RIO DE JANEIRO- A confiança do consumidor brasileiro cresceu em fevereiro, refletindo o maior apetite para compra de bens duráveis nos próximos meses, mostrou pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
O índice de confiança subiu 0,8 por cento, para 122,6 pontos em fevereiro, de 121,6 pontos em janeiro. Trata-se do melhor resultado em 33 meses.
Entre os 2 mil entrevistados, a parcela de consumidores com apetite para compra de bens de maior valor agregado subiu de 17,4 por cento para 17,9 por cento nos próximos 6 meses. No mesmo período, a fatia de consumidores que vão reduzir as compras de bens duráveis caiu de 33 por cento para 28 por cento.
"Aparentemente, o ciclo de endividamento dos consumidores que foram as compras com mais vigor na época do IPI reduzido parece ter terminado", disse o economista da FGV, Aloisio Campelo.
"As expectativas quanto às finanças familiares no futuro foram, em fevereiro, as melhores desde setembro de 2005. Isso também contribuiu para a compra de bens de maior valor", acrescentou.
O economista da FGV frisou que os bons sinais dados pelo mercado de trabalho, com aumento de emprego, renda e massa salarial, também podem estar por trás dessa intenção de compras. Por outro lado, inflação e juros podem conter esse apetite nos próximos meses.
A projeção de inflação para os próximos 12 meses subiu de 6,7 por cento para 6,8 por cento de janeiro para fevereiro, a mais elevada projeção desde maio de 2009, enquanto que a fatia de consumidores que esperam elevação nos juros aumentou de 62,2 por cento para 64 por cento.
Segundo a FGV, o otimismo dos consumidores de Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e Salvador ancorou o índice de confiança de fevereiro, ao passo que o índice caiu nos principais centros: São Paulo e Rio de Janeiro.
O componente de situação atual subiu 0,3 por cento, para 144,7 pontos. O de expectativas subiu 1,2 por cento, atingindo 111,0 pontos.
"Em fevereiro de 2011, os consumidores avaliam positivamente a situação financeira familiar: a proporção dos que consideram a situação atual como boa aumentou de 28,8 por cento para 29,2 por cento do total enquanto a dos que a consideram ruim reduziu-se de 11,9 por cento para 11,3 por cento", afirmou a FGV.
A sondagem foi feita entre os dias 1 e 21 de fevereiro, em mais de 2 mil domicílios em sete capitais do país.
(Reportagem de Silvio Cascione e Rodrigo Viga Gaier)