O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, em entrevista a blogueiros no Palácio do Planalto, que parou de ler revistas e jornais. "A raiva deles (da mídia) é que não os leio, e é por isso que não fico nervoso. Trabalho com informação, mas não preciso ler muitas coisas que eles escrevem", disse, ao argumentar que não quer saber a "quantidade de leviandades" que foram ditas a seu respeito. "Ninguém pode se queixar, muito menos a mídia. Todos ganharam muito dinheiro. Alguns estavam praticamente quebrados."
Na entrevista, o presidente afirmou que não se pode abrir mão do controle sobre a participação estrangeira no setor de comunicação. "Eu acho que temos de ter certo controle sim." Ao falar sobre o tema, destacou que setores - que chamou de "mídia antiga" - torceram, durante muito tempo, para sua derrota: "Sou resultado da liberdade de imprensa no Brasil. O que eles se enganam é que o povo não é mais massa de manobra, o povo está mais inteligente e vamos trabalhar cada vez mais para democratizar a mídia eletrônica."
Lula voltou a criticar parte da imprensa do País. "Parte do noticiário da imprensa brasileira, se você ler, não sabe o que acontece no Brasil. Quando sai pesquisa com 80% aprovação (com relação às pesquisas que aferem sua aprovação), eles não sabem que o tempo todo trabalharam contra isso. O povo brasileiro já não se deixa mais levar por revista que muitas vezes está com menos interesse de contar o fato em si do que mostrar sua visão sobre assunto." E concluiu: "Quanto mais liberdade, melhor."
Supremo
O presidente foi questionado sobre as indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF) e se os indicados não teriam de ter uma posição mais à esquerda, como poderia se esperar de um dirigente que foi eleito pelo Partido dos Trabalhadores. "Graças a Deus, o Supremo não é a minha cara", rebateu Lula. "Se fosse, estaríamos repetindo o rei e repetindo os erros do tempo do Império, da Bahia, quando Antonio Carlos Magalhães era governador."
Lula disse que indicou dois juristas de esquerda e um negro e que pretende discutir com a presidente eleita, Dilma Rousseff, a próxima indicação para o STF, e que faria o mesmo se o eleito tivesse sido o tucano José Serra.