por Jose Roberto de Toledo
Seção: Eleição para presidente
As tendências costumam partir dos centros em direção à periferia. É assim no vestuário, na tecnologia, no design. O que é moda em Milão hoje, será moda em São Paulo amanhã, e em Xiririca da Serra no dia seguinte. E na hora de votar? Onde fica o centro e quem está na periferia?
Na eleição 2010, quem dita a tendência é o Nordeste. Quando José Serra (PSDB) ainda liderava sozinho as pesquisas sobre a sucessão presidencial, os eleitores nordestinos já preferiam Dilma Rousseff (PT). À época, era comum atribuir esse comportamento ao assistencialismo do governo Lula na região.
O tempo mostrou que essa explicação é reducionista e insuficiente. Reducionista porque desde sempre a preferência por Dilma incluiu os nordestino ricos e pobres, escolarizados ou não, com e sem bolsa federal. E insuficiente porque ela não explica o fato de essa tendência ter extrapolado as fronteiras do Nordeste.
A mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo dá pistas importantes para se entender melhor o porquê de a “onda vermelha” ter se espalhado de lá para o Norte/Centro-Oeste, para o Rio de Janeiro, depois para Minas Gerais, para São Paulo e finalmente chegar ao Sul do Brasil.
Tudo aponta para a ideia da continuidade. Mas por que o eleitor quer mais do mesmo, em vez de variar um pouco? A fila andou e incluiu dezenas de milhões no mundo do consumo. Mas, tão importante quanto, os eleitores avaliam que ela continua andando. Principalmente no Nordeste.
Na era Fernando Henrique, o controle da inflação trouxe estabilidade e evitou a corrosão da renda de praticamente todos os brasileiros. O efeito lhe rendeu duas eleições presidenciais, mas acabou se esgotando. A economia voltou à letargia. Após oito anos, o eleitor preferiu a ruptura à continuidade.
As políticas sociais e de crédito massificados no governo Lula dão a impressão de que o movimento de inclusão é persistente. Coincidência ou não, o ritmo da economia como um todo se acelerou. Ao gosto nordestino, saiu de um arrastado bolero para um rápido xote.
Na semana passada, o CEO de um dos maiores bancos brasileiros exortava, em um seminário para os principais executivos da instituição: “Precisamos olhar para o Nordeste. O crescimento lá é mais rápido. É onde estão as oportunidades”.
Como exemplo, ele contou a história de um dono de supermercado no Piauí que montou 60 lojas, comprou 300 caminhões e fundou sua própria construtora para garantir a expansão da rede. Tudo nos últimos anos. É um novo mercado se formando. Novos atores emergindo.
Esse movimento foi traduzido pelo marqueteiro João Santana no “seguir mudando”, o mote e o xote da campanha de Dilma. É o gerúndio no poder, mas parece ser também o ritmo da eleição. Como diriam em Milão, o Nordeste é “trendsetter”.
Seção: Eleição para presidente
As tendências costumam partir dos centros em direção à periferia. É assim no vestuário, na tecnologia, no design. O que é moda em Milão hoje, será moda em São Paulo amanhã, e em Xiririca da Serra no dia seguinte. E na hora de votar? Onde fica o centro e quem está na periferia?
Na eleição 2010, quem dita a tendência é o Nordeste. Quando José Serra (PSDB) ainda liderava sozinho as pesquisas sobre a sucessão presidencial, os eleitores nordestinos já preferiam Dilma Rousseff (PT). À época, era comum atribuir esse comportamento ao assistencialismo do governo Lula na região.
O tempo mostrou que essa explicação é reducionista e insuficiente. Reducionista porque desde sempre a preferência por Dilma incluiu os nordestino ricos e pobres, escolarizados ou não, com e sem bolsa federal. E insuficiente porque ela não explica o fato de essa tendência ter extrapolado as fronteiras do Nordeste.
A mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo dá pistas importantes para se entender melhor o porquê de a “onda vermelha” ter se espalhado de lá para o Norte/Centro-Oeste, para o Rio de Janeiro, depois para Minas Gerais, para São Paulo e finalmente chegar ao Sul do Brasil.
Tudo aponta para a ideia da continuidade. Mas por que o eleitor quer mais do mesmo, em vez de variar um pouco? A fila andou e incluiu dezenas de milhões no mundo do consumo. Mas, tão importante quanto, os eleitores avaliam que ela continua andando. Principalmente no Nordeste.
Na era Fernando Henrique, o controle da inflação trouxe estabilidade e evitou a corrosão da renda de praticamente todos os brasileiros. O efeito lhe rendeu duas eleições presidenciais, mas acabou se esgotando. A economia voltou à letargia. Após oito anos, o eleitor preferiu a ruptura à continuidade.
As políticas sociais e de crédito massificados no governo Lula dão a impressão de que o movimento de inclusão é persistente. Coincidência ou não, o ritmo da economia como um todo se acelerou. Ao gosto nordestino, saiu de um arrastado bolero para um rápido xote.
Na semana passada, o CEO de um dos maiores bancos brasileiros exortava, em um seminário para os principais executivos da instituição: “Precisamos olhar para o Nordeste. O crescimento lá é mais rápido. É onde estão as oportunidades”.
Como exemplo, ele contou a história de um dono de supermercado no Piauí que montou 60 lojas, comprou 300 caminhões e fundou sua própria construtora para garantir a expansão da rede. Tudo nos últimos anos. É um novo mercado se formando. Novos atores emergindo.
Esse movimento foi traduzido pelo marqueteiro João Santana no “seguir mudando”, o mote e o xote da campanha de Dilma. É o gerúndio no poder, mas parece ser também o ritmo da eleição. Como diriam em Milão, o Nordeste é “trendsetter”.