Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Desfiliação e renúncia de Octávio no DF melhoram a imagem do Democratas?
Deixe sua opinião aqui
Um partido que mudou de nome para se reanimar, elegeu apenas um governador em 2006, minguou no Congresso e nas prefeituras, viu a estrelada cúpula da gestão no Distrito Federal cair por denúncias de corrupção e sofre ainda com críticas à administração da maior cidade do país. Apesar de tudo isso, o pior pode estar por vir para o Democratas, disseram analistas ao UOL Notícias.
Para eles, a perda do governo do Distrito Federal no primeiro momento alivia a pressão interna e na opinião pública, iniciada com a série de vídeos que implicam, além de empresários e deputados distritais, o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) e o vice Paulo Octávio, que renunciou ao mandato nesta terça-feira (23).
O partido que já teve o senador Marco Maciel (PE) como vice-presidente da República hoje sofre para emplacar um companheiro de chapa na provável composição com o presidenciável tucano e governador de São Paulo, José Serra. Em 2008, perdeu quase 40% dos seus prefeitos, ficando com cerca de 500. Levou a gestão paulistana por ser aliado de tucanos que rifaram a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin.
A sigla que na reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso somava 105 deputados, derreteu para 84 na votação de 2002. Quando Lula foi reeleito, em 2006, encolheu para 65 parlamentares na Casa. Ao longo do segundo mandato do petista no Palácio do Planalto, diminuiu de tamanho para 56 – muitos deles migraram para siglas satélites do governismo como PR, PTB, PP e PMDB.
“Será um resultado excelente se eles conseguirem eleger 40 deputados neste ano”, disse Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos. “A bancada do PFL em 2006 dependia de resultados bons na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Já não foram muito bem. Desta vez, com esse escândalo no Distrito Federal – perdeu todo o comando no único lugar onde venceu – repetir o resultado já será difícil.”
Nas pesquisas eleitorais divulgadas até agora, o DEM só aparece na liderança no Rio Grande do Norte, com a senadora Rosalba Ciarini. Oferece candidaturas já competitivas no Pará (Valéria Pires), Mato Grosso (Jayme Campos), Tocantins (Kátia Abreu), Santa Catarina (Raimundo Colombo). “Mas os adversários vão cair de pau neles com a história de Brasília, dizer que o partido não sabe governar e isso trará efeitos negativos que manterão a queda”, disse David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).
Kassab não vê perseguição ao DEM
O prefeito falou a respeito da cassação do seu mandato em primeira instância, suspensa após a sua defesa apresentar recurso
Nos quatro maiores colégios eleitorais do país, o DEM só deve ter candidato na Bahia. Mas ali o governador Jaques Wagner (PT) é favorito para vencer já no primeiro turno. O ex-governador Paulo Souto (DEM) está em segundo lugar, em busca do vazio deixado pela morte de um dos principais representantes do auge do antigo PFL, Antonio Carlos Magalhães (1927-2007).
No Rio de Janeiro, o partido pode ganhar impulso se o ex-prefeito Cesar Maia tentar o Senado. Em Minas Gerais a tendência é de adesão a Antonio Anastasia (PSDB), hoje vice de Aécio Neves. Em São Paulo, a aprovação em queda do prefeito Gilberto Kassab pode prejudicar decisivamente o voto em deputados do partido. “O cenário é de declínio. Se não mudou até agora, não vai ser no auge da eleição”, disse Claudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Otimismo democrata
O ex-prefeito do Rio vê chances de o DEM avançar sua fatia no eleitorado em quatro Estados onde teria chance de conquistar o governo estadual: Rio Grande do Norte, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso. E avalia que a perda da cúpula do governo do Distrito Federal não terá impacto nas eleições gerais.
“Em países continentais como Brasil e Estados Unidos, os ‘escândalos’ regionais ficam sempre restritos a esse âmbito. Vide a cidade de São Paulo, com vereadores presos durante a gestão de Celso Pitta, ou o Rio Grande do Sul com os escândalos do PT e a contravenção e o (mais recente) do Detran”, afirmou Maia.
Para Cientista político, é difícil separar quem não faz parte do esquema do mensalão
As referências dizem respeito ao escândalo da máfia dos fiscais durante a gestão de Pitta em São Paulo (na eleição seguinte a petista Marta Suplicy venceu), às denúncias de omissão do governo de Olívio Dutra no combate ao jogo do bicho (o peemedebista Germano Rigotto tirou o PT do governo pouco depois) e de desvios de recursos do Detran na gestão de Yeda Crusius (a tucana conta com minguado apoio para tentar se reeleger neste ano).
Também com base nesses dados estaduais, o líder do partido na Câmara, Paulo Bornhausen, prevê aumento de 65 para 75 deputados eleitos da sigla neste ano. “Durante a campanha as coisas se equilibram. Antes o governo avança, porque tem toda a máquina a seu favor. Na campanha a oposição equilibra”, disse ele, que vê preconceito da imprensa com o partido por “colocar a situação no Distrito Federal como se ela representasse todos que estão lá”.
“Isso é o que o PT, de forma stalinista, deseja: dizer que somos todos iguais. Mas não somos, porque a saída deles dois (Arruda e Octávio) demonstra que não somos tolerantes com a corrupção como eles foram”, afirma.
Couto, da FGV, não vê razão para tanto otimismo do deputado. “O DEM é um partido em declínio e isso é ruim para o cenário político brasileiro. Falta uma direita orgânica, porque a que temos é a patrimonialista, que é predadora do Estado e vai do PMDB para a direita. O DEM poderia ocupar esse espaço. Mas não ocupa”, afirmou.
“A tentativa de modernização de anos atrás poderia ter revigorado o partido, mas Arruda acabou e Kassab está patinando. Sobra quem? Só os filhos e netos daqueles que mandavam no partido pouco tempo atrás. Também por isso não haverá uma candidatura de direita nestas eleições. O encolhimento do DEM torna a disputa no Brasil polarizada entre a esquerda moderada do PT e o PSDB, de centro e liberal.”
Deixe sua opinião aqui
Um partido que mudou de nome para se reanimar, elegeu apenas um governador em 2006, minguou no Congresso e nas prefeituras, viu a estrelada cúpula da gestão no Distrito Federal cair por denúncias de corrupção e sofre ainda com críticas à administração da maior cidade do país. Apesar de tudo isso, o pior pode estar por vir para o Democratas, disseram analistas ao UOL Notícias.
Para eles, a perda do governo do Distrito Federal no primeiro momento alivia a pressão interna e na opinião pública, iniciada com a série de vídeos que implicam, além de empresários e deputados distritais, o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) e o vice Paulo Octávio, que renunciou ao mandato nesta terça-feira (23).
O partido que já teve o senador Marco Maciel (PE) como vice-presidente da República hoje sofre para emplacar um companheiro de chapa na provável composição com o presidenciável tucano e governador de São Paulo, José Serra. Em 2008, perdeu quase 40% dos seus prefeitos, ficando com cerca de 500. Levou a gestão paulistana por ser aliado de tucanos que rifaram a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin.
A sigla que na reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso somava 105 deputados, derreteu para 84 na votação de 2002. Quando Lula foi reeleito, em 2006, encolheu para 65 parlamentares na Casa. Ao longo do segundo mandato do petista no Palácio do Planalto, diminuiu de tamanho para 56 – muitos deles migraram para siglas satélites do governismo como PR, PTB, PP e PMDB.
“Será um resultado excelente se eles conseguirem eleger 40 deputados neste ano”, disse Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos. “A bancada do PFL em 2006 dependia de resultados bons na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Já não foram muito bem. Desta vez, com esse escândalo no Distrito Federal – perdeu todo o comando no único lugar onde venceu – repetir o resultado já será difícil.”
Nas pesquisas eleitorais divulgadas até agora, o DEM só aparece na liderança no Rio Grande do Norte, com a senadora Rosalba Ciarini. Oferece candidaturas já competitivas no Pará (Valéria Pires), Mato Grosso (Jayme Campos), Tocantins (Kátia Abreu), Santa Catarina (Raimundo Colombo). “Mas os adversários vão cair de pau neles com a história de Brasília, dizer que o partido não sabe governar e isso trará efeitos negativos que manterão a queda”, disse David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).
Kassab não vê perseguição ao DEM
O prefeito falou a respeito da cassação do seu mandato em primeira instância, suspensa após a sua defesa apresentar recurso
Nos quatro maiores colégios eleitorais do país, o DEM só deve ter candidato na Bahia. Mas ali o governador Jaques Wagner (PT) é favorito para vencer já no primeiro turno. O ex-governador Paulo Souto (DEM) está em segundo lugar, em busca do vazio deixado pela morte de um dos principais representantes do auge do antigo PFL, Antonio Carlos Magalhães (1927-2007).
No Rio de Janeiro, o partido pode ganhar impulso se o ex-prefeito Cesar Maia tentar o Senado. Em Minas Gerais a tendência é de adesão a Antonio Anastasia (PSDB), hoje vice de Aécio Neves. Em São Paulo, a aprovação em queda do prefeito Gilberto Kassab pode prejudicar decisivamente o voto em deputados do partido. “O cenário é de declínio. Se não mudou até agora, não vai ser no auge da eleição”, disse Claudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Otimismo democrata
O ex-prefeito do Rio vê chances de o DEM avançar sua fatia no eleitorado em quatro Estados onde teria chance de conquistar o governo estadual: Rio Grande do Norte, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso. E avalia que a perda da cúpula do governo do Distrito Federal não terá impacto nas eleições gerais.
“Em países continentais como Brasil e Estados Unidos, os ‘escândalos’ regionais ficam sempre restritos a esse âmbito. Vide a cidade de São Paulo, com vereadores presos durante a gestão de Celso Pitta, ou o Rio Grande do Sul com os escândalos do PT e a contravenção e o (mais recente) do Detran”, afirmou Maia.
Para Cientista político, é difícil separar quem não faz parte do esquema do mensalão
As referências dizem respeito ao escândalo da máfia dos fiscais durante a gestão de Pitta em São Paulo (na eleição seguinte a petista Marta Suplicy venceu), às denúncias de omissão do governo de Olívio Dutra no combate ao jogo do bicho (o peemedebista Germano Rigotto tirou o PT do governo pouco depois) e de desvios de recursos do Detran na gestão de Yeda Crusius (a tucana conta com minguado apoio para tentar se reeleger neste ano).
Também com base nesses dados estaduais, o líder do partido na Câmara, Paulo Bornhausen, prevê aumento de 65 para 75 deputados eleitos da sigla neste ano. “Durante a campanha as coisas se equilibram. Antes o governo avança, porque tem toda a máquina a seu favor. Na campanha a oposição equilibra”, disse ele, que vê preconceito da imprensa com o partido por “colocar a situação no Distrito Federal como se ela representasse todos que estão lá”.
“Isso é o que o PT, de forma stalinista, deseja: dizer que somos todos iguais. Mas não somos, porque a saída deles dois (Arruda e Octávio) demonstra que não somos tolerantes com a corrupção como eles foram”, afirma.
Couto, da FGV, não vê razão para tanto otimismo do deputado. “O DEM é um partido em declínio e isso é ruim para o cenário político brasileiro. Falta uma direita orgânica, porque a que temos é a patrimonialista, que é predadora do Estado e vai do PMDB para a direita. O DEM poderia ocupar esse espaço. Mas não ocupa”, afirmou.
“A tentativa de modernização de anos atrás poderia ter revigorado o partido, mas Arruda acabou e Kassab está patinando. Sobra quem? Só os filhos e netos daqueles que mandavam no partido pouco tempo atrás. Também por isso não haverá uma candidatura de direita nestas eleições. O encolhimento do DEM torna a disputa no Brasil polarizada entre a esquerda moderada do PT e o PSDB, de centro e liberal.”