O PT pensa o Brasil grande.
O PSDB pensa o Brasil pequeno.
Os europeus e asiáticos são burros e irresponsáveis
É a conclusão que se pode inferir da saraivada de críticas ao projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV), também conhecido como "trem-bala", ligando o Rio a São Paulo e Campinas.
Esse tipo de solução (TAV) está em expansão nesses dois continentes, tanto nos países desenvolvidos como nos emergentes, similares ao Brasil.
Boa parte da imprensa e o candidato José Serra são contra esse projeto. Chegou a dizer, ontem (16/7), que o governo federal deveria utilizar esse dinheiro para os sistemas de metrô e esquecer do TAV.
Aliás, o candidato acredita tanto nisso que, durante o governo Fernando Henrique, ajudou a desativar as viagens regionais de passageiros por trem, como o remanescente do desmonte do modal ferroviário, o Trem da Prata (Rio-São Paulo), cuja última viagem foi em novembro de 1998.
O argumento para esse desmonte, desde o início da ditadura militar (1964), é que trem exige muito dinheiro público e não dá o mesmo retorno econômico do rodoviário.
Na Europa e na Ásia, investe-se em trens de todo tipo e, especialmente, de alta velocidade por vários motivos estratégicos, não considerados por essa parte da imprensa e pela oposição ao governo Lula. Vamos enumerar alguns deles:
1. Domínio da tecnologia de trens de alta velocidade
Parece pouca coisa, mas é talvez o mais importante benefício indireto para o país. De difícil quantificação, não entra nas contas da avaliação estratégica que deve ser feita ao se optar por esse projeto.
Penso que é indiscutível o fato de que os trens de alta velocidade vieram para ficar e se expandir. Quanto mais escala se tiver e com a inevitável evolução tecnológica, é questão de mais cinco a dez anos e eles serão uma realidade na América do Sul e África.
Assim como o Brasil implantou o projeto Embraer, e com isso concorre com a Boeing e demais fabricantes de aviões em todo o mundo, o governo Lula está escolhendo o projeto TAV Rio-São Paulo-Campinas para dominar a respectiva tecnologia e promover o desenvolvimento industrial e tecnológico necessários para ser o principal protagonista na competição mundial pelos investimentos, projetos, obras e serviços dos TAV.
2. Redução da poluição por emissão de gases poluentes e sonora
Os trens de alta velocidade substituem viagens que normalmente seriam feitas por avião e por veículos movidos à combustíveis de origem fóssil.
Diante do quadro que temos hoje de emissão de poluentes, qualquer redução de 10 a 20% dessas emissões, pela substituição de viagens desse tipo já vale a pena. Esse custo para a sociedade e para o planeta é de difícil mensuração, facilitando a argumentação contra o uso de trens para transporte regional de passageiros.
3. Aumento da segurança para os passageiros
Os trens de média e de alta velocidade são muito mais seguros do que aviões, automóveis e ônibus, nos deslocamentos regionais. Os trens de média velocidade ainda apresentam ocorrência de acidentes. Os de alta velocidade não.
Isso qualquer que sejam as condições meteorológicas existentes!
4. Redução significativa do tempo de viagem para os passageiros
Nos países onde existem trens de alta velocidade, são garantidos os horários de início, de passagem e de fim da viagem. Ao contrário dos aviões, por exemplo, o tempo gasto no embarque e no desembarque é muito pequeno. Além disso, como essas estações estão dentro da cidade e ligadas ao sistema de transporte urbano (metrô especialmente), os tempos e movimentos são muito menores, maximizando o tempo total de deslocamento.
5. Aumento significativo do conforto para os passageiros
Quem já viajou num trem de alta velocidade sabe muito bem a diferença da água para o vinho, em relação ao conforto deste em relação aos aviões, ônibus e automóveis. Os efeitos das forças centrífugas do rodoviário, e das trepidações das turbulências nos aviões ,inexistem nos TAV.
Nestes, as acomodações são confortáveis, o deslocamento é suave e sem ruído, permitindo apreciar a paisagem do entorno da linha ferroviária.
Além disso, que já não é pouco, tem serviço de restaurante e outros complementos na primeira classe, impossíveis de serem fornecidas pelos automóveis, ônibus e aviões.
Finalmente, uma vantagem considerada fundamental para muitos usuários do aeroviário: a possibilidade de uso do telefone celular, durante toda a viagem.
Como tentei demonstrar, o projeto TAV Rio-São Paulo-Campinas é muito mais do que uma simples ligação ferroviária entre os dois principais centros econômicos do país. É, antes de tudo, um dos maiores projetos estruturastes para a geração de empregos, tanto na indústria, como em projetos e pesquisas.
Daqui a dez anos, quando olharmos para 2010, com o distanciamento histórico necessário, ficará claro que essa escolha foi acertada e que valeu cada um dos R$ bilhões investidos pelo governo federal no projeto TAV. Em 2020, será considerada ridícula a crítica hoje feita por parte da imprensa e pela oposição ao governo Lula ao fato de que a iniciativa privada entrará com apenas uma pequena parcela nesse empreendimento, principalmente, quando se considerar que na Europa e na Ásia os governos entram com 100% dos custos.
José Augusto Valente é especialista em Transporte e Logística ediretor técnico do T1. .
Portal T1 - Logística e Transportes
http://agenciat1.com.br/
O PSDB pensa o Brasil pequeno.
Os europeus e asiáticos são burros e irresponsáveis
É a conclusão que se pode inferir da saraivada de críticas ao projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV), também conhecido como "trem-bala", ligando o Rio a São Paulo e Campinas.
Esse tipo de solução (TAV) está em expansão nesses dois continentes, tanto nos países desenvolvidos como nos emergentes, similares ao Brasil.
Boa parte da imprensa e o candidato José Serra são contra esse projeto. Chegou a dizer, ontem (16/7), que o governo federal deveria utilizar esse dinheiro para os sistemas de metrô e esquecer do TAV.
Aliás, o candidato acredita tanto nisso que, durante o governo Fernando Henrique, ajudou a desativar as viagens regionais de passageiros por trem, como o remanescente do desmonte do modal ferroviário, o Trem da Prata (Rio-São Paulo), cuja última viagem foi em novembro de 1998.
O argumento para esse desmonte, desde o início da ditadura militar (1964), é que trem exige muito dinheiro público e não dá o mesmo retorno econômico do rodoviário.
Na Europa e na Ásia, investe-se em trens de todo tipo e, especialmente, de alta velocidade por vários motivos estratégicos, não considerados por essa parte da imprensa e pela oposição ao governo Lula. Vamos enumerar alguns deles:
1. Domínio da tecnologia de trens de alta velocidade
Parece pouca coisa, mas é talvez o mais importante benefício indireto para o país. De difícil quantificação, não entra nas contas da avaliação estratégica que deve ser feita ao se optar por esse projeto.
Penso que é indiscutível o fato de que os trens de alta velocidade vieram para ficar e se expandir. Quanto mais escala se tiver e com a inevitável evolução tecnológica, é questão de mais cinco a dez anos e eles serão uma realidade na América do Sul e África.
Assim como o Brasil implantou o projeto Embraer, e com isso concorre com a Boeing e demais fabricantes de aviões em todo o mundo, o governo Lula está escolhendo o projeto TAV Rio-São Paulo-Campinas para dominar a respectiva tecnologia e promover o desenvolvimento industrial e tecnológico necessários para ser o principal protagonista na competição mundial pelos investimentos, projetos, obras e serviços dos TAV.
2. Redução da poluição por emissão de gases poluentes e sonora
Os trens de alta velocidade substituem viagens que normalmente seriam feitas por avião e por veículos movidos à combustíveis de origem fóssil.
Diante do quadro que temos hoje de emissão de poluentes, qualquer redução de 10 a 20% dessas emissões, pela substituição de viagens desse tipo já vale a pena. Esse custo para a sociedade e para o planeta é de difícil mensuração, facilitando a argumentação contra o uso de trens para transporte regional de passageiros.
3. Aumento da segurança para os passageiros
Os trens de média e de alta velocidade são muito mais seguros do que aviões, automóveis e ônibus, nos deslocamentos regionais. Os trens de média velocidade ainda apresentam ocorrência de acidentes. Os de alta velocidade não.
Isso qualquer que sejam as condições meteorológicas existentes!
4. Redução significativa do tempo de viagem para os passageiros
Nos países onde existem trens de alta velocidade, são garantidos os horários de início, de passagem e de fim da viagem. Ao contrário dos aviões, por exemplo, o tempo gasto no embarque e no desembarque é muito pequeno. Além disso, como essas estações estão dentro da cidade e ligadas ao sistema de transporte urbano (metrô especialmente), os tempos e movimentos são muito menores, maximizando o tempo total de deslocamento.
5. Aumento significativo do conforto para os passageiros
Quem já viajou num trem de alta velocidade sabe muito bem a diferença da água para o vinho, em relação ao conforto deste em relação aos aviões, ônibus e automóveis. Os efeitos das forças centrífugas do rodoviário, e das trepidações das turbulências nos aviões ,inexistem nos TAV.
Nestes, as acomodações são confortáveis, o deslocamento é suave e sem ruído, permitindo apreciar a paisagem do entorno da linha ferroviária.
Além disso, que já não é pouco, tem serviço de restaurante e outros complementos na primeira classe, impossíveis de serem fornecidas pelos automóveis, ônibus e aviões.
Finalmente, uma vantagem considerada fundamental para muitos usuários do aeroviário: a possibilidade de uso do telefone celular, durante toda a viagem.
Como tentei demonstrar, o projeto TAV Rio-São Paulo-Campinas é muito mais do que uma simples ligação ferroviária entre os dois principais centros econômicos do país. É, antes de tudo, um dos maiores projetos estruturastes para a geração de empregos, tanto na indústria, como em projetos e pesquisas.
Daqui a dez anos, quando olharmos para 2010, com o distanciamento histórico necessário, ficará claro que essa escolha foi acertada e que valeu cada um dos R$ bilhões investidos pelo governo federal no projeto TAV. Em 2020, será considerada ridícula a crítica hoje feita por parte da imprensa e pela oposição ao governo Lula ao fato de que a iniciativa privada entrará com apenas uma pequena parcela nesse empreendimento, principalmente, quando se considerar que na Europa e na Ásia os governos entram com 100% dos custos.
José Augusto Valente é especialista em Transporte e Logística ediretor técnico do T1. .
Portal T1 - Logística e Transportes
http://agenciat1.com.br/