Primeiros atos do novo governador do Estado contrariam decisões técnicas e políticas tomadas na gestão anterior
Atritos entre tucanos estariam ligados aos planos de Kassab de concorrer em 2014 ao governo de São Paulo
CATIA SEABRA
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO
Da ponte Santos-Guarujá ao aluguel de blindados para a sua escolta, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, determinou a revisão de uma série de medidas herdadas do antecessor e também tucano José Serra.
Antes restrita a um íntimo grupo, a divergência com Serra ficou notória e foi oficializada nos dois primeiros meses do governo Alckmin.
Certamente o estilo não é a maior diferença entre eles -para colaboradores, Alckmin é mais centralizador.
O governador fixou prazo de um mês para que sua equipe apresente proposta alternativa para duas obras encampadas por Serra: a ponte Santos-Guarujá e a implantação da linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) entre São Vicente e Santos.
Às vésperas de iniciar a corrida presidencial, Serra exibiu maquete da ponte que ligaria Santos a Guarujá.
Mas, sob alegação de que o modelo impede o uso da base aérea como aeroporto comercial, o governo vai propor a construção de outra ponte.
No "Diário Oficial", mais uma bicada entre tucanos: em fevereiro, saiu a rescisão do contrato de aluguel de carros blindados para transporte e escolta do governador e família. O governo não comenta o assunto alegando motivo de segurança.
Em outra decisão oposta à do antecessor, Alckmin decidiu vender o avião do Estado -jato que ele próprio tentara vender em 2006. Ao assumir, Serra cancelou o processo.
No fim do mês, Alckmin reativará, na Assembleia Legislativa, projeto de criação da macrometrópole paulista, que Serra havia engavetado.
O novo governo também identificou problemas técnicos em ações da gestão anterior. Trecho da linha 2 do Metrô, por exemplo, terá de ser redesenhado por questões ambientais. Foram identificadas 55 árvores nativas numa área reservada para a construção de um pátio.
Segundo aliados, a movimentação de Gilberto Kassab (DEM) precipitou a exposição dessas medidas. Contrariados com a disposição do prefeito de SP de concorrer ao governo em 2014, aliados de Alckmin reclamam da falta de empenho de Serra para deter seu afilhado político.
Kassab deve fundar um partido que servirá como trampolim legal para futura fusão com o PSB. Ele levará o vice de Alckmin, Afif Domingos. No Bandeirantes, há a certeza de que Afif atuará por Kassab caso ele concorra contra Alckmin em 2014. Sem um vice, Alckmin teria dificuldades, por exemplo, para disputar a Presidência.