13 maio 2010

Em viagem, Lula busca ampliar exportações para Rússia

Brasil vai discutir meios de aumentar para US$ 8 bilhões o comércio entre os dois países, que em 2009 ficou em apenas US$ 4 bilhões
Tânia Monteiro, enviada especial da Agência Estado
MOSCOU - O governo brasileiro quer não só ampliar o valor do comércio com a Rússia, depois de uma queda de 40% por conta da crise mundial, como também diversificar as exportações, que hoje são concentradas em produtos alimentícios. "Queremos mostrar que temos outras coisas para oferecer, novos produtos. Não podemos ficar só na exportação de carne e importação de petróleo", disse hoje Norton Rapesta, diretor do departamento de promoção comercial do Itamaraty.

Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Moscou, onde cumpre agenda de menos de 24 horas. O Brasil vai discutir meios de aumentar para US$ 8 bilhões o comércio entre os dois países, que em 2009 ficou em apenas US$ 4 bilhões.

Segundo Norton, o Brasil quer, por exemplo, exportar tecnologia agrária e bioenergia e importar material de defesa, de transportes, aeroespacial e até nuclear. "Precisamos mudar este patamar de investimentos que é considerado muito baixo. A Rússia é o 65º investidor no Brasil, com US$ 1 bilhão, e o Brasil investiu na Rússia entre 2007 e 2008 apenas US$ 2 milhões", destacou Rapesta.

Ele informou que uma nova missão comercial brasileira já está marcada para voltar à Rússia em setembro, para tentar ampliar o comércio e diversificá-lo. No encontro de amanhã, 160 empresários russos confirmaram presença e quase 100 brasileiros deverão participar. O turismo é uma área em que o Brasil quer abrir mais para os russos, o que se acredita que será possível com o fim da exigência do visto.

O encontro será encerrado com um almoço oferecido pelo governo brasileiro para os empresários russos. No cardápio, diversos tipos de carne, como frango ao molho com caipirinha, estrogonofe, picanha, filé mignon, contrafilé e filé de porco na chapa.
Irã
Questionado se o Brasil está preocupado com a possibilidade de as exportações para o Irã serem prejudicadas, caso haja embargo comercial contra o país, o diretor do departamento de promoção comercial do Itamaraty, Norton Rapesta, disse que não raciocina com esta hipótese, embora reconheça que isso possa acontecer.

"Se elas acontecerem, depende da dimensão da medida", disse Norton, ao lembrar que o Brasil sempre respeita as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU). A ONU, por sua vez, nunca impôs sanções à importação de alimentos. Também no Irã haverá um seminário empresarial para ampliar o comércio entre os dois países.

No Qatar, segunda escala de Lula em sua viagem de uma semana, será anunciada a abertura de uma linha aérea direta entre São Paulo e Doha, pela Qatar Airways. Depois do Qatar e do Irã, Lula ainda segue para Espanha e Portugal, retornando ao Brasil no dia 20.