partidos e o poderio econômico, foram determinantes para mais esta vitória. Na disputa presidencial, também venceu a candidatura de Serra em nosso Estado.
17. Além da vitória no executivo, este leque de partidos elegeu dois senadores, Luís Henrique (PMDB) e Paulo Bauer (PSDB) e cerca de 2/3 dos deputados federais e estaduais. Para completar, elegeu ainda o presidente da ALESC, o deputado Gelson Mereceu, pelo DEM.
18. Com a adesão do PP a base de apoio, Colombo passa a contar com o apoio de 31 dos 40 deputados. Uma correlação de forças diferente da nacional, sendo que aqui predominam as forças conservadoras. Estes movimentos terão impactos diretos nas eleições de 2012, podendo viabilizar coligações deste nas principais cidades catarinenses.
19. Fato novo foi a conquista de uma cadeira na Assembléia Legislativa pelo PCdoB, através da eleição de Angela Albino. Com a conquista deste importante espaço político, o partido passa a ter condições de intervir na vida política catarinense. Mas, esta intervenção não ocorrerá automaticamente. O mandato precisa estar estruturado, ser um espaço coletivo de construção política e ideológica. A direção partidária cumpre papel determinante na orientação tática e estratégica do mandato.
20. Outra conseqüência daquele processo foi a inédita votação obtida pelo camarada João Ghizoni na disputa pelo senado. Foram mais de 500 mil votos, refletindo a potencialidade que as idéias do PCdoB possuem em SC. Faz-se necessário refletirmos sobre este resultado e tirarmos o melhor proveito possível para o crescimento partidário.
21. O campo popular, apesar de uma boa coligação, mais uma vez saiu derrotado na eleição majoritária, não elegendo ninguém. E no parlamento obteve pequeno acréscimo.
22. Recentemente, a migração de Raimundo Colombo e da imensa maioria das lideranças estaduais e regionais do DEM para o novo PSD, trouxe uma nuvem de indefinições para SC. A proposta nacional deste novo partido e de livra-se das opiniões e práticas do DEM, porém sua composição é de pessoas que historicamente se posicionaram a direita no espectro político.
23. Para se assumir uma posição mais contundente a respeito dessa situação, o Partido entende que tem de se esperar o desfecho de todo o processo que envolve o PSD e assim identificar seu posicionamento frente ao governo Dilma. No caso de SC, até que este processo de se consolide e de que o governador e seus seguidores mudem sua política, mantêm-se a orientação do Comitê Estadual de posicionarmo-nos no bloco de oposição ao governo, porém sermos conseqüentes com os interesses do povo catarinense e apoiarmos as medidas que venham neste sentido.
24. Este quadro político estadual necessita ser alterado significativamente. O momento decisivo será a batalha política eleitoral de 2012, onde devemos atuar taticamente para dividir a tríplice aliança, isolando as forças conservadoras. É necessário fortalecer, dentro do campo de articulação do Governo Dilma, um projeto diferenciado de desenvolvimento para Santa Catarina, diferente desse construído pelos últimos governos estaduais.
25. Esse cenário é determinante para a avaliação dos elementos que compõem a disputa política em Florianópolis. É necessário conhecê-lo para termos uma justa percepção da realidade, visto que desejamos alcançar êxitos nas batalhas que se aproximam, especialmente as eleições de 2012 e 2014. Para tanto, é necessário que as forças de esquerda e progressista aprendam com os próprios erros, visto que a vitória e a hegemonia da tríplice aliança também são permeadas por erros táticos e estratégicos do nosso campo.
A Eleição de 2010 e as perspectivas para 2012 em Florianópolis.
26. Findo o processo eleitoral de 2010 e formado o novo quadro político, tomam corpo os debates em torno da eleição municipal de 2012. Na capital, Dário Berger e seu grupo saíram derrotados das eleições, perdendo as prévias do PMDB para o atual vice-governador, Eduardo Moreira. Também não conseguiram eleger nenhum dos candidatos que apoiaram para cargos no legislativo estadual e federal.
27. No entanto, mantém considerável força política. Administra a prefeitura da capital do estado, está filiado a um grande partido, pertence à base de apoio do governador Raimundo Colombo e ao mesmo tempo compõe base de apoio do Governo Federal.
28. Visando apoio à disputa majoritária de 2012, Dario faz movimentos de ampliação de seu discurso e de aproximação com o PT. O caso do PSB é peculiar, pois tem como presidente estadual seu irmão, Djalma Berger, prefeito de São José, que compõe o grupo político do prefeito da capital. No processo eleitoral de 2010, Dário apoiou Dilma e Vignatti, apesar de grande parte das lideranças do PMDB apoiarem Serra.
29. Para a sucessão da capital, principal disputa política de 2012, Dário já escolheu seu nome: Gean Loureiro, atual secretário de governo da prefeitura de Florianópolis. Berger movimenta-se para manter e ampliar a coligação que o elegeu, visando garantir seu sucessor e a continuidade de seu projeto político.
30. O PT não dispõe de uma grande liderança política eleitoral na cidade e encontra dificuldades em unificar opiniões em Florianópolis. Porém, considerando sua força política, o partido é a sigla a ser disputada para o processo eleitoral de 2012.
31. O DEM saiu fortalecido do processo eleitoral. Elegeu o governador ainda no primeiro turno, o presidente da ALESC e o presidente da Câmara Municipal da capital. Na eleição proporcional também obteve vitórias importantes, com ênfase na região da Grande Florianópolis, elegendo Paulinho Bornhausen deputado federal e César Souza Junior deputado estadual. Esse último, o parlamentar estadual mais votado na cidade, credenciou-se para a disputa majoritária municipal de 2012. Com exceção do vereador Jaime Tonello, o DEM, até final de 2010 participou da base de apoio do governo Dário, com dois vereadores. Diante da polêmica eleição para a mesa da Câmara de Vereadores e das perspectivas da eleição de 2012, passou a ter uma posição de “independência”.
32. O PP não logrou êxito em seu projeto majoritário em 2010. Elegeu um deputado estadual na região da Grande Florianópolis, Lício Mauro da Silveira, falecido logo após a eleição e Esperidião Amin à Câmara Federal. Diante da derrota sofrida em 2010, o partido movimentou-se de forma a incorporar a base de apoio do Governo de Colombo. Movimento que pode repercutir numa composição com o DEM para a PMF. No entanto, reforça nacionalmente sua postura de apoio ao Governo Dilma.
33. Mesmo diante das dificuldades, o PP dispõe de nomes com densidade eleitoral, como é o caso de Ângela Amin, Esperidião Amin e do vereador João Amin, podendo apresentar-se na disputa eleitoral de 2012 com candidatura própria.
34. Já os partidos como PSB, PDT, PPS, PSDB, PR – este último que conta com o vice-prefeito da cidade: João Batista Nunes – devem encontrar dificuldades para indicar nomes competitivos ao pleito majoritário.
35. A maior conseqüência da eleição de 2010 para a eleição 2012, em Florianópolis, foi o fortalecimento dos possíveis candidaturas oposicionistas à atual administração, como é o caso do deputado César Souza Júnior (DEM) e da deputada do PCdoB, Angela Albino.
A disputa na Câmara e os ataques ao mandato comunista
36. A partir desse cenário, o prefeito procura utilizar-se de todas as possibilidades políticas e jurídicas para dificultar a vida de seus adversários. Exemplo disso foi o recente episódio na Câmara Municipal, onde Berger e seus correligionários armaram um esquema golpista, acusando os vereadores Dr. Ricardo (PCdoB) e Asael Pereira (PSB) de negociar seus votos para a eleição da nova mesa diretora da Casa Legislativa.
37. O esquema tinha alguns objetivos claros, como: a) anular a eleição da mesa, ou no mínimo desmoralizá-la politicamente; b) substituir os dois vereadores – Ricardo e Asael – por seus respectivos suplentes, com a possibilidade destes virem a compor a base de apoio do governo municipal e assim reconquistar a maioria; c) garantir a eleição do novo prefeito, através da Câmara, no caso de cassação do prefeito Dário; d) atingir as duas possíveis candidaturas de oposição a prefeitura de Florianópolis: Angela Albino e Cesar Sousa Junior.
38. Na câmara predominou o bom senso entre os vereadores e o golpe foi abortado, resultando na legítima absolvição dos “acusados” e, em certa desmoralização pública dos acusadores. O episódio demonstrou claramente que o grupo político de Dario não medirá esforços para garantir a vitória de seu projeto na eleição majoritária em 2012.
39. Ao perder o controle da Câmara, o prefeito entra em uma situação delicada. Ainda tramitam na justiça processos relativos à sua cassação que, se efetivados, resultam na perda do seu mandato e de seu vice. Nesse caso, a cidade passaria a ser gerida pelo presidente do legislativo municipal, o vereador Jaime Tonello (DEM). Caso somente ele seja cassado, ou renuncie, o atual vice-prefeito, João Batista Nunes (PR) assumiria a Prefeitura em situação politicamente difícil, com oposição em maioria na Câmara, impossibilitando manobras que favoreçam seu candidato à sucessão.
O governo Dário e o posicionamento do PCdoB
40. O mandato do prefeito Dário caracteriza-se como um governo de muitos percalços, escândalos administrativos e pouca democracia. No geral, utiliza-se de métodos antidemocrático e do clientelismo para conduzir seus interesses à frente da prefeitura. Não se diferencia dos demais governos conservadores que dirigiram a cidade.
41. O Partido, através do mandato de seus vereadores na Câmara de Florianópolis, manteve posição clara e coerente, de oposição firme a todos os projetos e ações contrários aos interesses da cidade e de sua gente e de sua gente e de apoio a eventuais medidas que entendeu positivas à população. Sempre atuamos de forma pró-ativa, apresentando projetos e sugestões viáveis e necessárias para melhorar a vida da população e da cidade de Florianópolis.
Um pouco de história
42. Desde 1989 o PCdoB possui uma cadeira na Câmara Municipal de Florianópolis. Com João Ghizoni, Lia Kleine, Nildão, Angela Albino e agora com Ricardo.
43. É importante lembrar que na atual legislatura o Partido experimentou, exitosamente, o rodízio de seus parlamentares, quando a camarada Janete Teixeira, suplente de nossa chapa proporcional do pleito de 2008, exerceu a vereança por três meses. É importante que se reflita sobre este momento e se pense na possibilidade desta ser uma prática da bancada comunista, dependendo das condições objetivas.
44. A atuação dos comunistas neste espaço sempre foi pautada por ações amplas que tem como horizonte a constituição de um projeto de cidade mais avançado e inclusivo.
45. Por razões próprias e por imposição da conjuntura, fomos assumindo posições na disputa majoritária. Em 2000, Lia Kleine foi candidata a vice em chapa encabeçada por Sérgio Grando (PPS). Em 2004, Nildão também foi candidato a vice-prefeito, dessa vez na chapa encabeçada por Afrânio Boppré, do PT. Já em 2008, o partido inova e lança Angela Albino candidata a prefeita, com Tico Lacerda, do PDT, como vice.
46. Até 2006, no âmbito das eleições proporcionais, em Florianópolis, optávamos por uma tática de concentração de votos em uma única candidatura a vereador. Já na eleição de 2008, compusemos uma chapa proporcional com 12 candidaturas do partido, em aliança com o PDT, quando elegemos o camarada Ricardo Vieira vereador.
47. O PCdoB de Florianópolis amadureceu ao enfrentar esta nova tática eleitoral, mesmo com as vicissitudes de uma campanha com essas características. Mas, ainda falta-nos a capacidade de sistematizar essa experiência de 24 anos de vida política na capital. Contudo, podemos afirmar que a cidade reconhece a importância da atuação dos comunistas nos espaços que ocupam. O resultado eleitoral do PCdoB em 2010 é o indicativo dessa percepção dos florianopolitanos.
O Projeto Eleitoral do PCdoB para 2012.
48. É sempre importante lembrar que o PCdoB participa de três frentes de lutas – a institucional, dos movimentos sociais e de idéias. Somos um partido que luta pela transformação estrutural da sociedade, defendendo o Socialismo.
49. Florianópolis necessita de um governo sintonizado com o projeto nacional. Não bastam pessoas novas com velhos projetos. Faz-se imprescindível a construção de um projeto capaz de inovar a gestão pública. Toma cada vez mais corpo a opinião de que o modelo de administração adotado pelos governantes, nas últimas décadas, está superado. Aliás, em grande medida, foram eles os responsáveis pelo agravamento de uma série de problemas estruturais da cidade.
50. Nas últimas quatro décadas, salvo um ou dois governos, predominou um único modelo de gestão. Foram sucessivas administrações antidemocráticas, pautadas por relações espúrias com alguns poucos setores empresariais que, ao mesmo tempo, alijou dos debates e decisões a maioria dos setores empresariais e dos movimentos sociais.
51. A cidade necessita de uma administração democrática, inovadora, que de fato busque equacionar os graves problemas que a assolam. Nossa cidade precisa de um governo capaz de implantar um projeto político sintonizado com o projeto de desenvolvimento nacional e de mudanças, iniciado com o Governo Lula e agora levado adiante pela presidenta Dilma.
52. Nosso projeto eleitoral para 2012 tem como objetivo central avançar na acumulação eleitoral do partido, conquistar a prefeitura da cidade e ampliar nossa representação na câmara de vereadores.
53. O PCdoB desde já deve agir com maior protagonismo político, articulando um campo de alianças e construindo chapa própria para vereadores. Para isso, é preciso avançar, consideravelmente, em nossa organização partidária. É necessário construir as condições objetivas para dar um salto de qualidade em 2012.
54. Não há possibilidade de disputar eleição majoritária sem o partido dispor de uma grande nominata de pré-candidatos a vereadores e vereadoras, na perspectiva de construir uma chapa própria proporcional que dê sustentação ao projeto partidário. Essa eleição será para nós uma batalha política de alta envergadura.
55. O PCdoB, entre outros requisitos, tem que dispor de:
1. Apresentar a cidade e sua população o nome de Angela Albino como pré-candidata à prefeitura;
2. - Candidatura com densidade eleitoral;
3. - Capacidade de articulação política para realizar coligações;
4. - Nominata forte de vereadores distribuídos pelas principais regiões, categorias e movimentos sociais da cidade.
5. - Partido forte, organizado nas principais regiões/bairros, categorias e movimentos sociais da cidade;
6. - Um núcleo de direção experiente e dedicado à tarefa de direção para conduzir estas e outras batalhas políticas.
7. - Estrutura material para dar sustentação ao projeto
Construir a unidade das forças democráticas e populares
56. Um dos grandes desafios que teremos será a composição de um leque de alianças que dê força suficiente ao nosso projeto eleitoral em 2012.
57. O PCdoB vem, ao longo desse período, elaborando uma situação que tem como linha mestra a aglutinação das forças de sustentação do Governo Dilma. Porém, essas mesmas forças, na capital, possuem traços distintos da aliança nacional. Ao Partido cabe a tarefa de, no processo de conversação com essas siglas, colocar e demonstrar que sua candidatura reúne condições de desequilibrar a tendência, no sentido de um projeto mais popular e de renovação da política na cidade. Não podemos nos prender a dogmas, mas temos que estar atentos ao futuro e sintonizados com as necessidades da cidade. Temos que trabalhar, com base em um discurso de inovação e de defesa do povo de Florianópolis, buscando apoio das mais diversas forças.
58. Devemos tirar ensinamentos da eleição de Sérgio Grando pela Frente Popular em 1992, bem como dos demais pleitos em Florianópolis, inclusive participando da gestão, onde ocupamos, dentre outras pastas a da Fundação Municipal do Esporte. Concluí-se que: quando houve unidade do campo popular logramos êxito, quando não, fomos derrotados.
59. Outro exemplo de unidade do campo popular, considerando as circunstâncias, foi a nossa presença na campanha de Luiz Henrique da Silveira no segundo turno da campanha de 2002. Quando em favor da eleição de Lula, unimos as forças para derrotar os intentos de Espiridião Amim. Como conseqüência, na figura do camarada João Ghizoni, fomos representados na gestão, ocupando a gestão da FESPORTE.
60. Caberá a direção partidária, junto com seus parlamentares a responsabilidade política de conduzir este processo de forma madura, sem exclusivismos, tendo como centro uma aliança programática que tenha como principais diretrizes uma gestão democrática, eficiente e impulsionadora do desenvolvimento sustentável da cidade. Devemos atuar de forma ampla, visando atrair quem pudermos, sem com isso perder nossa identidade.
Fortalecer o PCdoB de Florianópolis
61. Necessitamos enraizar o partido, filiar e também forjar novas lideranças. Devemos elaborar um projeto de reinserção social do Partido, recolocando-o no seio dos movimentos sociais. Reforçar o processo de identificação do PCdoB com a luta popular e revolucionária
62. É necessária a elaboração de um diagnóstico sobre a atuação do PCdoB em outras esferas onde ocorre a luta política/ideológica, formulando perspectivas de um projeto de partido que contemple nossa inserção concreta no seio da sociedade florianopolitana. O PCdoB é um transformador de ideias que precisa estar enraizado no dia a dia do povo para transformar a realidade. Precisamos transformar em atuação coletiva dirigida a atuação política individualizada de nossa militância, que ainda mantém influência da sua posição crítica contra-hegemônica na sociedade e nos diversos setores em que esses indivíduos atuam.
63. Assim, quando defendemos a necessidade de reinserção nos movimentos sociais, esta meta deve se traduzir de fato em força e ações materiais, recolocando o PCdoB no debate público de idéias, além daqueles espaços que já participamos do ponto de vista institucional.
64. Dessa maneira, é imperioso para o próximo período, estabelecer novo critério para a atuação partidária, retomar a atividade coletivizada, com vistas às atuações sindicais, de juventude e comunitária, entre outras frentes de massa do PCdoB, de forma coordenada ao ponto de que a vitória institucional seja reflexo de uma atuação politizada, concatenada com as necessidades da população e vitoriosa a partir da representação real que é da sociedade.
65. Neste sentido será fundamental a construção de encontros municipais das frentes de atuação do partido, reformulando/reafirmando as bandeiras de lutas, bem como permitir a apropriação da atividade individual de cada um/uma de nós pelo coletivo partidário.
66. De forma articulada e organizada, o Partido precisa discutir sobre os rumos de Florianópolis também com o setor empresarial: pequenos, médios e grandes empresários.
67. O partido que se dispõe encarar uma disputa majoritária deve constituir uma direção municipal que reúna as condições políticas para, de fato, dirigir o processo, apontando caminhos e equacionando problemas. A direção deve reunir condições de pensar mais o partido, no sentido estratégico e não limitar-se apenas a questões pontuais e específicas.
68. O projeto para as eleições de 2012 passa, prioritariamente, por sua construção dentro das fileiras partidárias. Apenas um projeto que reflita a opinião do coletivo partidário, por este será encampado e estruturado. O espaço político que ocupamos ainda é maior do que a força organizativa que possuímos. Esse hiato pode ser a musculatura que nos faltara para convencermos nossos possíveis aliados acerca do projeto do PCdoB.
69. A característica fundamental do PCdoB é sua unidade de ação, construída dentro de um profundo espírito democrático, através dos debates. Agora, mais do que em outros momentos, todos e todas são chamados para construir esse projeto.
70. É fundamental elaborarmos um planejamento de finanças condizente com este desafio; mobilizar as bases partidárias e tratar com profissionalismo a comunicação militante e com a sociedade, através de um plano que abranja as ações tradicionais e inovadoras. Precisamos conhecer profundamente nossa cidade, dos grotões invisibilizados, ao funcionamento burocrático da PMF, precisamos preparar o Partido para os enfrentamentos que virão, diretamente ou escamoteados.
Desafios do Partido para 2011/2012
71. Conquistar a prefeitura da capital, elegendo Angela Albino prefeita;
72. Ampliar o número de nossa representação na Câmara de Florianópolis;
73. Desenvolver todos os esforços para até 30 de setembro de 2011 filiarmos um conjunto de lideranças políticas com disposição e viabilidade eleitoral, visando à construção da chapa própria de vereadores. Toda a atenção para a filiação de lideranças mulheres. Ter como meta dobrar o número de membros do partido até a eleição de 2012;
74. Realizar uma intensa campanha de filiação de lideranças expressivas e, ao mesmo tempo, garantir sua incorporação no cotidiano partidário. Revolucionar o Partido na cidade com uma base organizativa e com redes sociais.
75. Construir as condições políticas e materiais, melhorando a estruturação do Partido para enfrentar a batalha em condição mais elevada;
76. Elevar nossa atuação política no movimento social de forma organizada, elaborando um plano de reinserção do Partido no movimento social;
77. Fortalecer e consolidar um núcleo de direção partidária no município, constituindo uma política local de quadros;
78. Avançar na organização de base do partido, utilizando-se dos instrumentos que dispomos. As organizações de base devem ser organismos vivos e dinâmicos que realizem ações políticas com engajamento no plano da estruturação partidária.
79. Atualizar o cadastro de filiados com envio das fichas de filiação ao cartório eleitoral nos prazos legalmente estabelecidos, bem como, na rede vermelha;
80. Desenvolver um plano de formação de novos quadros partidários e projetar novas lideranças;
81. Desenvolver um conjunto de ações que reforce o processo de identidade de nosso Partido;
82. Distribuir e divulgar amplamente o programa socialista, promover cursos e debates que envolvam o coletivo do partido.
