09 maio 2010

Maluf trabalha pela adesão do PP ao tucano Serra

Deputado já intermediou encontro de Angela Amin com dirigente do PSDB e tenta convencer Dornelles a ser vice de Serra
No PSDB, porém, há quem tema desgaste do partido com a aproximação com o ex-governador Maluf, já que Serra prega ética na política

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Amargando índices de rejeição que beiraram 60% nas eleições municipais de 2008, o ex-governador e deputado federal Paulo Maluf é um entusiasta do apoio do PP à candidatura de José Serra (PSDB). Amigo do senador Francisco Dornelles (RJ), Maluf é um dos principais articuladores do acordo dentro da bancada do PP na Câmara.
Foi Maluf quem intermediou uma reunião entre a deputada Angela Amin (PP-SC) e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), na quarta-feira. A abordagem foi feita na véspera, no plenário da Câmara. Maluf perguntou se Angela teria restrições a falar com Guerra.
Pré-candidata do PP ao governo de Santa Catarina, Angela disse que não via problemas no encontro, lembrando que ela e Guerra foram deputados na mesma legislatura. No dia seguinte, Maluf também estava na reunião. Para facilitar uma aliança, o PSDB negocia acordos com o PP em vários Estados. Santa Catarina é um deles.
"Estávamos reunidos e o Maluf chegou. Participou de parte da conversa. Fui embora e ele permaneceu, provavelmente para falar de São Paulo. Ele está bastante empolgado com a aliança", conta Angela Amin.
Guerra confirma: "Foi Maluf que levou Angela Amin a meu gabinete". Mas nega que a aliança em São Paulo esteja na pauta de negociações: "Ele trabalha pela aliança dentro da bancada. Mas não discutimos a situação em São Paulo".
Embora o PP discuta o nome de Celso Russomano ao governo do Estado, deputados do partido não negam o interesse por uma aliança com o PSDB de São Paulo já no primeiro turno.
Com a movimentação, Maluf quer recuperar sua atuação no partido. Segundo colegas de bancada, seu entusiasmo é tanto que foi até aconselhado a se conter: uma defesa muito apaixonada pode inviabilizar a estratégia do PP. Neste mês o PP deverá liberar seus diretórios.
Mas a ideia do partido é só definir seu destino em junho, quando estiver encerrado o prazo para celebração de convênios com o governo federal.
Até lá, o quadro estará mais nítido. Além de temer retaliação do governo, o PP espera ainda a decisão do ex-governador Aécio Neves. Dornelles poderá ser vice de Serra, caso Aécio opte pela disputa ao Senado.
Embora Aécio ainda seja apontado como primeira opção, no PSDB cresce o número de adeptos de Dornelles. Em Santa Maria (RS), Serra sussurrou um "eu quero", quando o presidente municipal do PP sugeriu Dornelles para sua vice.
Dornelles não só levaria o tempo do PP para Serra, mas o tiraria de sua adversária Dilma Rousseff. "Nesse caso, o tempo do PP conta em dobro", diz o deputado Ciro Nogueira.
Procurado pela Folha, Maluf informou, por intermédio de sua assessoria, que não iria se manifestar. No PSDB, há quem tema desgaste na candidatura à Presidência, já que Serra investe no discurso da ética. O deputado paulista aparece como "procurado" no site da Interpol por ter sido condenado pela Justiça norte-americana. Em 2005, Maluf chegou a ficar preso por 40 dias em São Paulo.
Maluf, Arruda, Roriz, FHC, DEM, Quércia, todos unidos com Serra