27 outubro 2010

GOVERNO LULA: Desemprego atinge menor nível, segundo pesquisa Seade/Dieese

Na região metropolitana de São Paulo, taxa média de setembro foi a menor desde janeiro de 1992; emprego com carteira assinada e renda crescem

Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual


São Paulo – A taxa média de desemprego calculada em sete regiões pelo Dieese e pela Fundação Seade, de São Paulo, voltou a cair e atingiu 11,4% em setembro, a menor da recente série histórica, iniciada em 2009. Na Grande São Paulo, que concentra 40% do universo pesquisado e onde pesquisa começou a ser feita em 1985, a taxa chegou a 11,5%, a menor da série desde janeiro de 1992 (11,3%) e a menor para o mês desde 1991 (11%).

Em relação a setembro de 2009, as sete áreas pesquisadas (regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo, além do Distrito Federal) criaram 885 mil ocupações (alta de 4,7%), sendo 718 mil com carteira assinada (8,6%), e têm 560 mil desempregados a menos (queda de 18,2%). No total, as estimativas são 19,6 milhões de ocupados e 2,5 milhões de desempregados. A renda também subiu.

"O mercado de trabalho segue uma trajetória típica de queda, com o impacto positivo de uma taxa muita alta de crescimento da economia", comentou o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. Para ele, não seria surpresa se a taxa média de desemprego atingisse um dígito ainda este ano. "É de se esperar uma taxa muito próximo de 10%, ou até inferior", afirmou. Segundo o técnico, o mercado vive uma situação oposta à dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando praticamente não criava empregos formais. Agora, além da ocupação em alta, a maioria das vagas é com registro em carteira. "Antes se afirmava que não teríamos mais uma dinâmica como essa. Nos últimos anos, esse tese vem sendo contestada pela realidade", disse Clemente.

O crescimento da ocupação em 12 meses mantém-se acima de 4% desde julho, atingindo 4,7% no mês passado. Das 885 mil vagas abertas em 12 meses, 453 mil foram no setor de serviços (expansão de 4,5%), 209 mil na indústria (7,6%), 173 mil no comércio (5,7%), 45 mil na construção civil (3,8%) e 5 mil no item "outros", que inclui o emprego doméstico. Apenas de agosto para setembro, a alta foi de 0,8%, com 153 mil empregos a mais, em resultado determinado pelo setor de serviços, que abriu 163 mil vagas, enquanto a indústria fechou 27 mil e a construção, 34 mil.

Também na região metropolitana de São Paulo, o crescimento mensal foi puxado pelos serviços, que abriram 108 mil vagas, enquanto indústria, comércio e "outros" ficaram praticamente estáveis, com ligeiros recuos. "Quem puxou a ocupação em setembro foi o setor de serviços, que é fortemente dependente de renda", observou o economista Sérgio Mendonça, do Dieese. Em 12 meses, São Paulo abriu 443 mil vagas (alta de 4,9% na ocupação), 178 mil nos serviços (3,6%), 161 mil na indústria (10,3%) e 97 mil no comércio (6,9%).

Ainda pela pesquisa, o rendimento médio dos ocupados, estimado em R$ 1.314, cresceu 1,8% em agosto (nesse item, há defasagem de um mês). Na comparação anual, o crescimento chegou a 4,8%, com alta em todas as regiões: 19,5% em Recife, 7,5% em Salvador, 6,1% em Belo Horizonte, 4,2% em Porto Alegre, 4,1% em São Paulo, 2,9% no Distrito Federal e 1% em Fortaleza.

Os técnicos estimam que a taxa média de desemprego deste ano deverá ficar em torno de 12%. Em São Paulo, a previsão é de que fique entre 11,5% e 12%, o que representaria a menor taxa desde 1991 (11,7%). Eles avaliam que o ritmo descendente do desemprego será mantido em 2011.