FERNANDO DE BARROS E SILVA
SÃO PAULO - José Serra fez um discurso marcante de confrontação política no sábado. Foi o ponto alto da convenção do PSDB. Mas sua eficácia é no mínimo duvidosa: ao atacar Lula, ele mordeu a isca. Mordeu porque está acuado e talvez não tenha muito para onde correr.
A candidatura Serra vive hoje um momento delicado, que o empate com Dilma Rousseff nas pesquisas não traduz. O fantasma da desagregação política ronda o tucanato.
Serra ainda não tem vice. E tudo indica que passou a hora em que a escolha de um nome ainda viesse somar algo à candidatura. O PP, que lhe daria tempo de TV, inclinou-se para o lado de Dilma. Na melhor hipótese, ficará solteiro.
Enquanto isso, o DEM, aliado dos tucanos desde o início, faz ameaças e pergunta, como na canção dos Paralamas: "Por que você não olha pra mim, oh, oh, me diz o que é que eu tenho de mau?". Eles têm razão de chiar. Mas no fundo sabem que este é um casamento que funcionava na era FHC. Hoje, com Serra, parece mais um funeral.
Nesse ambiente, em que quase todos reclamam do candidato e quase ninguém assume responsabilidades com a candidatura, Aécio Neves -o vice que foi sem nunca ter sido- achou seu espaço. Usou a convenção para fazer um show de engajamento ligeiro na campanha.
Alguém disse que sua presença atrapalha e suas palavras não ajudam. Feliz, bronzeado, cheio de vitalidade, Aécio é hoje a própria encarnação de um futuro que vai além do PSDB. E além, certamente, do que é capaz de inspirar a figura soturna do candidato tucano-coruja.
Ao subir no palco como um popstar e conclamar Serra, num discurso tão inflamado quanto vazio, a liderar um processo de "redenção nacional", Aécio reforça a sensação de que não está nem aí. Redenção nacional? Contra 80% de aprovação de Lula? Sua fala teria nexo se estivéssemos no final do governo Sarney, com o país derretendo. A continuar assim, não é difícil adivinhar quem derreterá até outubro.
SÃO PAULO - José Serra fez um discurso marcante de confrontação política no sábado. Foi o ponto alto da convenção do PSDB. Mas sua eficácia é no mínimo duvidosa: ao atacar Lula, ele mordeu a isca. Mordeu porque está acuado e talvez não tenha muito para onde correr.
A candidatura Serra vive hoje um momento delicado, que o empate com Dilma Rousseff nas pesquisas não traduz. O fantasma da desagregação política ronda o tucanato.
Serra ainda não tem vice. E tudo indica que passou a hora em que a escolha de um nome ainda viesse somar algo à candidatura. O PP, que lhe daria tempo de TV, inclinou-se para o lado de Dilma. Na melhor hipótese, ficará solteiro.
Enquanto isso, o DEM, aliado dos tucanos desde o início, faz ameaças e pergunta, como na canção dos Paralamas: "Por que você não olha pra mim, oh, oh, me diz o que é que eu tenho de mau?". Eles têm razão de chiar. Mas no fundo sabem que este é um casamento que funcionava na era FHC. Hoje, com Serra, parece mais um funeral.
Nesse ambiente, em que quase todos reclamam do candidato e quase ninguém assume responsabilidades com a candidatura, Aécio Neves -o vice que foi sem nunca ter sido- achou seu espaço. Usou a convenção para fazer um show de engajamento ligeiro na campanha.
Alguém disse que sua presença atrapalha e suas palavras não ajudam. Feliz, bronzeado, cheio de vitalidade, Aécio é hoje a própria encarnação de um futuro que vai além do PSDB. E além, certamente, do que é capaz de inspirar a figura soturna do candidato tucano-coruja.
Ao subir no palco como um popstar e conclamar Serra, num discurso tão inflamado quanto vazio, a liderar um processo de "redenção nacional", Aécio reforça a sensação de que não está nem aí. Redenção nacional? Contra 80% de aprovação de Lula? Sua fala teria nexo se estivéssemos no final do governo Sarney, com o país derretendo. A continuar assim, não é difícil adivinhar quem derreterá até outubro.