Sérgio Pardellas
APRESENTAÇÃO
Veteranos líderes do DEM e do
PSDB apresentam Índio a Serra
A novela em torno do vice na chapa de José Serra ao Palácio do Planalto fez com que caciques de PSDB e DEM protagonizassem cenas de trapalhadas raramente vistas na política brasileira. A trama envolveu pressões pouco ortodoxas exercidas por dois irmãos senadores e mostrou de forma cristalina como dois minutos na tevê foram mais importantes do que plataformas políticas na composição da chapa.
A escolha do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) gerou uma crise na parceria de caciques do PSDB com o DEM. Diante da reação, os tucanos não tiveram outra escolha senão aprovar a substituição de Dias pelo até então pouco conhecido deputado Índio da Costa (DEM-RJ). O desastrado episódio, porém, deixou sequelas e expôs a maneira improvisada com que a campanha vem sendo tocada. A solução encontrada, segundo líderes do PSDB ouvidos por ISTOÉ, não tem eficácia eleitoral e demonstrou que a grande força do DEM não está em seus quadros políticos, mas no tempo a que a legenda tem direito no horário eleitoral gratuito. “Foi um desgaste desnecessário. O PSDB entrou numa briga de irmãos e colocou em risco um projeto nacional”, disse o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).
RADICALIZAÇÃO
Bornhausen (à esq.), junto a um assessor,
ameaça tirar de Serra dois minutos de tevê
Os democratas nunca admitiram abrir mão da vice (a não ser que o escolhido fosse Aécio Neves), sob o temor de o partido sumir do mapa. Em conversa com parlamentares da legenda, o deputado Rodrigo Maia (RJ) cogitou até deixar a presidência do partido, caso o DEM fosse excluído da chapa. “Não aceitarei essa desmoralização”, esbravejou, na segunda-feira 28. Já que os caciques tucanos e os líderes do DEM não conseguiam um acordo, foi necessária a entrada em campo, no início da semana, dos veteranos Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Jorge Bornhausen (SC), Marco Maciel (PE), Heráclito Fortes (PI) e do próprio Serra para debelar o incêndio. Mesmo assim, o entendimento só aconteceu depois da determinante decisão, na noite da terça-feira 29, de Osmar Dias (irmão de Álvaro Dias) de se lançar candidato ao governo do Paraná, abrindo um palanque para Dilma. “Nós estávamos preparando o nosso velório, combinando os detalhes do enterro, quando veio a bomba. Osmar Dias candidato”, disse Heráclito, anfitrião de um jantar naquela noite, cujo cardápio não poderia ser mais apropriado: traíra, um peixe de água doce.
Na madrugada de terça-feira para quarta-feira, Rodrigo Maia e Serra ficaram reunidos em São Paulo até as 5h. Aécio foi tirado da cama à 1h da manhã da terça-feira e embarcou num jatinho para São Paulo para ajudar na fase final das negociações. O martelo foi batido no final da manhã da quarta-feira 30. “Precisamos da juventude na campanha, da juventude, entendeu?”, disse Serra, no primeiro telefonema para Índio da Costa, parlamentar de 39 anos umbilicalmente ligado ao ex-prefeito do Rio, Cesar Maia. Ele foi o grande fiador da indicação de Índio, conhecido no Rio de Janeiro como integrante da turma de “Cesarboys”, grupo de jovens que comandavam subprefeituras, da qual também fez parte o atual prefeito, Eduardo Paes.
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